20.7.20

Resenha: O Zen e a Arte da Escrita - Ray Bradbury


O AUTOR E A OBRA

Ray Bradbury nasceu em 1920 e faleceu em 2012. Em seus 91 anos de vida, escreveu centenas de contos, romances, poemas, roteiros de filmes e peças de teatro, em especial dos gêneros de ficção-científica, fantasia, distopia e ficção especulativa. 

“É preciso se embriagar da escrita para que a realidade não o destrua.”

Fahrenheit 451, sua obra mais famosa, foi publicada em 1953 e é um clássico aclamado até hoje, sendo que já ganhou várias adaptações. Ray Bradbury também é conhecido por suas Crônicas Marcianas (1950) e The Illustrated Man (1951). Em O Zen e a Arte da Escrita o autor nos revela como é um leitor ávido e criador de histórias desde a infância, tendo sido influenciado por grandes nomes como Edgar Allan Poe, Edgar Rice Burroughs e Júlio Verne, entre outros.

O Zen e a Arte da Escrita é composto por 9 ensaios de Ray Bradbury, publicados entre 1961 (Como manter e alimentar a Musa) e 1986 (Corra, pare, ou a coisa no topo da escada, ou novos fantasmas de mentes antigas). Há ainda, além de um prefácio, uma seção intitulada “Sobre criatividade” com 6 poemas de Ray sobre o assunto.

“Assim também é a nossa Musa. Se focarmos para além dela, ela reconquista o aprumo e fica fora do caminho. Na minha opinião, para manter a Musa, deve-se, primeiro, oferecer-lhe alimento.”

Os ensaios de O Zen e a Arte da Escrita cobrem quase todos os aspectos do ofício ao qual Bradbury dedicou sua vida. Revelando bastante se seu próprio processo de criação, ele revela de onde tira suas ideias, como um escritor pode desenvolver sua voz, criação de personagens e tramas, e muito mais.


VALE A PENA LER?

O Zen e a Arte da Escrita é um dos livros mais recomendados sobre escrever que vejo por aí. Apesar de nunca ter lido nada de Bradbury, não só as muitas recomendações, como o curioso título, me fizeram ficar bastante curiosa para ler a obra. E acabei tendo uma experiência incrível.

“Tudo o que fiz, foi feito com excitação, porque quis fazê-lo, porque gostava de fazê-lo.”

Se você busca um manual sobre escrita, ou mesmo uma enxurrada de dicas bem organizadas sobre o assunto, esse livro não é para você. A partir de sua própria experiência, Ray Bradbury divaga sobre o ofício da escrita em uma narrativa que, para mim, é um pouco cansativa. Mas, quando você se acostuma com as frases longas e metáforas complexas do autor, a leitura passa a fluir com bastante rapidez.

Mesmo não sendo uma obra objetiva, O Zen e a Arte da Escrita nos permite mergulhar dentro do cérebro acelerado e engraçado do escritor. É interessantíssimo como ele consegue tirar de suas experiências de vida, memórias, medos e alegrias, lições não só sobre escrita, mas sobre o que é ser artista e humano. Mesmo para quem não escreve, O Zen e a Arte da Escrita pode ser uma inspiração para vivermos mais intensamente e com mais leveza, tirando tudo o que há de melhor das nossas experiências.

“Esquecendo do dinheiro que o espera na circulação de massa, ele deve perguntar-se: “O que eu realmente penso do mundo, o que eu amo, temo, detesto?”, e começar a colocar isso tudo no papel.”

Contudo, para quem escreve ou almeja escrever, o livro é ainda mais rico. Entre suas memórias e divagações, Bradbury acaba de fato entregando alguns macetes muito bons para soltar a sua criatividade e criar coragem de finalmente colocar aquela história no papel. Sem ser presunçoso, ele nos conta o que funcionou para ele e sugere algumas táticas interessantes, muitas delas até bastante simples de serem implementadas, como escrever algo que te anime ou a própria história (mesmo através da ficção), deixar os personagens guiarem a trama, ler livros de poesias todos os dias, entre outras.

Eu não tinha grandes expectativas para O Zen e a Arte da Escrita, mas acabei amando a obra. Em tempos difíceis, o livro me ajudou a me manter inspirada diariamente e me ensinou a ver a escrita menos como algo mecânico e solitário, mas o resultado de uma vida vivida ao máximo. Como disse, é um livro que não só aspirantes e escritores, mas artistas e qualquer pessoa deveria ler. Agora estou ansiosa para ler os trabalhos ficcionais do autor e ver sua maestria em prática.

QUOTES FAVORITOS

“Grite. Pule. Brinque. Acabe com esses filhos da puta. Eles nunca vão viver do jeito que você vive. Vá e faça isso.”

“Escrever nos faz lembrar de que estamos vivos e de que isso é uma dádiva e um privilégio, não um direito. Devemos ganhar a vida, já que ela nos foi dada. A vida pede recompensas porque ela nos proveu de ânimo.”

“Quanto mais rápido você se expressar, quanto mais prontamente escrever, mais honesto será. Na hesitação está o pensamento. Na postergação surge o esforço por um estilo, em vez do mergulho na verdade, que é o único estilo que vale uma queda mortal ou uma caçada ao tigre.”

“quando uma pessoa fala do próprio sonho com o coração, nesse momento de verdade, ela fala poesia.”

“Leia os autores que escrevem do jeito que você gostaria de escrever, aqueles que pensam do jeito que você gostaria de pensar. Mas também leia aqueles que não pensam como você nem escrevem do jeito que você quer escrever, e desse modo seja estimulado em direções diferentes.”


Título:
O Zen e a Arte da Escrita
Autor: Ray Bradbury
Editora: Leya Brasil
ISBN: B00A3C4BD2
Ano: 2011
Páginas: 109
Encontre o livro: Skoob - Goodreads
Compre: Amazon

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