A HISTÓRIA
Amy e Sam são jovens ingleses comuns, que aceitam uma carona aparentemente inofensiva na volta de um show em Londres. Contudo, eles acabam dopados, sequestrados e jogados em uma piscina vazia da qual não podem escapar. Sem água e sem comida, seu algoz dá uma escolha: quem matar o outro saí com vida.
Parece coisa de filme, por isso quando o sobrevivente dessa história horrível acaba nas mãos de Helen Grace, ela se vê com dificuldades de acreditar. Uma detetive-inspetora durona, Helen vive para o trabalho. Sem família e sem amigos, ela não precisa se preocupar que seu próprio passado misterioso venha a tona e pode se concentrar em resolver crimes.
Mas então acontece de novo. E de novo. A história é sempre a mesma: duas pessoas são sequestradas e só sobrevive quem matar a outra. E esse jogo macabro e violento está sendo jogado por um criminoso misterioso e cruel, que não parece ter qualquer padrão para escolher suas vítimas e nenhuma dificuldade em sequestrá-las e arrastá-las para buracos escuros.
“A verdade nua e crua é que era impossível conhecer de verdade oura pessoa. E essa simples ideia o manteria acordado a noite toda.” pág. 48
Agora cabe a Helen a desvendar e parar esse serial killer que impõe escolhas tão difíceis a suas vítimas. Mas, quando ela é colocada diante uma escolha impossível, a detetive precisará decidir se é capaz de tomá-la ou se os demônios do seu passado serão mais fortes.
A SÉRIE
Uni-Duni-Tê é o primeiro volume da série Helen Grace, de M.J. Arlidge. O segundo livro, Da Morte Ninguém Escapa, também foi publicado no Brasil, mas os demais volumes (são 8 no total e 2 contos), ainda não foram traduzidos. Cada livro da saga é independente, mas todos trazem crimes chocantes, violentos e misteriosos que são selecionados pela detetive-inspetora inglesa Helen Grace.
A NARRATIVA
Uni-duni-tê tem uma narrativa cinematográfica. Rápida, ágil e pouco descritiva, os capítulos curtos da obra ajudam que a leitura seja tão rápida e viciante. Achei interessante o autor ter colocado alguns capítulos em primeira pessoa com o ponto de vista do assassino, o que nos ajuda a melhor entender o que passa em sua mente e quais suas motivações.
M.J. Arlidge também revela alguns dos pensamentos e sentimentos dos outros personagens, tanto da detetive Helen quanto das vítimas, o que nos dá um panorama amplo e muito bom da história e de como os acontecimentos estão afetando aos envolvidos. Outro ponto positivo de Uni-duni-tê é que o livro sabe explorar os detalhes de como a investigação policial é conduzida, mas não nos entendia com detalhes aprofundados e técnicos demais como outras obras do gênero.
A TRAMA
A história é extremamente instigante e, como comentei, se desenvolve com rapidez. Apesar de algumas partes serem previsíveis, o livro consegue nos surpreender bastante em outras e, mesmo tendo adivinhado quem seria o assassino, não imaginei algumas ações horríveis e cruéis que ele tomaria.
Misturando bem suspense, drama e ação a história me cativou logo de cara terminei e devorei-a em um dia. O terço final do livro é bem acelerado e me deixou sem fôlego. O desfecho é chocante e impactante e me deixou sedenta pelos demais volumes da série.
OS PERSONAGENS E A LIÇÃO DO LIVRO
A parte mais interessante de Uni-duni-tê definitivamente são os seus personagens. O livro traz várias personagens femininas, todas bem desenvolvidas, com personalidades e motivações diversas, mas também muita força. Mas as mulheres do livro, como os homens também, não são perfeitos. Cada um dos personagens tem seu papel na trama, mas todos são bastantes humanos, com defeitos, inseguranças, medos e segredos. Todos sentem coisas egoístas e tomam decisões impensadas.
E, de fato, um dos pontos de Uni-duni-tê é justamente nos fazer questionar qual o limite da nossa humanidade. Quando o assassino coloca como condição para a sobrevivência das vítimas que eles machuquem outra pessoa, o livro nos faz questionar o que faríamos no lugar dos personagens. Tomaríamos a decisão egoísta ou aceitaríamos a morte?
A EDIÇÃO
A tradução de Maurette Brandt está excelente. Não encontrei erro algum no texto, que conta com uma boa fonte e tamanho de letras e espaçamento. Eu gosto da simplicidade da capa de Uni-duni-tê, o título grande e vermelho a torna chamativa, e os respingos de sangue e galhos de árvore seca combinam perfeitamente com o estilo desse suspense policial.
VALE A PENA LER?
Com uma história que nos faz questionar o limite da nossa empatia (será que mataríamos outra pessoa para sobreviver?), Uni-duni-tê é uma leitura viciante. Com uma trama intrigante e narrativa ágil e cinematográfica, a obra ainda traz personagens bastante humanos e com os quais nos identificamos, especialmente mulheres fortes e inteligentes.
A protagonista, a detetive Helen Grace, é o tipo de policial dedicada que admiramos e fiquei sedenta por mais histórias dela e triste que apenas dois dos oito volumes de sua série foram lançados aqui. A leitura de Uni-duni-tê foi muito mais gostosa do que eu esperava e me deixou animada por voltar a ler mais suspenses policiais inteligentes e arrebatadores como esse.
Título: Uni-Duni-Tê
Título original: Eeny Meeny
Autor: M.J. Arlidge
Tradutor: Maurette Brandt
Editora: Record
ISBN: 9788501105264
Ano: 2016
Páginas: 322
*O exemplar lido foi uma cortesia da editora
Compre: Amazon
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