11.8.18

Os 7 livros mais bem escritos que já li


Algumas histórias nos marcam por seus momentos inesquecíveis ou personagens cativantes. Outras, por sua narrativa única ou inusitada. Cada leitor terá uma resposta diferente quando questionado sobre o que é um livro bem escrito, afinal, cada pessoa é atingida de maneira diferente por uma obra. Mas, para mim, um livro bem escrito não necessariamente se limita apenas uma narrativa bonita, poética, refinada ou inteligente. Além de tudo isso, um livro bem escrito, para mim, é aquele que consegue nos envolver profundamente na história, mesmo que use uma linguagem muito simples e um estilo nem um pouco rebuscado. 

Se, enquanto leio um livro, consigo imaginar perfeitamente as cenas e personagens narrados e, mais do que isso, me sentir na pele dos protagonistas e nos lugares descritos, esse livro foi bem escrito, com certeza! E eu já li muitos livros assim, mas alguns se destacaram com narrativas únicas que, mesmo depois de muito tempo, ainda consigo me lembrar do quanto me impactaram. E, pensando nisso tudo, resolvi reunir em uma listinha alguns dos livros mais bem escritos que já li! E já aviso que as recomendações são diversas, desde obras voltadas para jovens até clássicos cults e distopias que viraram série de TV! Sem mais delongas, conheçam as obras:

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“Outras meninas pequenas tinham medo do escuro, cresciam e deixavam seus medos para trás. Liz tinha medo do silêncio e segurava seus medos com tanta força que eles cresciam, cresciam e a engoliam.”

Quando Tudo Faz Sentido - Amy Zhang

A escrita de Amy Zhang em Quando Tudo Faz Sentido é tão cativante que logo nas primeiras páginas fiquei presa ao livro, só conseguindo largá-lo algumas horas depois, quando o terminei. O único defeito da obra é ter personagens bastante adolescentes, com os quais os leitores mais velhos talvez não se identifiquem. Contudo, de resto, o livro é incrível. Quando Tudo Faz Sentido tenta nos fazer desvendar o mistério de porque a garota mais popular da escola, com a vida aparentemente perfeita, tentou se matar. Apesar de abordar temáticas tensas e importantes, como bullying, depressão, suicídio, bulimia, drogas, aborto, etc, a leitura é leve e bastante rápida. Isso se deve a incrível narrativa do livro, que é feita pela perspectiva da amiga imaginária da protagonista. Zhang narra Quando Tudo Faz Sentido de forma bastante reflexiva e poética, uma escrita sensível perfeita para uma obra com temáticas tão delicadas.


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“Éramos as pessoas que não estavam nos jornais. Vivíamos nos espaços em branco não preenchidos nas margens da matéria impressa. (...) Vivíamos nas lacunas entre as matérias.”

O Conto da Aia - Margaret Atwood

Alguns autores são bons em criar histórias, outros em narrá-las, Margaret Atwood é uma das raras escritoras que sabe fazer os dois com perfeição. A leitura de O Conto da Aia, apesar de ser intrigante, não é rápida. O livro, pelas temáticas de sua história e a forma que ela é narrada, precisa ser digerido devagar, com paciência. É fato que O Conto da Aia causa mal-estar durante a leitura, o que só prova o talento de Atwood. Uma distopia sobre a tomada do poder por um partido totalitário, que tira todos os direitos das mulheres e transformam-as em enfeites de casa, empregadas e escravas reprodutoras, não poderia ser uma leitura fácil. 

Mas, Margaret Atwood compensa tudo isso com uma narrativa lírica, quase que poética, que não tira a seriedade da trama, mas a torna algo bonito de ler. Com muitos simbolismos, metáforas e comparações, além de flashbacks constantes e descrições minuciosas, Atwood nos consegue transportar para a cabeça da protagonista/narradora, nos permitindo sentir o medo e a tensão que ela sente. O que torna O Conto da Aia um livro não tão fácil de ler, mas uma leitura muito enriquecedora e tão bela quanto brutal.

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“Sei que escrevi cartas para pessoas sem endereço neste mundo. Sei que vocês estão mortos. Mas posso ouvir vocês. Ouço todos vocês. Nós estivemos aqui. Nossa vida teve valor."

Carta De Amor Aos Mortos - Ava Dellaira

Apesar da trama não muito surpreendente, Carta de Amor Aos Mortos cativa bastante por sua narrativa. O livro não é o meu favorito da Ava Dellaira, mas sua escrita nessa obra é algo único. Leve e fluída, mas muito poética, a narração epistolar (através de cartas) em primeira pessoa de Carta de Amor Aos Mortos consegue nos fazer mergulhar dentro da cabeça da protagonista e seu modo único de ver e sentir o mundo. Desde os primeiros parágrafos percebemos que o livro tem um ar melancólico e saudoso, mas o engraçado é que, mesmo causando algumas lágrimas, a obra não chega a ser realmente triste.

Eu me cativei muito com a história e a dor da Laurel, tanto que chorei com Cartas de Amor Aos Mortos como não chorava com nenhum livro há tempos. Mas, mesmo assim, fiquei, em grande parte da leitura, com um sorriso no rosto e em nenhum momento me senti mal, para baixo, por causa da leitura. Cartas de Amor Aos Mortos é uma história melancólica, mas belíssima de uma garota em busca de si mesma depois da morte da irmã. O livro aborda as muitas dúvidas e incertezas do universo adolescente, mas também questões que marcam todas as idades como luto, perdão, aceitação, superação, abuso e mais. Emocionante, brutalmente honesto e bastante lírico, é uma recomendação que faço para todos!

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“Aqui estou eu no limbo do vício: enjoado demais pra dormir, cansado demais pra ficar acordado. Um mundo além da imaginação onde nada é real pros meus sentidos, exceto a onipresença do sofrimento e da dor esmagadora no meu corpo e na minha mente.”

Trainspotting - Irvine Welsh

Outra escrita que consegue fazer o leitor se sentir na pele dos personagens é a de Irvine Welsh em Trainspotting. O clássico cult conta as aventuras e desventuras de um grupo de jovens amigos escoceses viciados em drogas. Uma leitura dura e algumas vezes nauseante, Trainspotting é uma reflexão sobre o vazio existencial da geração que retrata, mostrando suas vidas frívolas preenchidas por um prazer químico, sentimentos superficiais, relações quebradas e por muita desesperança. 

A obra também é, claro, uma crítica ao sistema social e econômico, igualmente fraturado e cruel, que empurra parte da população para esse lugar violento de miséria financeira, moral e emocional. E, para uma história tão tensa como essa, a narrativa de Irvine Welsh é perfeita. Alternando o foco narrativo entre um personagem e outro conforme os capítulos passam, o autor esbanja um vocabulário agressivo, cheio de gírias e palavrões, que consegue não só agregar a personalidade de cada personagem a sua narrativa, mas também nos presentear com uma escrita recheada com uma ironia bastante ácida. Trainspotting não é um livro fácil, mas é daquelas história que todo mundo deveria ler pelo menos uma vez na vida.

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“É incrível que relacionamentos podem se formar e durar sob as limitações de nunca se saber totalmente. Nunca saber ao certo quem uma pessoa é.”

Eu Estou Pensando Em Acabar Com Tudo - Iain Reid

Se você acha o título desse livro intrigante, saiba que a trama e a narrativa são igualmente inusitadas e cativantes. A história é contada pela namorada de um cara chamado Jake, uma garota sem nome e da qual não sabemos muito. A garota quer terminar seu relacionamento com Jake (daí o nome do livro), mas não sabe como o fazer. Para piorar, ela anda recebendo telefonemas assustadores e bizarros. A escrita de Iain Reid é muito boa e tão peculiar e intrigante quanto sua obra. O autor não se prende a muitos detalhes e com idas e vindas no tempo, vai misturando passado e presente em uma narrativa tensa e engenhosa. A narrativa de Eu Estou Pensando Em Acabar Com Tudo traz os pensamentos inquietos e rápidos da narradora, o que deixa a leitura rápida e movimentada, e nos faz sentir como se estivéssemos sendo sugados para um jogo mental perigoso e assustador com os personagens. Apesar de não dar medo, esse terror psicológico é intrigante e inusitado de muitas maneiras e merece a leitura.

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“Você está apodrecendo e não consegue parar. Olhe no espelho e veja um fantasma. Escute cada batida do seu coração gritar que tudoabsolutamentetudo está errado com você. 'Por quê?' é a pergunta errada. Pergunte 'Por que não?'.”

Garotas de Vidro - Laurie Halse Anderson

É engraçado como algumas narrativas são tão poderosas que, anos depois da leitura, você ainda consegue lembrar algumas frases do livro, além do modo como se sentiu enquanto lia. E de todos os livros da lista, Garotas de Vidro é o que mais me causou essas sensações. Apesar de adolescente, a obra de Laurie Halse Anderson é única e marcante. O livro conta a trajetória perigosa e sombria de uma jovem com anorexia, que tenta lidar com seu distúrbio alimentar ao mesmo tempo em que digere a morte da sua melhor amiga. Narrado em primeira pessoa, Garotas de Vidro nos faz sentir dentro da cabeça da personagem e, mais do que isso, nos faz sentir tudo o que ela está sentindo. Com muitas metáforas, a escrita da Anderson nesse livro é bastante lírica, mas sombria e dolorosa até, assim como viciante e poderosa. Essa é mais uma obra que acho que todo mundo deveria devorar, ainda mais os jovens. Apesar de que, hoje, compreendo que Garotas de Vidro pode ser gatilho para quem passa ou passou por um transtorno alimentar, algo que não me ocorreu quando li a obra seis anos atrás, quando eu tinha apenas 14...

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“As coisas que sinto não podem ser traduzidas em palavras, ou, se podem, são palavras numa língua que ninguém pode compreender. Minhas emoções têm o dom bíblico de falar idiomas desconhecidos.”

O Fundo É Apenas O Começo - Neal Shusterman

Outra obra que recomendo fortemente para os jovens, mas que acaba agradando a todas as idades é O Fundo É Apenas O Começo. O livro de Neal Shusterman é uma profunda e sombria viagem a mente de um garoto com transtornos mentais. Fragmentado entre realidade e delírio, entre dor e medo, o protagonista nos faz refletir bastante sobre o que é sanidade e, principalmente, como é conviver com uma doença mental em todos âmbitos da vida: pessoal, familiar, social, etc. E grande parte do motivo de O Fundo É Apenas O Começo cativar tanto se deve a sua narrativa. 

A narrativa em primeira pessoa de Shusterman é recheada de metáforas e referências. O autor nos leva para o mundo confuso do protagonista, onde obsessão, paranoia e, principalmente medo, rapidamente tomam cada aspecto da vida, real e imaginária, do jovem. Com capítulos bastante curtos, e alternados entre a vida real do herói, e sua vida em um navio imaginário, tornam a leitura viciante, além de bastante rápida. Desafiador, intrigante, sombrio, sensível e poderoso... São muitos os adjetivos para elogiar o incrível O Fundo é Apenas o Começo.

Essa foi a lista e as indicações de hoje! Tenho certeza que vocês conhecem quase todos os livros que indiquei, então quero saber, vocês também curtem essas obras? Concordam comigo que todas possuem narrativas bastante poderosas e únicas? E quais os livros mais bem escritos que vocês já leram? Comentem aí embaixo!

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