A HISTÓRIA
Nina Redmond vive para a literatura. Ela trabalha como bibliotecária e, no tempo livre, está sempre mergulhada nos livros espalhados por todos os cantos da casa que divide com Surinder, sua melhor amiga. Contudo, apesar de sempre ler sobre finais felizes, a inglesa sente que ainda não encontrou o seu. Mas é só quando a biblioteca pública na qual trabalha fecha e ela perde o emprego que Nina se atreve a começar a pensar seriamente em um sonho que nutriu por muitos anos. Na imaginação de Nina, tudo o que ela precisa para viver são livros, então porque não abrir a própria livraria?
“Quando ficava triste, os livros eram seu consolo; quando se sentia só, eram eles seus amigos. Eram eles que cuidavam do seu coração partido e a encorajavam a manter a esperança quando estava na pior.”
Mas Nina não quer uma livraria qualquer: ela sempre sonhou em montar um negócio viajante. Assim, ela não pensa duas vezes quando vê um anúncio de venda de uma van antiga. O automóvel gigantesco e charmoso seria perfeito para o que ela espera chamar de Pequena Livraria dos Sonhos. Há um problema, entretanto: a van está na Escócia e o seu dono não parece tão animado em vendê-la para uma inglesa diminuta. Contudo, quando coloca seus olhos na van, Nina sabe que precisa do automóvel e não se apaixona só por ele, mas pela cidadezinha escocesa na qual a encontrou.
Assim, Nina comete uma loucura digna dos livros: ela gasta todas as suas economias na compra da van, se muda para a Escócia e começa uma livraria itinerante. Apesar de completamente aterrorizada, ela rapidamente começa a se apaixonar pelas belas montanhas do seu novo lar e por seu povo hospitaleiro e gentil. Bem, exceto por seu senhorio, Lennox, um fazendeiro muito bonito, mas rude e que diz que só se importa com seus animais, mas que parece estar observando cada movimento dela. Mas, Nina acaba encontrando um pouco de romance proibido digno dos livros quando seu caminho cruza com o de Marek, um charmoso maquinista de trem. A coisa toda logo parece tão romântica e maluca quanto nas histórias de amor que Nina lê... mas o destino ainda guarda muitas surpresas para os próximos capítulos da vida da jovem leitora.
A SÉRIE E EXPECTATIVAS PARA A LEITURA
A Pequena Livraria dos Sonhos é parte do que, até agora, parece ser uma duologia chamada Scottish Bookshop. No primeiro livro conhecemos a história de Nina e sua van. No segundo, The Bookshop on the Shore, ainda não publicado no Brasil, é a vez de Zoe, uma mãe solo se mudar para a Escócia. Tudo que a mulher queria era fugir da loucura de Londres, mas acaba encontrando ainda mais confusões como babá de três crianças em um castelo escocês. Mas, para a sorte de Zoe, ela logo encontra uma aliada na dona da livraria local, Nina.
“Nina acreditava de coração que havia um livro perfeito para cada pessoa.”
Eu adoro livros em que os protagonistas também são leitores ávidos, por isso fiquei imediatamente curiosa para ler A Pequena Livraria dos Sonhos logo que li a sinopse da obra pela primeira vez. O fato de parte da história se passar na Escócia também foi um incentivo, já que eu sabia que podia esperar belas paisagens e escoceses apaixonantes e divertidos. E quanto ao cenário, A Pequena Livraria dos Sonhos não me decepcionou, mas outros aspectos da obra deixaram a desejar.
A LEITURA: NARRATIVA
A TRAMA
O começo de A Pequena Livraria dos Sonhos estava no ponto certo: foi incrível acompanhar a mudança maluca de Nina e impossível não querer, como ela, se mudar para Escócia e abrir uma livraria em uma van. Contudo, o que parecia ser uma aventura insana que geraria problemas gigantescos é resolvida muito rápido. Nina se adapta com facilidade a Escócia e seu negócio logo começa fazer sucesso. Foi um pouco desanimador até que o conflito se desenrolasse dessa maneira, além de irrealista. Eu gostaria de ter visto Nina trabalhar mais para transformar sua livraria em um sucesso, assim como ver um embate mais profundo entre ela e a cultura escocesa.
A segunda metade de A Pequena Livraria dos Sonhos, tendo o grande sonho de Nina se realizado como um passo de mágica, é concentrada na vida amorosa da protagonista, o que não é ruim, mas só não se desenvolveu bem. Algo positivo que tenha a dizer sobre o romance de A Pequena Livraria dos Sonhos é que ele é, em alguns momentos, inesperado. Primeiro que há dois possíveis pares românticos para Nina, mas nenhum deles acaba sendo secretamente um vilão. Felizmente não há um triângulo amoroso (que hoje em dia não curto muito), e um dos mocinhos foge bastante do padrão para livros do gênero.
Contudo, sendo sincera, nenhum dos heróis de A Pequena Livraria dos Sonhos me cativou. A química entre eles e Nina é diminuta, além de que ambos os relacionamentos se desenvolvem rápido demais e, assim, não convencem. A sensação que tive é que a autora tinha essa ideia incrível sobre uma garota que transformou uma van em uma livraria, mas que sentiu que precisava enfiar romance no meio, como se um final feliz não fosse mesmo feliz se a mocinha não encontrasse um homem. Eu acho que a obra teria sido bem mais rica se, no final, Nina descobrisse que apesar do que os romances que tanto ama diziam, ela poderia ser verdadeiramente feliz sozinha com sua livraria, exercendo a nobre missão de levar a leitura para pessoas em lugares remotos... Mas não é o que acontece e a mocinha encontra seu amor no desfecho de A Pequena Livraria dos Sonhos, mesmo ele não soando muito convincente para mim.
OS PERSONAGENS
A Pequena Livraria dos Sonhos deixa a desejar em questão dos personagens. Apesar de ter me identificado bastante com o amor de Nina pela literatura, a personalidade da mocinha me soou fraca e sem graça. Além da paixão por livros, Nina não tem hobbies, ambições, segredos, defeitos, nada disso. Ela é pouco marcante ou mesmo divertida. Dos mocinhos, Lennox é bem clichê (o fazendeiro rico e bonito, mas rude), enquanto Marek é interessante (um maquinista de trem estrangeiro), mas tem um desenvolvimento que não curti muito.
Os secundários do livro são mais interessantes que Nina, mas infelizmente não ganham muito espaço para se desenvolver. Eu adorei Surinder, a melhor amiga maluquinha e extrovertida de Nina, que merecia muito bem seu próprio livro de romance. Outras personalidades da cidadezinha para qual a protagonista muda também me encantaram, como Ainslee, a adolescente cínica que vai trabalhar para Nina.
CONCLUSÕES FINAIS
A Pequena Livraria dos Sonhos tem vários momentos divertidos e uma narrativa cativante que prende o leitor. Além das belas paisagens da Escócia, a obra também é interessante por suas muitas referências a literatura e por falar o quanto os livros são importantes para a vida das pessoas. Contudo, a protagonista é sem graça e não tem química com seus pretendentes. O aspecto romântico do livro soa forçado e, honestamente, torci para que a mocinha terminasse o livro sozinha.
Infelizmente, eu esperava mais de A Pequena Livraria dos Sonhos. O livro me deixou com vontade de largar tudo e montar uma livraria em uma van na Escócia? Sim. Mas a leitura se tornou arrastada na última metade da obra, que não é do tipo que te deixa louca por uma releitura. Assim, a recomendo sem muito entusiasmo. Quem gosta de livros com personagens leitores e que ficaram com vontade de ler o livro deveriam ariscar e tirar suas próprias conclusões. Mas confesso que ainda assim eu daria uma chance para o segundo livro da série...
A EDIÇÃO
Li A Pequena Livraria dos Sonhos em e-book, então não posso comentar sobre a versão física. Quanto a tradução, ela está excelente e não encontrei erro qualquer no texto. Eu gosto bastante da capa do livro, as ilustrações são fofas e trazem todos os elementos mais importantes da história, como a van de Nina e seus livros.
QUOTES FAVORITOS
“- Você nunca fez uma sugestão de mudança na biblioteca, nunca reclamou de nada, nunca ficou mais tempo na rua durante um treinamento de incêndio para tomar um cafezinho... nada. Sempre foi a Rainha da Perfeição Corporativa, Miss Bibliotecária Exemplar... e agora quer comprar uma van e sair por aí vendendo livros? Para se sustentar?
– Parece tão louco assim?
– Parece – respondeu Griffin.”
“– Bom. Sempre pensei que, se eu tivesse uma pequena livraria... e tudo o que eu sempre quis foi uma bem miudinha... eu poderia chamar de... Pequena Livraria dos Sonhos.”
“E quando Nina olhou a pequena cidade brilhando ao sol, percebeu um detalhe interessante. Todo mundo à sua volta estava lendo. Pessoas no jardim de casa. Uma senhora na cadeira de rodas diante do monumento de guerra. Uma menininha no balanço que se balançava, distraída, completamente absorta em um clássico da literatura infantil que tinha na capa justamente uma menininha no balanço. Na padaria, alguém ria de uma revista em quadrinhos; na banquinha de café, a barista tentava ler e preparar um cappuccino ao mesmo tempo. Nina ficou abismada. Não podia ser... não era possível que tivesse transformado todos os moradores da cidade em leitores. No entanto, quando abriu a van, mais e mais pessoas vieram vê-la, surpresas por encontrarem a livraria aberta no domingo, e Nina começou a se convencer do contrário.”
“Aquele negócio de autorrealização era difícil demais, pensou ela. Nina mal estava conseguindo ler uma única palavra, e isso foi a gota d’água. Lennox até podia ter arruinado a vida sexual dela, sua paz de espírito, suas esperanças de ser feliz algum dia, seu ganha-pão. Mas NINGUÉM iria arruinar sua leitura.”
Título: A Pequena Livraria dos Sonhos
Título original: The Bookshop on the Corner
Série: Scottish Bookshop
Volume: 1
Autora: Jenny Colgan
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580419535
Ano: 2019
Páginas: 304
Compre: Amazon
*O exemplar digital lido foi uma cortesia da editora Arqueiro
Oi
ResponderExcluirestou curiosa com a leitura, parece ser um livro fofo, que bom que curtiu apesar de ter algumas coisas que acabaram não te agradando, a respeito do romance entendo o que falou, esses tempo li um livro que preferia que a protagonista terminasse sozinha e feliz, mas a autora teve que colocar ele feliz na sombra de um par romântico
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