3.4.20

Resenha: O Segredo da Livraria de Paris - Lily Graham


A HISTÓRIA 

Em 1962, Valerie é uma jovem com um passado misterioso. Ela foi resgatada pela tia da França pós-ocupação nazista quando era bem pequena e criada na Inglaterra. Até recentemente, Valerie acreditava que não tinha mais nenhum parente vivo além da tia. Mas, quando descobre que o avô ainda está vivo e buscando uma ajudante para sua livraria em Paris, Valerie decide deixar a Inglaterra e ir conhecê-lo. 

Com um nome e história falsa, ela se emprega na livraria e entre discussões sobre literatura, tenta descobrir que tipo de homem o avô é. E porque ele não quis criá-la na França. Assim, através de relatos, cartas e diários, Valerie é transportada para Paris de 1940, na qual sua jovem mãe tenta sobreviver a ocupação nazista e encontrar o seu lugar no mundo. Em meio a essa jornada de descoberta, Valerie também lida com Freddy, sua vizinho e paixão de longa data.

A NARRATIVA E A TRAMA

O Segredo da Livraria de Paris é contado em terceira pessoa, em uma narrativa bastante enxuta e direta ao ponto. Lily Graham economiza nas descrições e diálogos, e mesmo assim consegue nos fazer sentir dentro da história e dos personagens, assim como nos emocionar. Eu gostei bastante da sua escrita e fiquei contente que ela conseguiu falar sobre a crueldade da guerra sem recorrer a cenas muito gráficas.

Com uma narrativa tão limpa, a história se desenvolve com agilidade e, em apenas 208 páginas, a autora entrega uma obra que causa de tristeza e medo a alegria e paixão. É muito fácil se cativar com uma trama que mostra o lado mais horrível e o mais belo do ser humano. Essa é uma história sobre os horrores da guerra e da ocupação nazista na França, mas também uma saga sobre resistência, amizade e amor, sobre o poder da união familiar e ainda a força das mulheres em sobreviver.

O Segredo da Livraria de Paris também nos traz pitadas de romance com duas histórias de amor bastante distintas, mas igualmente emocionantes. A trama vai se dividindo entre a história de Valerie e a de sua mãe, mas essa transição entre dois tempos distintos é bastante natural e torna a leitura mais instigante ainda, afinal, queremos saber os segredos que o passado dos personagens guarda, mas também para que futuro estão caminhando em seu presente.


OS PERSONAGENS

Com uma narrativa e história tão ricas, acaba que os personagens de O Segredo da Livraria de Paris decepcionam um pouco. Todos eles possuem personalidades bem superficiais e a divisão entre mocinhos e vilões é tão clara que chega a ser irrealista. Contudo, mesmo com personalidades bastante básicas, eles conseguem nos conquistar.

Quem conhecemos mais profundamente é Valerie, a curiosa garota que não tem medo de largar tudo para desenterrar o seu passado. A força dela se equipara a das outras mulheres da trama, como a mãe de Valerie e uma vizinha, que encontraram sua maneira de resistir e sobreviver em plena França dominada por nazistas.

O avô de Valerie, Dupont, também nos cativa com sua personalidade ranzinza e sua paixão por literatura, apesar de que ele não esconde seu preconceito com certos autores e obras. Dupont, apesar das cicatrizes não curadas de uma história de vida sofrida, ainda é um velhinho gentil e engraçado a sua maneira, do tipo que eu adoraria conhecer na vida real. Destaque também para Freddy, amigo de longa data de Valerie que, apesar de parecer um mulherengo a primeira vista, acaba se mostrando um homem leal e apaixonante.


A EDIÇÃO

Eu li a boneca de O Segredo da Livraria de Paris, ou seja, uma edição não finalizada do livro, que não possui orelhas e pode ser diferente da versão que realmente chegou as livrarias. Contudo, não percebi qualquer erro no texto ou na diagramação, que na versão que li é bem simples. A tradução de Elisa Nazarian está excelente. Eu adorei a capa de O Segredo da Livraria de Paris. Ela é intrigante e romântica, como a obra, além de retratar o incrível cenário da história: a capital francesa.

VALE A PENA LER?

Assim que li a sinopse de O Segredo da Livraria de Paris fiquei curiosa para ler o livro, que não me decepcionou. Algo interessante é que a obra fala sobre os horrores da guerra (e da ocupação nazista na França) sem ser gráfico demais. O livro mostra o impacto do conflito no dia a dia de pessoas comuns, contudo, esse drama é em parte aliviado pelas incríveis histórias de amizade e amor que a trama também traz.

Gostei que O Segredo da Livraria de Paris mostrou como a ocupação nazista foi especialmente cruel para as mulheres francesas, que sofriam todo tipo de assédio diariamente. Mas, o livro também mostrou a força dessas mulheres, que não se entregaram sem lutar e foram essenciais dentro da Resistência francesa. 

Com uma trama histórica tão rica, o livro também conquista com uma narrativa rápida e gostosa. Com descrições na medida certa, os diálogos são curtos e direto ao ponto, mas ajudam a complementar as boas reflexões que a trama traz. Em resumo, O Segredo da Livraria de Paris é uma leitura cativante do início ao fim. Além de retratar a guerra, o livro fala de amizade e família e nos mostra duas histórias de amor muito emocionantes. Eu amei a leitura e fiquei curiosa para conhecer mais histórias da autora.


QUOTE FAVORITO

“Os jovens não pensam nos velhos desse jeito. Não veem as cicatrizes deixadas pelo tempo, os sofrimentos, as alegrias. Veem apenas o rosto inexpressivo da velhice.” pág. 7

Título: O Segredo da Livraria de Paris
Título original: The Paris Secret
Autora: Lily Graham
Editora: Gutenberg
ISBN: 9788582356333
Ano: 2020
Páginas: 208
*O exemplar lido foi uma cortesia da editora
Compre: Amazon

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2 comentários:

  1. Que bom encontrei este canal. Talvez vc possa me ajudar com esta duvida. Não sei se trata se de um erro de tradução ou de ma interpretação do texto de minha parte. No primeiro capitulo Valerie é descrita viajando em um trem com uma bagagem pesada, ela é uma senhora de cabelos brancos que conversa com a jovem Anne. Porem no segundo capitulo, qdo ela chega em Paris é jovem universitaria e traz pouca bagagem. Não entendi e o livro perdeu o sentido pra mim. Estou equivocada?

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    1. Olá, é isso mesmo que acontece. Mas é porque o primeiro capítulo se passa no tempo presente, atualmente, e o segundo no passado. O que entendi, no final, é que a a senhora no trem contou sua história para a menina mais nova.

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