A HISTÓRIA
Hugo Emes ganhou o título de lorde Trentham por seu triunfos nas guerras napoleônicas. Mas, conduzir a missão suicida que custou a vida de muitos homens e o fez ser conhecido como herói foi demais para sua mente. Felizmente, ele conseguiu aprender a lidar com trauma e sua culpa durante a estada na casa de um amigo, à beira do mar. Lá, fez amigos entre aristocratas que, como ele, foram despedaçados pela guerra. Agora, Hugo lida com um novo conflito: um ano após a morte do pai, ele sabe que precisa sair de seu refúgio seguro e assumir os negócios da família e seu lugar na sociedade. E, para isso, ele conclui que precisa de uma esposa.
Lady Gwendoline Muir é uma jovem viúva que acreditava que havia superado a trágica morte do marido. Mas, seu tornozelo manco é uma lembrança do fim sombrio de seu casamento, assim como a tristeza profunda que a toma quando ela vai visitar uma amiga antiga que acabou de perder o marido. Gwendoline viu todos os seus parentes encontrarem grandes paixões, mas não acha que há uma segunda chance para ela no amor, muito menos no casamento. Entretanto, tudo muda quando ela machuca o pé e é resgatada por um homem que está longe de ser um herói. Carrancudo e honesto de uma maneira desconcertante, lorde Trentham assusta Gwendoline de início. Depois, ele a intriga.
“-(...) Quando duas pessoas não são perfeitas uma para a outra, mas estão apaixonadas, costumam se mostrar mais bem-preparadas para encontrar qualquer obstáculo no caminho e lutar com todas as armas de que dispõem.” pág. 201
Apesar de seu jeito pouco educado, Hugo esconde um lado gentil e empático de quem já sofreu muito e aprendeu a seguir em frente. Como Gwendoline, Hugo sabe o que é a dor e sabe que ninguém pode se esconder nela para sempre. A princípio, ele imagina que Gwendoline é o tipo de mulher aristocrata mimada que ele sempre odiou. Entretanto, rapidamente, percebe que ela é apenas alguém otimista e com uma paixão por viver que ele poderia aprender a ter também. Assim, é inevitável que se sintam atraídos um pelo outro. Mas, o casal tem noção de que é extremamente inadequado. Além de serem de mundos diferentes, Hugo procura por uma esposa, e Gwendoline não quer voltar ao altar. Eles lutam contra seus sentimentos, mas será que há como fugir de um amor tão profundo?
A SÉRIE E O UNIVERSO REGENCIAL DE MARY BALOGH
Uma Proposta e Nada Mais é o primeiro dos sete volumes da série O Clube dos Sobreviventes. Apesar dos livros independentes, a saga de Mary Balogh é completamente interligada. Em cada uma das obras acompanhamos a história de amor de um dos indivíduos de um grupo de amigos, seis homens e uma mulher que, de alguma forma, sofreram algum tipo perda, ferimentos e traumas profundos durante as Guerras Napoleônicas. Com histórias intensas e cativantes, a série aborda temas como luto, recuperação, segundas chances e a perseverança do amor.
“Eram sobreviventes e tinham força para levar a vida adiante. Contudo, de uma forma ou de outra, também carregavam cicatrizes. Entre eles, não precisavam esconder isso. Certa vez um deles chamara o grupo de Clube dos Sobreviventes, e o nome ficara, pelo menos entre eles.” pág. 6
Contudo, O Clube dos Sobreviventes ainda tem ligações com outras duas séries da autora. O duque de Bewcastle e sua esposa, protagonistas do sexto livro da saga Os Bedwyns aparecem rapidamente em Uma Proposta e Nada Mais. E há várias menções às emocionantes histórias de amor do irmão e da amiga de Gwendoline, que, curiosamente, são os protagonistas dos livros One Night for Love e A Summer to Remember, uma duologia prequel à série dos Bedwyns, ainda não publicada no Brasil.
Conheça os demais volumes da série:
- Um Acordo e Nada Mais - vol. 2
- Uma Paixão e Nada Mais - vol. 4
Conheça os demais volumes da série:
- Um Acordo e Nada Mais - vol. 2
- Uma Paixão e Nada Mais - vol. 4
A LEITURA: NARRATIVA, TRAMA E REFLEXÕES
Eu estava curiosa para ler Uma Proposta e Nada Mais. Apesar de ter me desanimado no meio da série Os Bedwyns, Mary Balogh já havia provado, para mim, sua habilidade em criar romances de época que fogem do óbvio. E, com esse livro e série do Clube dos Sobreviventes não foi diferente. Nessa saga, a autora promete entregar romances recheados de carga emocional ao trazer protagonistas humanos e feridos, com vidas imperfeitas e trágicas, marcadas pela guerra. Isso, claro, agrega um ar um pouco sombrio a trama, mas não a deixa menos divertida.
“Todo mundo tinha os próprios demônios para enfrentar ou não enfrentar, pensou ele. Talvez essa fosse a essência da vida. Talvez a vida fosse um teste para ver como cada um lida com isso e quanta empatia demonstra pelos outros enquanto trilha o próprio caminho.” pág. 166
Mary Balogh consegue equilibrar bem momentos de tensão e tristeza ao abordar os horrores da guerra, com cenas divertidas e descontraídas de romance leve. Em vários momentos me peguei rindo sozinha, ainda mais com os diálogos hilários que os protagonistas trocam. Contudo, senti que a autora “economizou” nas conversas e trouxe uma narrativa (em terceira pessoa) mais introspectiva. Ao mergulhar demais nos pensamentos e sentimentos dos personagens, Balogh deixou a leitura menos movimentada e mais lenta, assim como muito séria em alguns momentos.
Mas, a narrativa mais sóbria é algo bom, já que condiz com a proposta da série de retratar o amor de sobreviventes da guerra e de traumas, assim como agregou reflexões interessantes à trama sobre luto, problemas psicológicos, suicídio, culpa, autoestima, perdão e outros temas mais. Além disso, a trama ainda tem cenas de beijos apaixonados, encontros e desencontros atrapalhados e fofos, assim como um jogo de vontades entre os protagonistas. Eles demoram horrores a aceitar que estão apaixonados, mas a demora condiz com dois protagonistas tão machucados redescobrindo a possibilidade de amar.
Como disse, mesmo mais tensa e dramática em vários momentos, a história consegue ser divertida e bastante cativante, além de surpreendente. Há um bom número de reviravoltas, e o casal segue uma trajetória bem incomum, e marcante, se comparada a outros livros do gênero. Uma Proposta e Nada Mais ainda agrada com cenários diversos e românticos, alguns inusitados, como uma mansão à beira-mar, e outros comuns, como os bailes glamourosos em Londres.
Como disse, mesmo mais tensa e dramática em vários momentos, a história consegue ser divertida e bastante cativante, além de surpreendente. Há um bom número de reviravoltas, e o casal segue uma trajetória bem incomum, e marcante, se comparada a outros livros do gênero. Uma Proposta e Nada Mais ainda agrada com cenários diversos e românticos, alguns inusitados, como uma mansão à beira-mar, e outros comuns, como os bailes glamourosos em Londres.
OS PERSONAGENS
Uma Proposta e Nada Mais têm um grande número de personagens, nem todos muito marcantes. Confesso que tive dificuldade, por exemplo, para identificar quem é quem dos outros homens do Clube dos Sobreviventes que não o Hugo. Contudo, alguns secundários se destacam, como a irmã mais nova fofa de Hugo, e o irmão e a amiga de Gwendoline. Mas, o foco do livro são os protagonistas, que nos soam muito humanos. Eles são imperfeitos e com cicatrizes profundas, mas com as quais vão aprendendo a lidar ao longo do livro.
Hugo, por exemplo, estava pronto para se conformar com um casamento de conveniência quando percebe que poderia ter muito mais e ser amado por quem é. Ele é um homem carrancudo, mas que passa uma mensagem interessante sobre aceitarmos nosso passado e aprendermos a nos perdoar. Eu gostei muito de Gwendoline. Apesar da tragédia em sua vida, ela entende que precisa seguir em frente e não teme a mudança e buscar o que quer. Ela não se deixa dominar pelo gênio de Hugo, ou se conforma com qualquer migalha de amor. Gwendoline é uma personagem feminina forte, mas com fragilidades como qualquer um, o que, em uma mulher da ficção ensina a nós, mulheres da vida real, que não precisamos ser indestrutíveis para sermos donas do nosso próprio nariz. Como casal, Hugo e Gwendoline têm uma trajetória lenta e dramática, mas também romântica e divertida. Eles são aquele tipo de casal que se completa em suas diferenças e imperfeições, e crescem juntos ao longo da trama.
Hugo, por exemplo, estava pronto para se conformar com um casamento de conveniência quando percebe que poderia ter muito mais e ser amado por quem é. Ele é um homem carrancudo, mas que passa uma mensagem interessante sobre aceitarmos nosso passado e aprendermos a nos perdoar. Eu gostei muito de Gwendoline. Apesar da tragédia em sua vida, ela entende que precisa seguir em frente e não teme a mudança e buscar o que quer. Ela não se deixa dominar pelo gênio de Hugo, ou se conforma com qualquer migalha de amor. Gwendoline é uma personagem feminina forte, mas com fragilidades como qualquer um, o que, em uma mulher da ficção ensina a nós, mulheres da vida real, que não precisamos ser indestrutíveis para sermos donas do nosso próprio nariz. Como casal, Hugo e Gwendoline têm uma trajetória lenta e dramática, mas também romântica e divertida. Eles são aquele tipo de casal que se completa em suas diferenças e imperfeições, e crescem juntos ao longo da trama.
A EDIÇÃO
Uma Proposta e Nada Mais têm uma excelente edição. A tradução está perfeita, o texto sem erros e com uma fonte de bom tipo e tamanho. Seguindo a tradição da Editora Arqueiro, a diagramação é simples. A capa, por outro lado, apesar de minimalista, é muito bonita. Gosto do toque antigo do fundo verde com desenhos discretos de flores, assim como da imagem pequena de uma mulher com roupas da época.
CONCLUSÕES FINAIS
Uma Proposta e Nada Mais foge do comum ao seu gênero, e entrega um romance de época dramaticamente real, e divertidamente apaixonante. Ao abordar os traumas que a guerra e a morte deixa nas pessoas, o livro ainda fala sobre culpa, suicídio, doenças mentais, entre outros temas. Contudo, esse lado sombrio e sério da história é abordado em doses moderadas e que passam mensagens positivas de superação e a possibilidade de, com apoio e tratamento, ser capaz de seguir em frente.
Apesar desse lado sério e tenso, a história de Uma Proposta e Nada Mais tem seus momentos de diversão e romantismo, a ponto de me fazer rir sozinha. O maior ponto negativo do livro foi os diálogos curtos e narrativa muito introspectiva e centrada no mundo interior dos personagens, em vez do que estava acontecendo na trama. Contudo, o livro consegue ser engraçado e fofo, ao mesmo tempo em que tenso e dramático, e tem boas reviravoltas. Apesar do muitos personagens que nos confundem a princípio, os protagonistas fortes, mas imperfeito, geram empatia e nos fazem ficar vidrados em sua história. Apesar de não ser perfeito, Uma Proposta e Nada Mais é um romance de época único, uma leitura agradável e que nos faz refletir com suas mensagens de superação. Gostei bastante do livro e estou ansiosa para conferir mais volumes da série O Clube dos Sobreviventes.
QUOTES FAVORITOS
“- Sofremos neste lugar - explicou ele. - Nós nos curamos neste lugar. Desnudamos nossas almas uns para os outros.” pág. 45
“- (...) Sonhos da juventude são preciosos. Não devem ser considerados irrealistas e tolos só por serem jovens. A inocência não deve ser destruída por uma convicção insensível de que o cinismo realista seria melhor do que ela.” pág. 141
“- Conte tudo. A culpa vai permanecer. Sempre será uma parte sua, mas ao compartilhá-la, ao permitir que as pessoas a amem apesar dos pesares, você ficará bem melhor. É preciso de um escoadouro para os segredos, senão eles apodrecem e se transformam num fardo insuportável.” pág. 183
“- O Clube dos Sobreviventes - disse ela, baixinho. - É isso o que eles têm feito por você.
- É o que fazemos uns pelos outros - corrigiu ele. - Todos nós precisamos ser amados, Gwendoline, de uma forma plena e incondicional. Mesmo quando carregamos o fardo da culpa e acreditamos não merecer amor. A verdade é que ninguém merece. (...) Ninguém merece, mas ao mesmo tempo, todos nós somos dignos de amor.” pág. 184
Título: Uma Proposta e Nada Mais
Título original: The Proposal
Série: O Clube dos Sobreviventes
Volume: 1
Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580418170
Ano: 2017
Páginas: 272
Compre: Amazon - Submarino
Título original: The Proposal
Série: O Clube dos Sobreviventes
Volume: 1
Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580418170
Ano: 2017
Páginas: 272
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Leia as resenhas de mais obras da autora:
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