23.1.18

Resenha: O Príncipe Leopardo - Elizabeth Hoyt


A HISTÓRIA

Lady Georgina Maitland não está preocupada em encontrar um marido. Apesar de já ter passado da idade ideal para se casar, ela continua sendo uma mulher bonita e tem o luxo de possuir sua própria propriedade, livrando-a de ter que se casar para se sustentar. E quanto a suas terras, Lady Georgina confiou a administração a Harry Pye, um homem rígido e com um bom currículo que nunca tinha chamado sua atenção. Contudo, tudo muda quando Georgina recebe uma carta de sua irmã mais nova e descobre que ovelhas estão sendo envenenadas em terras vizinhas e seu administrador é considerado o culpado por todos.

Harry Pye sabe que o repentino interesse de Lady Georgina na propriedade é por causa das ovelhas mortas, que estão acusando-o de ter envenenado simplesmente porque o dono dos animais o odeia profundamente. Por isso sabe que, para não ser demitido, precisa resolver logo essa questão, missão que se torna bem complicada com Lady Georgina vindo para a propriedade. E todo o plano dela rapidamente se mostra problemático, quando a carruagem em que estavam capota e eles ficam sozinhos e presos em uma cabana por causa da chuva intensa. Estranhamente, o acidente faz Lady Georgina perceber o quanto Harry é um homem bonito e másculo, além de inteligente. Já ele fica impressionado com o jeito curioso e divertido dela, além de encantado por sua beleza. Lady Georgina e Harry conseguem, por fim, chegar a propriedade dela, mas o estrago já foi feito: eles estão inevitavelmente atraídos um pelo outro. 

Lady Georgina sabe que se envolver com empregados é sinônimo de confusão, mas não consegue ficar longe de Harry e de se perguntar que tipo de homem ele é por trás de sua fachada séria e cheia de segredos. E ela usa tanto a investigação sobre as ovelhas mortas quanto uma história sobre um príncipe leopardo mágico que começou a contar para Harry, como uma desculpa para vê-lo todos os dias. Harry sabe muito bem o que Lady Georgina pretende se metendo na sua vida, mas não consegue mandá-la para longe. Ele sabe bem que não há futuro para os dois, mas porque acaba passando cada vez mais tempo pensando nela? Enquanto Georgina e Harry lutam contra a atração que sentem, mais ovelhas aparecem mortas e a reputação de Harry, assim como sua liberdade, começa a ser ameaçada. Mas será que eles conseguirão descobrir o verdadeiro culpado antes que alguém se machuque de verdade?


A SÉRIE

O Príncipe Leopardo é o segundo livro da Trilogia dos Príncipes, da renomeada autora norte-americana Elizabeth Hoyt. No volume 1, O Príncipe Corvo acompanhamos Edward, o conde de Swartingham, se apaixonar por sua secretária. Nesse segundo livro, O Príncipe Leopardo, é a vez de um amigo de Edward, Harry Pye, se envolver com a dona das terras que ele administra. E, para fechar a série, a terceiro e última história, de O Príncipe Serpente, outro amigo dos outros mocinhos, o visconde Simon Iddesleigh, acaba se apaixonando, em meio a um plano de vingança, por uma jovem que salvou a sua vida. Apesar de estarem interligado, os livros da Trilogia dos Príncipes são romances de época que podem ser lidos de forma independente.

- Leia a resenha de O Príncipe Corvo e conheça o primeiro volume da série


A LEITURA: NARRATIVA, TRAMA E CRÍTICAS

Eu estava bastante animada para ler O Príncipe Leopardo, já que adorei o primeiro volume da série. Contudo, esse livro acabou me decepcionando em vários quesitos. A autora continua com uma narrativa boa e fluída, assim como bem-humorada. Contudo, a escrita de Elizabeth Hoyt, tão cativante em Príncipe Corvo, foi ofuscada pela trama e pelo casal que pouco me conquistou. Achei inusitado o pretexto criado para aproximar o casal (ovelhas supostamente envenenadas pelo mocinho), mas esse foco, em primeiro momento misterioso e intrigante, da história, se arrastou por mais do que necessário e tomou dimensões dramáticas e obscuras demais para um romance de época. O Príncipe Leopardo fala bastante sobre relações familiares conturbadas, traição, ódio e violência contra as mulheres – temas que, na minha opinião, foram abordados de forma tão intensa e explícitas que não condizem com o ar romântico de conto de fadas presente no primeiro livro e que, eu imaginei, seria igualmente predominante no resto da série.

A história narra, com muitos detalhes, como em uma sociedade machista e patriarcal as mulheres são apenas moedas de trocas, objetos de prazer e de escárnio para homens, consideradas coisas a serem utilizadas e jogadas fora quando não servem mais. Por mais que eu goste de obras que falem sobre opressão feminina e abuso, especialmente no século 18, tão romantizado nos livros de época, Hoyt perdeu a mão em O Príncipe Leopardo. A autora trouxe um vilão com um ódio tão profundo contra mulheres, relatando seu desejo de machucá-las e inferiorizá-las tão abertamente a ponto de me causar repulsa. Eu me senti mal em diversas cenas por causa desse personagem, cuja personalidade sombria tornou a leitura pesada e indigesta. Assim, o que era para ser um mistério interessante sobre ovelhas envenenadas tomou rumos, admito, inesperados, mas que não agradam. O romance do casal fica em segundo plano na trama, mas não é o suficiente para suavizar os momentos sombrios da história, mesmo que conte com um momento e outro de uma discussão divertida e cheia de provocação.

O próprio casal, na verdade, também tomou rumos inesperados e difíceis de engolir. No começo do livro, Harry e Georgina logo desenvolvem grande atração um pelo outro, mas demoram a aceitar o que sentem e a se envolver de verdade. Contudo, ironicamente, em um livro que critica tanto o machismo e homens que machucam mulheres, a autora narra cenas de paixão intensa, mas também agressivas. O modo como Harry se aproxima de Georgina, como a toca sem permissão, como usa a relação deles para humilhá-la, para fazê-la se sentir uma mocinha fútil e burra foi muito irritante. Harry era para ser um mocinho másculo e sensual, mas se tornou um cara rude e possessivo, e nem um pouco atraente. Tenho minhas críticas também quanto a Georgina, ela tem uma personalidade inconsistente, se porta como uma mulher dona de si, mas no final acaba chorando por causa de homem, deixando os irmãos se meterem na sua vida e nas suas decisões, etc. Mas, com Harry sendo quase tão machista como o vilão do livro, eu mais sinto dó do que antipatia da protagonista feminina.


A EDIÇÃO

O Príncipe Leopardo tem uma boa edição, que segue o modelo da edição de O Príncipe Corvo. A diagramação é simples, sem qualquer detalhe em especial. A tradução está perfeita e o texto não tem nenhum erro. A capa de O Príncipe Leopardo, como todas da série, é divina. O branco do fundo com os detalhes em dourado formam um contraste bonito, assim como o padrão dos desenhos ao redor da imagem do casal no centro. Infelizmente, uma capa tão clara e romântica acabou não combinando com a história sombria e pesada, mas, pelo menos, é uma capa linda.


CONCLUSÕES FINAIS

O Príncipe Leopardo começou muito bem, com diálogos divertidos entre os protagonistas e um mistério intrigante sobre ovelhas assassinadas. Mas, ao pretender abordar temas como traição, relações familiares conturbadas, ódio, violência e abuso contra as mulheres, a autora perdeu a mão e deixou a leitura sombria e indigesta. Com um vilão nojento que gosta de machucar mulheres, mas um mocinho que trata a heroína de forma machista e agressiva, a obra perdeu completamente seu ar romântico e de conto de fadas. O que era para ser um romance de época divertido e apaixonante, com pitadas de mistério, tornou-se um drama obscuro e mal desenvolvido. Mesmo com uma boa narrativa, alguns momentos divertidos e reviravoltas surpreendentes, terminei O Príncipe Leopardo decepcionada e frustrada. Contudo, ainda estou curiosa para conferir o próximo volume da série, O Príncipe Serpente, com esperanças de que a autora não tenha se perdido tanto nele também.


Título: O Príncipe Leopardo 
Título original: The Leopard Prince
Série: Trilogia dos Príncipes 
Volume: 2
Autora: Elizabeth Hoyt
Editora: Record
ISBN: 9999097348380
Ano: 2017
Páginas: 350
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