A HISTÓRIA
A detetive Jane Rizzoli e a legista Maura Isles investigam mortes há tanto tempo que poucas coisas as surpreendem. Contudo, quando encontram o corpo da jovem Cassandra Coyle sem os olhos, elas logo percebem que não estão diante um caso, ou um assassino, comum. Maura fica obcecada pelo assassinato justamente por não conseguir determinar a forma como Cassandra morreu, já que seus olhos foram arrancados após a morte. Enquanto isso, Jane não encontra nenhum suspeito, Cassandra podia ter um fascínio incomum por filmes de terror, mas não tinha inimigos, dívidas ou qualquer outro motivo para ter sua vida ceifada tão cedo.
É graças a seu passado conturbado com um ex amante que Maura nota algo interessante. O modo como o corpo de Cassandra foi posicionado, com os olhos na mão, lembra a forma particular como uma santa católica (que teve seus olhos arrancados) é retratada. Mas, a pista parece sem saída até que outro assassinato ocorre. Dessa vez, um homem, Timothy McDougal, é deixado em um píer na véspera de Natal com três flechas atravessadas no peito. Mais uma vez a cena do crime lembra a imagem de um santo, mas não há qualquer relação entre as vítimas.
Jane e Maura estão a caça de um assassino em série, mas precisam praticamente fazer um milagre próprio para encontrar as pistas. Qual a motivação do criminoso? Qual a sua ligação com a religião? Como ele escolhe suas vítimas? Conforme as peças vão sendo encaixadas, elas acabam levando a segredos antigos, que muita gente fez questão de deixar bem enterrados. Quando Jane e Maura começam a desenterrar um escândalo esquecido, esbarram com uma jovem que sofreu abuso sexual na infância e que pode ser a próxima vítima. Mas essa mulher sabe mais do que diz e não vai deixar ninguém, nem um assassino em série ou a polícia, intimidá-la.
Enquanto conduzem um dos casos mais complicados de sua carreira, Jane e Maura enfrentam seus próprios problemas. Jane assiste o conturbado casamento dos pais deixar sua mãe a beira de um colapso, enquanto Maura espera que sua mãe biológica, uma assassina condenada, finalmente a deixe em paz. Mais do que isso, Maura lida com uma paixão antiga e proibida, que causa sentimentos mais fortes do que ela desejaria.
A SÉRIE
Segredo de Sangue é o 12º e mais recente volume da série Rizzoli & Isles de Tess Gerritsen. Outros livros da saga foram publicados no Brasil por volta de 2013, contando as histórias dos crimes investigados por Jane Rizzoli e Maura Isles, respectivamente uma detetive e uma legista da polícia de Boston. Os livros, contudo, podem ser lidos de forma independente. E a amizade inusitada em meio a crimes foi parar na televisão em uma série chamada também de Rizzoli & Isles, da TNT, que estreou em 2010 e terminou em 2016, após sete temporadas.
A LEITURA: UMA TRAMA PARA POUCOS
Eu não sabia bem o que esperar de Segredo de Sangue. Eu já havia escutado o nome da série de TV Rizzoli & Isles, mas não conhecia nada sobre. No final, acho que minhas baixas expectativas ajudaram que a minha experiência com a obra tenha sido tão incrível, assim como o fato de que fazia tempo que eu não lia um suspense policial tão bom.
A trama de Segredo de Sangue é bastante intrigante. Para quem gosta de histórias de investigação, o livro é um prato cheio, com detalhes sobre necropsia, busca e apreensão de suspeitos, e muito mais. Tanto que não recomendo a obra para quem tem um estômago mais fraco. A autora não nos poupa dos detalhes sangrentos e violentos, o que, para mim, que não sou tão sensível a esse tipo de coisa, ajuda a deixar a trama mais realista e dramática, sem glamourizar o crime.
E falando dos crimes, eles são elaborados, mas nada muito diferente do que já vimos em outras tramas similares. O mais interessante é a história por trás da motivação dos assassinatos, de como as vítimas estão conectadas graças a um segredo antigo e perigoso. Tudo isso é muito bem amarrado e se desenrola bem, mantendo o suspense e dando uns toques de ação mais para o final da obra. De fato, o início de Segredo de Sangue é um pouco lento, mas lá pela metade a história fica irresistível e corremos para terminá-la. E não sei outros leitores, mas eu me surpreendi bastante com o desfecho, não esperava que o criminoso fosse quem fosse e ainda fiquei chocada com certo aspecto do final que deixa possibilidade para outros livros e mais crimes.
Um ponto positivo de Segredo de Sangue é que, além dos crimes, a obra aborda ainda um pouco da vida pessoal da Maura e da Jane. Infelizmente, para quem, como eu, não leu os livros anteriores, nos perdemos um pouco com menções a acontecimentos de outros volumes. Mas, isso não nos impede de entender a trama como um todo e os conflitos de ambas as protagonistas com suas respectivas mães. Eu gostei bastante dessa trama paralela sobre a vida pessoal das policiais porque ajuda a humanizá-las e mostrar que elas trabalham escavando o lado obscuro da vida das pessoas, mas suas próprias vidas também possuem problemas e obscuridade.
A NARRATIVA E OS PERSONAGENS
Quanto a narrativa em terceira pessoa de Segredo de Sangue, ela é boa e flui bem. A autora escreve de forma bem direta, mas, como já comentei, não poupa detalhes sobre procedimentos investigativos, o que adorei. Tess Gerritsen ainda me conquistou com diálogos divertidos entre as protagonistas, o que ajuda a quebrar um pouco os temas pesados abordados pelo livro. Achei igualmente positivo alguns capítulos narrados em primeira pessoa no ponto de vista de uma personagem essencial para a trama e que nos intriga por sua personalidade complexa.
As protagonistas são bem desenvolvidas. Talvez por não ter lido os outros livros, alguns detalhes sobre a vida e personalidade delas ficaram perdidos para mim, mas consegui me cativar tanto a Jane quanto a Maura. A Jane soa perfeitinha demais para mim, a típica policial durona que só quer o bem de todos e a verdade. Contudo, seu jeito divertido e tiradas sarcásticas deixam a leitura bem mais leve.
Eu gostei mais da Maura talvez justamente por ela ser mais complicada. Com um histórico familiar conturbado e uma história de amor proibido, Maura caminha mais entre a escuridão e a luz, por assim dizer. Sua obsessão com morte a torna uma personagem que nos cativa por suas esquisitices e que fica na memória. Contudo, ela ainda é melhor em parceria com Jane. Elas se equilibram, como a trama, entre curiosidades mórbidas e bom humor, e além disso apresentam uma amizade sincera e fofa.
A EDIÇÃO
Segredo de Sangue apresenta uma boa edição. A diagramação é simples, com um bom tamanho e tipo de fonte, além de bem-vindas páginas amareladas. Eu gostei da capa, ela é sombria e gelada como a história e o balanço faz muito sentido em uma história que envolve um crime envolvendo crianças de uma creche. A contracapa, contudo, me incomodou. Achei estranho esse olho flutuando no meio de galhos de árvore...
CONCLUSÕES FINAIS
Segredo de Sangue era o suspense policial que eu não sabia, mas que estava precisando ler. A obra me relembrou o quanto eu gosto desse tipo de história, com detalhes aprofundados sobre crimes e investigações policiais. Mais do que isso, Segredo de Sangue é um livro sobre, obviamente, segredos e mentiras, um ensaio sobre o comportamento criminoso em forma de uma questão: crianças más crescem para serem adultos maus?
Eu não recomendo o livro para quem não gosta de tramas que detalham certos tipos de violência e crimes. Mas, para quem curte e aguenta uma boa quantidade de sangue, a história tem um final cheio de ação e surpresas, assim como diálogos bem-humorados e a amizade fofa de duas policiais. Eu gostei bastante de Segredo de Sangue e agora estou ansiosa para conferir não só os outros volumes da saga, como a série de TV Rizzoli & Isles.
Título: Segredo de Sangue
Título original: I Know a Secret
Série: Rizzoli & Isles
Volume: 12
Autora: Tess Gerritsen
Editora: Record
ISBN: 9788501109491
Ano: 2017
Páginas: 350
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Record
Compre: Amazon
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