A HISTÓRIA
Anna é uma estudante inglesa de arqueologia com grandes sonhos... e um coração de ouro. Ela cuida da mãe há anos, desde a morte do seu pai, e desistiu de uma oportunidade mágica na Itália por uma colega de classe. E agora está presa a uma escavação não muito longe de casa e justamente na floresta em que seu namorado perdeu a vida a pouco tempo.
Só que a escavação se torna imediatamente mais interessante quando um novo guarda florestal começa a trabalhar com eles. Luke é sexy, tatuado e muito estranho. Ele gosta de provocar Anna na mesma medida em que tenta se manter longe dela. O que é bastante irritante, já que desde a primeira vez em que estão juntos, tanto Anna quanto Luke são tomados por uma atração avassaladora.
Luke voltou à amaldiçoada cidade de Crookshollow com uma missão. Ali, sua família foi massacrada no passado, história que ele quer manter enterrada, assim como as pinturas na caverna que as contam e revelam sua herança sobrenatural. Luke é um lobisomem, o último de seu clã. Mesmo devastado pelo luto por seu pai, ele volta a cidade para proteger o antigo território de sua família e apagar os registros na caverna.
Mas Anna acaba sendo mais rápida que Luke. Ela descobre as pinturas e logo as revela para sua professora, que por sua vez as divulga para a mídia. Com um desastre eminente, Luke precisará escolher: será que confia a verdade a Anna? Inclusive o fato dela estar destinada a ser sua companheira e que outros lobos estão à espreita, prontos para matar?
A SÉRIE
Encontrada pelo Lobo é o primeiro dos quatro volumes da série Lobos de Crookshollow. As histórias são da americana Steffanie Holmes e cada volume é independente. Todos se passam na pequena cidade inglesa de Crookshollow, onde criaturas mágicas, como lobisomens, habitam e coisas tão magnificas quanto terríveis acontecem.
A NARRATIVA
Encontrada pelo Lobo é uma leitura instigante, mas longe de ser perfeita. A escrita da autora precisa amadurecer um pouco. Com a perspectiva se alterando entre Anne e Luke, Steffanie Holmes consegue nos dar bons vislumbres de cada um dos personagens. Contudo, a narrativa não transmite bem a diferença entre o modo de pensar e ver o mundo dos dois protagonistas.
Também me incomodou alguns vícios de linguagem que percebi que Steffanie Holmes tem. Ela escreve que os personagens estão sempre correndo (em vez de só andar, ou se arrastar, subir, descer ou qualquer outro adjetivo que descreva a forma de se locomover com os pés). Luke está sempre rosnando nos diálogos e a autora narra cada minúscula (e desnecessária) ação que eles fazem (eles abrem a porta, dão um passo para dentro, tiram os pés do sapato, jogam o sapato no canto, etc.).
A escrita da autora também me soou incoerente ao abordar o sexismo dentro da “cultura dos lobisomens”. Em um capítulo, Anna questionava e lutava contra a ideia de que ela estava quase que predestinada a estar com Luke e a forma como os outros lobisomens a tratavam quase como apenas uma fêmea reprodutora. Mas, no capítulo seguinte lá estava Anna, afirmando com todas as letras como estar sexualmente envolvida com Luke havia basicamente resolvido todas as questões íntimas e inseguranças que ela tinha, o que me fez revirar os olhos com mais intensidade do que posso descrever.
Por um lado, é bom que Steffanie Holmes reconheça que o modo como os homens da trama tratam Anna não é bacana, mas essa sua abordagem semi-feminista, porque esse livro não chega nem perto de ser empoderador para as mulheres e acaba reproduzindo a mesma ideia machista de sempre de que nosso destino é ser companheira e coadjuvante de um homem, me irritou bastante.
A TRAMA
A história também poderia ter sido melhor desenvolvida. Por mais que o aspecto sobrenatural da trama explique porque Anna e Luke se sentem atraídos logo de cara, o fato deles estarem se amando já poucos dias depois de se conhecerem foi demais para mim. O relacionamento dos dois é corrido e os conflitos que surgem são resolvidos em um piscar de olhos (e com sexo).
Apesar disso, esse não é um livro só de cenas eróticas. Steffanie Holmes de fato entrega momentos de paixão, mas também muitas perseguições pela floresta, lutas entre lobos, discussões, mistérios do passado e descobertas arqueológicas. Tudo isso é, claro, desenvolvido de forma muito rápida, mas uma boa maneira de tornar Encontrada Pelo Lobo mais interessante. Afinal, o livro não se propõe a ser uma obra complexa e entrega o que promete: um romance rápido e quente, com pitadas de magia e mistério, para descansar a mente.
OS PERSONAGENS
Infelizmente, os protagonistas de Encontrada Pelo Lobo são bastante rasos e clichês. Anna é a jovem tímida e insegura com grandes sonhos. Luke é o lobisomem forte, sensual e controlador. Não há nada de novo nos dois, ou na dinâmica do casal: depois de se conhecerem, não sabem viver um sem o outro, mas estão o tempo todo brigando por coisas bobas em vez de conversar como adultos.
E justamente por serem personalidades familiares (que já vimos similares em várias outras obras), Anna e Luke nos conquistam, já que soltam uma ou outra frase divertida e vivem bons momentos juntos. Os personagens secundários do livro são igualmente simples e cativantes.
VALE A PENA LER?
Encontrada Pelo Lobo não é uma leitura muito marcante ou especialmente complexa. O livro entrega o que podemos esperar dele: uma história de romance sensual e rápida, com pitadas de magia e ação. A narrativa da autora poderia ser mais bem desenvolvida e os personagens são rasos.
O fato de ter uma mensagem incoerente sobre o sexismo na “cultura dos lobisomens” me irritou um pouco. Entretanto, Encontrada Pelo Lobo é um bom livro, especialmente para ser devorado de uma vez só por quem quer só descansar a mente enquanto lê. Fiquei curiosa para ler mais da Steffanie Holmes.
Título: Encontrada pelo Lobo
Título original: Digging the Wolf
Série: Lobos de Crookshollow
Volume: 1
Autora: Steffanie Holmes
Tradutora: A.J. Ventura
Editora: Cherish Books Br
ISBN: B088TCVP9V
Ano: 2020
Páginas: 265
Compre: Amazon
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