O AUTOR E O LIVRO
Umberto Eco (1932 – 2016) foi um escritor, filósofo, semiólogo e linguista italiano. Já um renomado professor, publicou seu primeiro romance aos 50 anos, chamado O Nome da Rosa, que se tornou um sucesso mundial. Depois, vieram O Pêndulo de Foucault, O Cemitério de Praga e outros romances igualmente bem aclamados pela crítica e pelo público.
Aos 73 anos, Eco foi convidado para dar um ciclo de palestras e acabou transformando-as nesse livro. Na Universidade Emory (Atlanta, Estados Unidos), o autor italiano falou sobre Literatura Moderna, começando por explorar a fronteira entre ficção e não-ficção, assim como a construção de narrativas ficcionais e de personagens, os bastidores de uma produção literária, o desenvolvimento do pensamento criativo, a interação com os leitores e muito mais.
Ao longo dos quatro ensaios de Confissões De Um Jovem Romancista, Eco nos desafia a entender por onde começar a escrever, assim como imaginar por que, afinal, personagens literários parecem tão reais para o leitor. O autor ainda aborda como uma mesma obra pode gerar diversas interpretações e qual o papel do autor, do tradutor e do leitor na hora de dar sentido a um texto. Sempre com uma narrativa bem-humorada, ele ainda se utiliza de clássicos e obras mundialmente famosas como exemplos para seus argumentos, assim indiretamente provendo boas indicações de leitura.
VALE A PENA LER?
Confissões De Um Jovem Romancista foi uma leitura interessante e bem diferente do que eu esperava. Muito mais técnico do que eu imaginava, honestamente, algumas partes são difíceis de acompanhar para quem não é um consumidor assíduo e aprofundado em teorias acadêmicas sobre literatura moderna. E para quem ainda não leu as obras de Eco, prepare-se para ler muito spoilers.
Um ponto positivo da obra é que ela conta um pouco sobre a carreira literária do autor e é bem inspirador saber que, em um mundo que tanto valoriza os gênios precoces, uma pessoa no alto de seus 50 anos é capaz de publicar um bestseller internacional. Eco também fala um pouco sobre seu processo de escrita e isso é sempre proveitoso. Dos ensaios, o primeiro, “Escrever da esquerda para a direita” foi o que mais gostei, talvez por ser o menos acadêmico de todos. O terceiro ensaio, “Alguns comentários sobre os personagens da ficção” é bastante complexo, mas traz reflexões interessantes sobre como personalidades completamente inventadas podem impactar tanto os leitores e a cultura, como se fossem pessoas reais.
A linguagem do livro, por mais que bem-humorada, é acadêmica demais em alguns pontos e torna a leitura arrastada. O último ensaio, “Minhas listas”, é honestamente exasperante. O ensaio é um sem fim de páginas sobre a minuciosa arte de se fazer listas fictícias com exemplos inacabáveis, sendo que esse é um recurso pouco apelativo para o leitor contemporâneo e, logo, se realmente é necessário abordá-lo, não se deveria gastar mais do que cinco páginas.
Em resumo, Confissões De Um Jovem Romancista é um livro para poucos e eu não sou uma dessas pessoas. Meu interesse pela arte da escrita é puramente pessoal, então um livro tão acadêmico foi decepcionante. Ainda assim, eu sempre defendo que o conhecimento acadêmico/científico deve ser expressado de forma que qualquer leigo entenda, então esse livro peca duas vezes. Para quem quer realmente se aprofundar em um estudo técnico e completo da literatura e da escrita, Confissões De Um Jovem Romancista tem muito a contribuir. Para o leitor comum que se interessa pelo assunto, como eu, talvez não seja a obra mais recomendada.
QUOTE FAVORITO
“o romancista pode dizer coisas que o filósofo não pode.” pág. 11
Título: Confissões de um Jovem Romancista
Título original: Confessions of a Young Novelist
Autor: Umberto Eco
Editora: Cosac Naify
ISBN: 9788540502864
Ano: 2013
Páginas: 192
Compre: Amazon
Esse é o tipo de livro que adoro ler ♥
ResponderExcluirBeijinhos ;*
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Nossa deve ser um ótimo livro para quem cursa Letras, eu não iria apreciar tanto, mas é um livro muito interessante.
ResponderExcluirJardim de Palavras