A HISTÓRIA
Lady Isobel está noiva desde os 11 anos de idade e, há nove, espera para que seu noivo, Lucien, o conde d’Averyon, se case com ela. Depois de tanto tempo confinada em um convento, Isobel está ansiosa para começar a vida para a qual foi criada, como Condessa e esposa. Contudo, já a ideia de ser mãe a assusta. Isobel viu a própria progenitora se exaurir e morrer ao tentar lhe dar um irmão, e não deseja o mesmo para si.
Após um ano desde a morte de sua primeira esposa, Lucien finalmente aceita chamar sua nobre noiva para vir ao seu encontro. Contudo, sua falecida mulher, que era obcecada por poções e ervas, e o enganou para o levar ao altar, fechou o coração de Lucien para o amor. De qualquer maneira, o casamento com lady Isobel é mais um negócio de família do que outra coisa. Mas, então porque ele se sente culpado que ela não saber que ele já foi casado?
Quando vê a noiva, depois de 9 anos separados, Lucien logo percebe que Isobel se tornou uma bela mulher, e nem um pouco submissa e tímida como ele esperava. Dona do próprio nariz e curiosa para saber tudo sobre o noivo, Isobel provoca desejo e algo mais em Lucien. A mulher também se sente atraída pelo noivo, e igualmente intrigada para saber o que suas maneiras galantes e autoritárias escondem. Isobel teme se apaixonar pelo ambicioso campeão de torneios, enquanto Lucien não quer ser cativado e novamente enganado por uma mulher. Mas será que o casal conseguirá evitar o surgimento de tais sentimentos?
A SÉRIE
O Campeão de Lady Isobel é o primeiro dos cinco livros da série Cavaleiros de Champagne, da Carol Townend. Apesar de interligadas, as obras são independentes e podem ser lidas fora de ordem. A saga se passa na França do século 12 e retrata as histórias de amor de um grupo de amigos, cavalheiros nobres da região de Champagne, guerreiros e campeões de torneios, que se encantam com mulheres corajosas e surpreendentes.
A LEITURA
Eu fiquei curiosa para ler a série Cavaleiros de Champagne assim que a conheci. São poucos os romances de época lançados no Brasil que se passam na Era Medieval, e ainda menos na França. A saga parecia prometer histórias de amor emocionantes, cheias de reviravoltas e surpresas. Assim, criei altas expectativas para o primeiro volume da série, O Campeão de Lady Isobel e, infelizmente, acabei decepcionada.
A leitura de O Campeão de Lady Isobel é um pouco lenta e não tão cativante assim. Demorei quase uma semana para terminar o livro, um tempo longo para romances de época que, geralmente, devoro em um ou dois dias… Logo nas primeiras páginas da obra, me vi com dificuldades quanto a narrativa. Na verdade, não é bem possível dizer se o problema é a escrita da autora, ou a tradução, mas é fato que as palavras não fluem. A linguagem, em especial os diálogos, soa artificial e a narração em terceira pessoa se perde muito nas divagações internas repetitivas dos personagens.
Quanto a história, ela é bastante movimentada, mas previsível. Apesar da narrativa arrastada, a trama em si se desenvolve com rapidez e consegue equilibrar o romance com bastante drama e um pouco de mistério. Em primeiro plano, acompanhamos o tortuoso relacionamento de Isobel e Lucien, cada um com seus segredos e inseguranças. Paralelamente, a história é apimentada com o roubo de uma relíquia religiosa e até mesmo assassinato.
OS PERSONAGENS
Acho que o maior problema de O Campeão de Lady Isobel são seus personagens. Eles são extremamente clichês e reproduzem ideais com os quais não concordo. Inclusive, cheguei a imaginar que a obra era mais antiga do que era, mas o aspecto especialmente misógino do livro não é justificado pela publicação, já que originalmente O Campeão de Lady Isobel chegou as prateleiras norte-americanas em 2013.
Começando por lady Isobel, ela é um jovem extremamente inocente, cujo sonho é consumar seu casamento e ocupar o papel para o qual foi criada. E não há nada de errado nisso. A parte que não me agradou foi a mocinha do início do livro, que perseguia ladrões e desobedecia freiras, acabar se tornando uma esposa submissa, que vive para agradar o marido. Ver Isobel perder o pouco empoderamento que tinha foi irritante, mas não mais que o próprio marido da moça.
A primeira coisa que me fez odiar Lucien foi sua raiva da falecida esposa. Em vários momentos ele a usa para justificar comportamentos errados, culpando a moça por tê-lo enganado para que se casassem. Mas, a narrativa dá a entender que Morwenna, sua primeira esposa, não era uma bruxa maligna como Lucien prega. Pelo o que foi descrito, facilmente concluímos que ela tinha algum tipo de doença mental que a fez se isolar do mundo, situação que só se agravou com a rejeição do próprio marido e da vila onde moravam.
Me irritei com o paralelo que a autora traçou, com Isobel de um lado, a jovem inocente que só quer agradar o cônjuge, a única a conseguir fazer lado amoroso e familiar de um homem desabrochar, e Morwenna no outro extremo, a bruxa sexualmente experiente enganadora de homens com uma vida e morte trágicas. Além de disseminar um imaginário cruel e errôneo que separa e diminui as mulheres, a autora ainda faz um desfavor para a luta pela humanização dos acometidos por doenças mentais.
E o Lucien por si mesmo é difícil de defender. Ele não só tem esse discurso de ódio com uma mulher que não conseguiu o satisfazer por estar doente, como ainda age de forma autoritária e fria com a nova esposa. Ele amadurece um pouco ao longo da história, mas não deixa de ser um chato que quer controlar Isobel e usá-la para satisfazer seus desejos. O Campeão de Lady Isobel tem até alguns personagens secundários intrigantes, como Elise e Clara, que já sei que veremos nos próximos livros. Contudo, os coadjuvantes não ganham tanto espaço na trama, apesar de agregar um ou outro momento de diversão e intriga para a história.
A EDIÇÃO
A diagramação de O Campeão de Lady Isobel é simples. As páginas cor de creme não trazem muitos detalhes e a fonte é de um bom tipo e tamanho. Como disse, o texto como um todo soa estranho, mas não sei dizer se é um problema de tradução ou da própria narrativa da autora. A capa é o maior ponto positivo da edição de O Campeão de Lady Isobel: ela é linda, chamativa e delicada, perfeita para um romance de época.
CONCLUSÕES FINAIS
É triste quando pegamos um livro, ainda mais um romance de época (um dos meus gêneros mais queridos) com muitas expectativas e acabamos frustrados no final. O Campeão de Lady Isobel não é um livro ruim, mas não chega também a ser bom. A capa é bonita e a história movimentada, assim como o cenário incomum (a França medieval) são os maiores pontos a favor do livro. Mas, em compensação, o texto não flui e os protagonistas transmitem ideais machistas que dão uma sensação de desconforto durante a leitura. Apesar da minha experiência decepcionante com O Campeão de Lady Isobel, pretendo dar uma chance para, pelo menos, mais um ou dois livros da saga. Quem sabe a autora não consiga se mostrar mais amadurecida e sua história mais cativante nos volumes seguintes de Cavaleiros de Champagne?
Título: O Campeão de Lady Isobel
Título original: Lady Isobel's Champion
Série: Cavaleiros de Champagne
Volume: 1
Autora: Carol Townend
Editora: Harlequin
ISBN: 9788539825585
Ano: 2018
Páginas: 256
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