18.4.21

Resenha: O Duque Que Eu Conquistei - Scarlett Peckham


A HISTÓRIA

Archer, o duque de Westmead, não pediu pelo título, mas depois de perder tudo com o que mais se importava, aprendeu a viver a altura dele. Por mais que choque a sociedade trabalhando ativamente como um investidor, ele é respeitado e visto como um homem frio e ordenado.

Contudo, o que poucos sabem, e que Archer quer manter assim, é que ele tem certo gosto por coisas que a alta sociedade jamais imaginaria ou aprovaria. Na casa sem nome em Charlotte Street, Archer encontra tudo o que precisa para se manter no controle o resto do tempo e manter sua fachada de duque perfeito.

E para continuar com sua farsa, Archer precisa de uma esposa e um herdeiro. Alguém que não se interesse por sua vida privada, alguém que não parta o coração dele mais uma vez. Contudo, sua irmã Constance tem outros planos. Quando organiza um baile escandalosamente elegante e único na mansão recém-reformada da família, a jovem quer mais do que encontrar uma esposa para o irmão enquanto se torna a anfitriã mais lendária do país. Constance, não tão secretamente assim, quer fazer Archer se apaixonar.

A irmã escolheu as moças mais distintas de Londres, mas é outra mulher que chama atenção do duque. Poppy Cavendish não precisa de um homem, mas, órfã e sem qualquer fortuna, ela se ressente de como sua vida sempre acaba dependendo de uma vida masculina. Mas, agora que seu tio morreu e Poppy herdou uma modesta casa, ela finalmente vai realizar seu plano de ser independente e viver de seu sonho: a horticultura de plantas exóticas.

E pelo seu sonho que Poppy aceita trabalhar para o arrogante e frio duque. Ela tem a difícil missão de decorar o baile que Constance está organizando com suas flores e plantas, o que a coloca perigosamente perto do duque mais vezes do que ela gostaria. A atração entre os dois é inegável, mas será que Poppy arriscaria tudo por alguns momentos de prazer? E Archer conseguiria se contentar com apenas alguns encontros com a mulher mais fascinante que já conhecer?

A SÉRIE

O Duque Que Eu Conquistei é o primeiro livro da trilogia Os Segredos De Charlotte Street de Scarlett Peckham. A saga promete romances de época quentes e inusitados, já que parte do que une os volumes independentes é uma casa de Charlotte Street, onde se pratica BDSM (conjunto de práticas consensuais envolvendo bondage e disciplina, dominação e submissão, sadomasoquismo e outros padrões de comportamento sexual humano relacionados, de acordo com o bom e velho Wikipedia).

Nesse volume 1, o duque de Westmead quer encontrar uma esposa que não se meta em seus assuntos privados, que inclui sessões bem sensuais em Charlotte Street. Ele acaba esbarrando com Poppy Cavendish, uma botânica com nenhuma vontade de se casar, mas uma ambição que o atrai loucamente.

No volume 2, O Conde Que Eu Arruinei, é a vez da irmã do duque, Constance, viver aventuras inesperadas. Após seus esforços casamenteiros acabar com a reputação de de Julian Haywood, o conde de Apthorp, ela acredita que há só uma força de recompensá-lo: oferecendo a própria mão em casamento. Contudo, o Constance não sabe é que Apthorp não é tão insosso quanto parece e gosta de certas coisas que ela nem imagina existir.

Por fim, o volume 3 se chama O Lorde Que Eu Abandonei e é protagonizado por Alice Hull. Ela é uma moça do campo que deixou para trás suas raízes e hoje é aprendiz da dona da casa em Charlotte Street. Mas aprender a colocar homens de joelhos não a tornou imune ao charme do tenente e Lord Henry Evesham. Em uma carona por uma nevasca, as faíscas explodem entre os dois. Contudo, como poderia haver um final feliz entre os dois, se Henry, que tem um gosto por salvar os inocentes, fez de sua missão destruir casas como a que emprega Alice?

Conheça os outros volumes da série:


A NARRATIVA E A TRAMA

Eu sequer li a sinopse de O Duque Que Eu Conquistei antes de começar a leitura, por isso imaginem minha surpresa quando logo nas primeiras páginas descobrimos a paixão do mocinho por BDSM. Em leituras passadas com o tema, me cansou que as histórias se resumissem a sexo e fosse sempre a mocinha a ser submissa. Contudo, não é o que encontrei em O Duque Que Eu Conquistei.

Primeiro, apesar de ser altamente sensual, o livro demora a chegar as vias de fato e a história dos protagonistas ganha muitos mais desenrolares emocionais do que sexuais. A atração e jogo de sedução está ali desde o início, assim como o peso mental do mocinho por gostar de uma prática altamente incomum na época. Contudo, a trama explora outras temáticas, como a sede por liberdade de Poppy e o machismo de seu mundo, assim como os traumas do passado de Archer que o fizeram buscar prazer na dor.

Narrado em terceira pessoa, O Duque Que Eu Conquistei é pouco descritivo em relação a cenários e personagens, mas consegue detalhar na medida certas elementos importantes da trama, como as plantas de Poppy, os sentimentos e expressões de ambos os personagens e as cenas de paixão entre os dois. Algo que gostei bastante são os diálogos rápidos e cheios de ironia e provocações, assim como o corte quase ríspido entre as cenas, que dá um ritmo mais acelerado para a história.

A trama de O Duque Que Eu Conquistei se desenvolve com a rapidez necessária. No início, as primeiras semanas de encontro entre os protagonistas se passam lentamente, mas com muitos acontecimentos que prendem a nossa atenção e fôlego. Já da metade para o final, tudo se acelera e meses se desenrolam diante os nossos olhos, mostrando que não será tão fácil para os mocinhos encontrarem seu "felizes para sempre".

Contudo, o livro como um todo é tão ágil e intrigante que fiquei presa da primeira a última página, devorei a história em um dia. O Duque Que Eu Conquistei tem vários acontecimentos previsíveis, mas surpreendente na intensidade das emoções dos personagens. Mesmo sendo quase teatral com momentos de explosão de sentimentos e desencontros amorosos que seriam resolvidos com uma simples conversa, a história não cansa ou entendia em momento algum. Pelo contrário, fiquei o tempo todo eletrizada, esperando ver o que iria acontecer em seguida.

OS PERSONAGENS

Os protagonistas são parte do charme de O Duque Que Eu Conquistei. Archer é mais clichê, o clássico nobre com um passado amargurado, mas consegue soar cativante e único. Além de seu inusitado interesse em BDSM, ele é um investidor inteligente que não tem preguiça de colocar a mão na massa e faz todas as vontades da irmã mais nova.

Archer conquista com seu jeito arrogante e pouco medo em admitir quando está errado. O fato dele ver a mocinha pelo que ela é, uma mulher inteligente e ambiciosa, assim como de amadurecer ao longo do livro, se abrindo e fazendo as pazes com seu passado, o tornam mais atraente ainda.

Poppy me conquistou, claro, com sua independência, força de vontade e confiança em si e em seu sonho. Ela não é nenhuma mocinha que precisa ser resgatada, mas o livro é realista de mostrar que, na época em que ela vivia, infelizmente, a vida das mulheres estava, em grande parte, a mercê dos homens. Contudo, Poppy não se intimida diante o mundo e Archer, e gostei que ela não fosse nenhuma virgem bobinha com medo de encarar os próprios desejos (e os gostos peculiares do marido). Como casal, eles demoram a se acertar, mas funcionam bem, sendo bem parecidos em várias maneiras.

O Duque Que Eu Conquistei ainda entrega personagens secundários interessantes, como a hilária irmã do duque, Constance. Está claro que ela esconde muito mais por trás de sua fachada de debutante casamenteira fútil e fiquei ansiosa demais para ler o volume dela. O livro ainda tem um personagem que, logo de cara vemos que é um protótipo de vilão e que passamos a odiar com prazer.

A EDIÇÃO

Li O Duque Que Eu Conquistei em formato digital e a edição da Arqueiro funciona perfeitamente na plataforma Kindle. A tradução de Geni Hirata é perfeita e não encontrei erro algum no texto. Fico feliz que a editora tenha mantido as capas originais da série, elas são lindas, românticas e sensuais como a obra.

VALE MESMO A PENA LER?

O Duque Que Eu Conquistei me pegou de surpresa da melhor forma possível. O livro apresenta os clichês que amamos nos romances de época (bailes suntuosos, mocinha que não quer se casar, duque arrogante, encontros sensuais pelos corredores da mansão), mas com uma pitada de novidade ao trazer um herói que curte BDSM e uma mocinha que não se intimida diante disso.

A leitura é muito ágil e divertida, provocando a medida certa de risadas e suspiros com os desencontros atrapalhados dos protagonistas e momentos de paixão incendiários. Os protagonistas também são cativantes e amadurecem bastante ao longo da história, que mesmo previsível em alguns pontos, é intensa e emocionante.

Eu adorei O Duque Que Eu Conquistei, tanto que devorei o livro em poucas horas. Sensual, romântico e engraçado, é uma obra perfeita para descansar a cabeça, mas um romance de época que recomendo só para leitoras que curtem uma obra mais quente. Agora estou muito ansiosa para ler mais livros da autora e o restante da série Os Segredos De Charlotte Street.


Título: O Duque Que Eu Conquistei
Título original: The Duke I Tempted
Série: Segredos da Charlotte Street
Volume: 1
Autora: Scarlett Peckham
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580418682
Ano: 2020
Páginas: 228
*O exemplar lido foi uma cortesia da editora
Compre: Amazon

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