18.1.20

F. Scott Fitzgerald: uma vida dedicada literatura e amores conturbados


Normalmente eu não pesquiso sobre os autores antes de ler um livro, para não acabar julgando a obra por causa de quem a escreveu em vez do conteúdo em si. Mas, a curiosidade pelo criador de O Grande Gatsby (uma das minhas últimas leituras) acabou sendo grande demais. Afinal, o próprio autor confirmou em carta que uma das personagens é baseada em alguém real. O que nos faz questionar: quantos mais elementos autobiográficos estão no livro e quem foi F. Scott Fitzgerald?Sejam bem-vindos a nova coluna aqui do blog: #IntroduzindoAutores!

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Fitzgerald com seu pai, quando criança, e na idade escolar

OS PRIMEIROS ANOS

Francis Scott Key Fitzgerald nasceu em 1896, na cidade de Saint Paul (Minnesota, EUA). De uma família classe médica-alta, teve acesso a uma excelente educação, desde cedo se destacando por sua inteligência e se interessando por literatura. Aos 13 anos, uma história de detetive sua foi publicada no jornal da escola em que estudava.

UM JOVEM APAIXONADO E AMBICIOSO

Na Universidade de Princeton, o jovem Fitzgerald escreveu para clube literários e publicações acadêmicas. Ele chegou a enviar um original para uma editora nova-iorquina e mesmo elogiado pelo editor, o livro foi recusado. Tanta dedicação a escrita prejudicou seu desempenho na universidade e, em 1917, Fitzgerald largou a faculdade para se juntar ao exército.

Com medo de morrer na guerra sem realizar suas ambições literárias, Fitzgerald tenta publicar seu livro The Romantic Egotist antes de ir para seu posto militar, sendo rejeitado mais uma vez. Importante notar que um bom número de páginas desse manuscrito mais tarde se tornou parte do material que compôs Este Lado do Paraíso, sua primeira publicação.

Ginevra King e Zelda Sayre

OS AMORES DE FITZGERALD

Entre 1915 e 1917, o escritor viveu um romance com Ginevra King, rica e bela socialite a quem escrevia diariamente. O primeiro amor de Fitzgerald o marcou a ponte de Ginevra ter sido inspiração para diversas personagens de seus contos e livros, inclusive Isabelle Borgé, primeiro amor de Amory Blaine's, protagonista de Este Lado do Paraíso, e Daisy, paixão de Gatsby em O Grande Gatsby.

Mas, a história mais famosa é de Zelda Sayre e Fitzgerald. Ele a conheceu enquanto soldado voluntário no solo americano (o autor teve sorte de não ser mandado para a Europa antes da guerra acabar, em 1918). De família rica e respeitada na comunidade, Zelda era uma mulher ousada e a frente do seu tempo.

Encantado por ela, Fitzgerald vai a Nova Iorque no pós-guerra para provar que era o suficiente para Zelda. Eles noivam, mas a moça não se convence que o trabalho dele em uma agência de publicidade e suas histórias curtas eram suficientes para sustentá-los. O noivado é rompido e Fitzgerald volta para a casa dos pais. Com dificuldades financeiras, ele trabalha reparando carros enquanto revisa Este Lado do Paraíso. O manuscrito é aceito e publicado em março de 1920, um sucesso instantâneo. Zelda e Fitzgerald reatam, se casam em abril de 1920 (ela tinha 19 e ele 23) e sua primeira e única filha nasce em Outubro de 1921.

Foto de casamento de Scott e Zelda

FAMA E RUÍNA⠀

Os Fitzgeralds se tornaram o casal mais badalado de Nova Iorque na década de 20, a Era do Jazz. Com uma vida regada a festas e muita bebida, o casal festeiro e imprudente tinha que escrever histórias curtas para revistas para se sustentar e Scott até mesmo vendeu os direitos de suas obras para Hollywood.

Um novo livro veio (Os Belos e Malditos), mas não foi suficiente para manter o estilo de vida dos Fitzgeralds, que se mudaram para a França em 1924. A relação do casal começa a se deteriorar nesse período, com Scott tendo dificuldades na escrita e, supostamente, Zelda se envolvendo com outro homem. O fato de Scott se utilizar de grandes trechos dos diários de Zelda em suas histórias cria mais atrito e ressentimento entre o casal, já que ele fica com todo o reconhecimento. É nesse momento que Scott concebe O Grande Gatsby, mas o livro só se tornou um sucesso após a morte de Fitzgerald.


Em 1925, Scott conhece Ernest Hemingway, de quem se torna um grande amigo, apesar de Zelda e Hemingway se desprezarem. A vida do casal continua marcada por conflitos e, nos anos de 1930, Zelda é diagnosticada com Esquizofrenia e internada em hospitais psiquiátricos diversas vezes. Scott nunca parou de escrever, mas o sucesso de seu primeiro romance nunca foi repetido. Ele também foi hospitalizado diversas vezes causa do alcoolismo.

De volta aos Estados Unidos, em 1931, enquanto internada por causa de sua doença mental, Zelda escreve Save Me the Waltz, um romance semi-autobiográfico sobre sua conturbada relação com Scott, o que o deixa furioso. O motivo? Ela usou trechos dos próprios diários que Scott pretendia usar em obras futuras. Ele então obriga Zelda a remover tais trechos de seu livro, que é publicado.


Em 1937, Scott volta a Hollywood sem Zelda para trabalhar para um estúdio de cinema. Lá, tem um caso conturbado com Sheilah Graham, uma crítica de cinema. Em 39, Fitzgerald começa a trabalhar de forma freelancer e escreve um bom número de histórias curtas. Com uma má-reputação e alcoolismo não tratado de tantos anos, sua saúde mental e física se deteriora. Em dezembro de 1940, F. Scott Fitzgerald falece por causa de um ataque cardíaco, aos 44 anos, com sua última obra, O Último Magnata, ainda inacabada. O livro, contudo, foi publicado um ano depois.

OS ROMANCES DE F. SCOTT FITZGERALD

Este Lado do Paraíso (1920) - no original This Side of Paradise
Belos e Malditos (1922) - no original The Beautiful and Damned
O Grande Gatsby - no original The Great Gatsby (1925)
Suave é a noite - no original Tender Is the Night (1934)
O Último Magnate (1940) - no original The Love of the Last Tycoon

Curiosidade: Fitzgerald escreveu também inúmeros ensaios e histórias curtas. O filme O Curioso Caso de Benjamin Button foi baseado em um conto de mesmo nome do autor.

E essa é a vida (resumida) de F. Scott Fitzgerald, um dos maiores e mais celebrados escritores da literatura americana! Agora quero ouvir de vocês: gostaram da nova coluna #IntroduzindoAutores? E quais escritores desejam conhecer melhor? Não deixem de comentar!

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1 comentários:

  1. Olá Ana Luiza:)
    Adorei a sua nova coluna, mas concordo com aquilo que disse no início, acho melhor pesquisar sobre o autor depois de lermos o livro, porque é inevitável tecer preconceitos contra o autor (alguns têm vidas bem atribuladas e ninguém é prefeito...) e assim, de modo inconsistente, contra a sua obra e os seus personagens.
    Por exemplo, estou a ler "Anna Karénina" e como sei demais sobre Lev Tolstoi é inevitável não perceber que uma das personagens principais do livro, Lévin, é inspirado no próprio autor... Mas mesmo assim estou a amar o livro.
    Beijo
    Mundo da Fantasia

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