24.9.18

Resenha: Edenbrooke - Julianne Donaldson


A HISTÓRIA

Marianne Daventry é uma jovem sem grandes ambições. Mas seria pedir demais por uma vida mais animada, ou, pelo menos, mais livre, do que a que tem em Bath? Desde a morte da mãe, o pai de Marianne escapuliu para a França, e sua irmã gêmea, Cecily, para Londres, e a jovem precisa lidar com a avó, a tia e um pretendente indesejado sozinha. Mas, tudo muda do dia para a noite, quando a avó de Marianne anuncia que ela será a herdeira de sua fortuna, e Cecily convida a irmã para ir para a casa de amigos no campo. Assim, com o ânimo renovado, Marianne parte para Edenbrooke, uma bela mansão no interior, com sua dama de companhia fofoqueira.

“Eu queria viver no campo, andar a cavalo, me sentar em um pomar e pintar, cuidar do meu pai. Queria uma sensação de pertencimento, de fazer algo útil e bom com o meu tempo. Mas, acima de tudo, queria ser amada por quem eu era. Minhas ambições pareciam simples e sem graça comparadas às de Cecily. Às vezes, eu temia que eu parecesse simples e sem graça ao lado de Cecily.” pág. 13

Contudo, como nem tudo são flores na vida, Marianne enfrenta um desafio inesperado em sua viagem. A sua carruagem é abordada por um salteador, que rouba seu bem mais precioso (um colar com uma imagem da sua mãe) e atira no condutor. Apesar de aterrorizada, Marianne consegue chegar a estalagem mais próxima e salva a vida do condutor. Lá ela conhece um cavalheiro misterioso e galanteador, que desperta o lado mais atrevido e sensual da garota. E mesmo quando finalmente chega em Edenbrooke, e fica imediatamente apaixonada pela bela propriedade, Marianne continua se esbarrando com esse estranho, o que a colocará em uma divertida e perigosa disputa amorosa. Apesar de se sentir livre e feliz em Edenbrooke, Marianne acabará tendo que enfrentar medos antigos e aventuras recheadas de intrigas e romance.


A LEITURA

Eu fiquei intrigada para ler Edenbrooke desde que o livro foi lançado, mas a obra acabou parada na minha estante por alguns meses. Contudo, finalmente decidi tirar a poeira do livro e devorar essa história, que foi tão deliciosa quanto eu esperava. Edenbrooke é um romance de época único, no sentido de não fazer parte de uma série, mas também de ser bem diferente dos lançamentos recentes do gênero. Sem explorar muito a sexualidade dos personagens, o livro constrói um romance leve e sensual mais próximo das histórias de Jane Austen. Edenbrooke não tem muitos beijos e cenas ardentes, mas nos envolve com a paixão sutil e cavalheiresca do casal.

A obra também se destaca por trazer uma narrativa em primeira pessoa, sobre o ponto de vista da Marianne, o que nos permite conhecer intimamente a personagem, mas limita nossa visão dos acontecimentos e dos outros personagens. A escrita do livro é fluída, contudo, algumas cenas mais movimentadas (como de perseguição e luta) são um pouco confusas de ler, o que não chega a prejudicar a leitura, felizmente. O bom de Edenbrooke é justamente o fato da trama misturar bem romance, comédia, ação e, ainda, pitadas de suspense. Temos diálogos rápidos e divertidos entre Marianne e seu mocinho, e também encontros e desencontros amorosos, com direito a heroína caindo em rios e cavalgando sozinha com seu par. 

A história de Edenbrooke ainda traz alguns mistérios, como a identidade do cavalheiro que ajuda Marianne e as intenções sombrias de alguns personagens. O livro tem vários altos e baixos e, apesar de algumas reviravoltas serem previsíveis, a leitura é bastante cativante e emocionante. A história é bem amarrada também, e acontecimentos aparentemente irrelevantes do início voltam a tona no final, nos pegando de surpresa. Outro ponto positivo da obra são seus belos cenários, é impossível não ficar com vontade de, como a mocinha, explorar uma bela mansão no interior da Inglaterra, com seus pomares tranquilos e campos relaxantes. A leitura de Edenbrooke, além de gostosa, foi bastante rápida e tranquila. Devorei o livro em poucas horas e terminei com o coração quentinho e um gostinho por mais.


OS PERSONAGENS

Edenbrooke também acerta em seus personagens. Os protagonistas são muito bem desenvolvidos e, mesmo não tão complexos quanto, os secundários são cativantes e interessantes também. Tanto que fiquei com pena da obra não fazer parte de uma série. Gostaria de conhecer a história pessoal das figuras menores do livro, especialmente da irmã gêmea da mocinha. Apesar de Cecily tratar mal a irmã em alguns momentos, senti que Marianne foi injusta em retratá-la sempre como uma jovem fútil só porque suas ambições eram diferentes. Seria divertido ver um romance só da Cecily, o que, pelo vi, nunca vai acontecer, já que a autora não pretende escrever mais livros no universo de Edenbrooke...

Focando nos protagonistas do livro, Marianne é tão cativante quanto seu mocinho, cuja identidade prefiro não revelar para não estragar a leitura de ninguém (nem é uma revelação tão surpreendente, mas é divertido ver Marianne se surpreender quando descobre quem o sedutor cavalheiro da estalagem é). A nossa mocinha, a início, parece ser o clichê perfeito da heroína frágil e inocente. E mesmo sendo realmente uma pessoa sem maldade, Marianne não tem nada de frágil e prova (assim como fala) logo nas primeiras páginas que não é uma donzela em perigo. Inteligente e introvertida, Marianne gosta da vida no campo e de ambientes quietos, o que não deixa sua língua menos afiada ou faz com que se intimide com o mocinho.

“- Não é isso que faz um cavalheiro? Resgata uma donzela em perigo? - Seu tom era leve, mas os olhos demonstravam solenidade.
- Não sou uma donzela em perigo – falei com uma risada.
- Mas eu estou tentando provar que sou um cavalheiro.” pág. 49

Gostei que Marianne sempre responde o cavalheiro em questão a altura, provocando-o na mesma medida. Ao longo do livro, claro, a jovem aprende a se abrir mais e que mostrar suas fragilidades não a faz fraca, e sim mais forte. O mocinho do livro também aprende algumas lições durante Edenbrooke, em especial, que merece ser feliz como qualquer outro. Igualmente inteligente, o herói é um galanteador de bom coração, que provoca Marianne o tempo todo, mas que sempre faz a coisa certa. Em resumo, eles formam um casal perfeito: fofo, divertido e sensual. Apesar de se apaixonarem rapidamente, eles só ficam juntos mesmo no final, após uma divertida e emocionante aventura amorosa.


A EDIÇÃO

Não tenho reclamações quanto a edição de Edenbrooke. A tradução é excelente e o texto não apresenta erros. A diagramação traz alguns detalhes fofos, assim como um bom tamanho e tipo de fonte, e páginas amareladas. Eu adoro a capa de Edenbrooke, além de bonita e com um bom uso de tons de verde, azul, amarelo e branco, ela combina perfeitamente com a trama ao retratar uma garota andando pela natureza em vestidos de época e uma mansão luxuosa.

CONCLUSÕES FINAIS

Em resumo, Edenbrooke é um romance de época diferenciado. Em primeiro lugar, a narrativa em primeira pessoa nos deixa mais próximos da mocinha e torna os mistérios que o livro guarda bem mais interessantes, mesmo a escrita limitando nossa visão da trama. Em segundo, a obra não é tão sexualizada como outros livros do gênero, então é um romance leve e sutil que nos lembra muito obras como as de Austen. Apesar de a escrita ser confusa em momentos de ação, é positivo que Edenbrooke traga cenas tão movimentadas de luta e fuga, assim como de encontros românticos no campo, discussões acaloradas e divertidas na biblioteca, e ainda bailes suntuosos. O casal do livro é bastante cativante, assim como os personagens secundários. Em resumo, Edenbrooke é uma leitura rápida e deliciosa, além de relaxante, quase que como uma viagem descontraída para o campo inglês, que recomendo sem restrições.


Título: Edenbrooke
Título original: Edenbrooke
Autora: Julianne Donaldson
Editora: Universo dos Livros
ISBN: 9788550301556
Ano: 2017
Páginas: 304
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