A HISTÓRIA
Como seu nome, grande parte da educação de Jonas foi pautada na bíblia. Tendo crescido na Igreja, sua relação com Deus se tornou complicada quando ele finalmente entendeu que ser gay não é um pecado. Mas Jonas ainda está longe de ser quem é. Sem dinheiro para cursar faculdade, ele passa seus dias trabalhando em uma cafeteria na Avenida Paulista e anotando ideias para livros que ele nunca escreve.
Jonas sonha em ser escritor, mas quando está em casa, precisa fingir que não é quem é, um garoto gay cheio de ideias, para não magoar sua religiosa mãe e não irritar seu rígido pai. Jonas estava só vivendo mais um dia comum quando um dos clientes do café entra e o fascina.
“Não sei o que vai acontecer no final, mas sei exatamente como começar essa história. Meus dedos encostam no teclado com um pouco de timidez, mas, depois que começo a digitar, as ideias começam a vir com mais força. E então, eu não paro mais.” pág. 56
Dono de uma barba ruiva e aparência bagunçada que lembra a de um pirata, o cliente fofo desperta Jonas de uma maneira que nenhum outro homem tinha despertado ainda. Logo naquela noite ele começa a finalmente escrever uma de suas ideias, nada mais, nada menos que uma história sobre o amor proibido de dois piratas gays.
Enquanto seu mocinho vive um romance, Jonas continua sozinho. Até que o destino coloca o Barba Ruiva, que na verdade se chama Arthur, na mesma festa que Jonas. O encontro inesperado entre eles começa desastroso, mas logo se torna uma das melhores noites da vida de Jonas. Seria esse o começo do amor que vai mudar a vida do jovem escritor? Sua vontade de ficar com Arthur será o suficiente para fazer Jonas a finalmente viver quem é de verdade? Ou suas inseguranças e conflitos com a família vão acabar com tudo?
A LEITURA: NARRATIVA E TRAMA
Eu estava entediada na biblioteca quando me deparei com Um Milhão de Finais Felizes e imediatamente soube que precisava ler o livro. Eu já tinha visto a capa por aí e sabia que tinha alguma coisa relacionada a piratas gays na trama, então já sabia que ia ter uma leitura divertida. E, além de não decepcionar, a obra me surpreendeu.
Eu devorei Um Milhão de Finais Felizes em dois dias, em grande parte por causa da narrativa cativante e leve, na perspectiva irônica e criatividade de Jonas. A escrita de Vitor Martins é fluída e bem-humorada. Com um linguajar jovem e com muita referências a séries, filmes, músicas e celebridades populares, esse livro é um Young Adult perfeito e uma leitura fácil para o tipo de leitor a qual se destina.
“- (...) nem sempre a família que nasce com a gente vai nos entender. Nem sempre eles vão ficar do nosso lado pra sempre. Mas isso nunca vai te impedir de escolher uma família nova.” pág. 323
A trama de Um Milhão de Finais Felizes é a mistura exata de realidade e ficção, de forma que seus momentos dignos de comédia romântica nos fazem suspirar, mas os acontecimentos dramáticos, como o fato da própria família do protagonista não aceitá-lo, são reais demais para nós impactar profundamente. Assim, mesclando positividade e realidade, a história é gostosa de ler e o romance fofo também consegue nos fazer refletir.
Um Milhão de Finais Felizes, mais do que um romance jovem (com trechos da história maluca e hilária do amor de dois piratas gays), também fala sobre preconceito e aceitação. O livro nos faz refletir sobre qual o significado de família e como, mais do que sangue, é o apoio e amor incondicional que torna alguém nossos familiares.
OS PERSONAGENS
A obra ganha muitos pontos por sua representatividade, tendo personagens de diferentes etnias, orientações sexuais e formatos de corpo. Adorei especialmente que as personagens femininas, mesmo não sendo as protagonistas, são muito fortes e vivem suas próprias questões, como a dificuldade de se entrosar na faculdade ou de viver como atriz.
Na verdade, todos os personagens secundários, além de papel na história, possuem personalidades ricas e crescem tanto ao longo da trama como o protagonista. Os amigos de Jonas são pessoas tão divertidas e fofas que é impossível escolher um favorito e fiquei triste que cada um deles não têm seu próprio livro, o que seria mais do que merecido.
Em relação aos mocinhos, eles são igualmente incríveis e cativantes. Como o Jonas, eu amei o Arthur logo de cara. Bonito, charmoso e gentil, ele é quase um príncipe (ou pirata) que faria qualquer um suspirar. Contudo, fiquei feliz que o autor, ao longo do livro, desconstrói a imagem inicial do nosso protagonista barbado, mostrando que mesmo bonito e rico, a vida de Arthur não é perfeita e ele tem suas próprias questões com sua família.
Jonas, nosso narrador, é igualmente apaixonante. Logo de cara gostamos de seu jeito divertidamente dramático de ver a vida, mas nós compadecemos com suas problemáticas. É emocionante ver o personagem questionar sua relação com Deus, a religião e a família, assim como aprender aos poucos a aceitar e viver como quem é de verdade. Criativo, inteligente e gentil, o Jonas me marcou profundamente e foi difícil me despedir dele e dos demais personagens no final da leitura.
A EDIÇÃO
Por ter lido um exemplar de biblioteca, o livro que eu li não estava na melhor das condições, além de estar todo etiquetado e carimbado. Mas, no geral, a edição de Um Milhão de Finais Felizes é muito boa. A diagramação é simples, mas conta com um bom tamanho e tipo de fonte e bem-vindas páginas amareladas.
Já que fala tanto dos piratas gays e das ilustrações do Arthur, teria sido ainda mais rico se a obra incluísse desenhos dos personagens. Felizmente, a capa matou um pouco desse desejo, com sua ilustração fofa e colorida, que traz elementos importantes da obra e é muito bonita e atrativa.
Já que fala tanto dos piratas gays e das ilustrações do Arthur, teria sido ainda mais rico se a obra incluísse desenhos dos personagens. Felizmente, a capa matou um pouco desse desejo, com sua ilustração fofa e colorida, que traz elementos importantes da obra e é muito bonita e atrativa.
VALE A PENA LER UM MILHÃO DE FINAIS FELIZES?
Sim, por favor, leiam esse livro! A obra é um Young Adult LGBTQ+ emocionante e divertido. Leve, Um Milhão de Finais Felizes nos entrega um romance delicioso, mas também nos impacta com reflexões sobre família, religião e aceitação. Os personagens são todos cativantes e representativos e a linguagem jovem e direto ao ponto torna a leitura rápida e fácil. Eu fiquei muito feliz de ter devorado Um Milhão de Finais Felizes e ansiosa para conhecer e ler mais obras do Victor Martins.
QUOTES FAVORITOS
“É então que me dou conta de que, sem que a gente perceba, a vida continua acontecendo. O mundo nunca vai parar para que eu resolva toda a minha vida e recomece do zero.” Pág. 318
“- Eu te amo e tenho certeza de que, mesmo passando por tanta coisa ruim na vida, você ainda guarda um milhão de finais felizes aí dentro.” pág. 332
Título: Um Milhão de Finais Felizes
Autor: Vitor Martins
Editora: Globo Alt
ISBN: 9788525065377
Ano: 2018
Páginas: 352
Compre: Amazon
Já ouvi falar desse livro mas ainda não parei para ler! Confesso que não sou muito de ler livros desse tipo (Young Adult LGBTQ+) mas, além de sua nota ter me deixado interessada, é sempre bom sair da zona de conforto e ler temas que nos façam refletir e entender um pouquinho mais sobre o próximo (no caso, sobre pessoas LGBTQ+).
ResponderExcluirPs.: Percebi que esse exemplar é da biblioteca da UFMG... Você estuda lá? Não acredito que estamos tão perto. Bora ficar amigas e marcar encontros em cafés para falar sobre livros e blogs? haha'
Au revoir ♡
Tecer Flores e Cheirar Livros
Vale muito a pena ler esse livro! Sim, eu estudo Psicologia na UFMG! Sim, vamos ser amigas sim haha
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