A HISTÓRIA
Izzy é uma menina que, em seus oito anos, tem tudo que qualquer pessoa poderia desejar. Apesar de bastante ocupados, seus pais são amorosos e fazem quase todas as suas vontades. Izzy também pode contar sempre com seus inseparáveis amigos, Lil, Mat e Sam. A garota ainda têm a sorte de morar perto de um incrível bosque, para o qual escapa sempre para brincar, ainda mais no inverno. Izzy ama o frio e, principalmente a neve. Ela adora ver os flocos branquinhos caindo do céu e cobrindo o chão, tanto que seu pai a apelidou de Flocus.
Contudo, no inverno em que fará nove anos, tudo muda na vida da garota. Há alguns dias do seu aniversário, Izzy percebe que há algo estranho no ar e que algo ruim se aproxima. Suas suspeitas se confirmam quando Lil tem um pesadelo que a aterroriza. De tempos em tempos, a sua amiga tem uns sonhos esquisitos que acabam se tornando realidade. E, justamente na relutância de Lil em contar o seu sonho que Izzy descobre que a tragédia que ela previra será a maior e a pior de todas.
Com tanta tensão e medo no ar, nem a neve consegue animar Izzy, até o inverno parece agressivo dessa vez. E, não demora e o sonho de Lil se realiza, uma tragédia que tira o chão dos jovens amigos. Confusão, tristeza e medo envolvem as crianças, que veem seus laços se arrebentarem ao mesmo tempo em que perdem a inocência da infância. E tudo piora quando Lil revela que teve mais um sonho e que o pesadelo ainda está longe de acabar.
“Não é porque crescemos que devíamos apagar os significados da nossa infância. Afinal, a infância era a parte da vida onde éramos mais inteiros.” pág. 239/40
Quase dez anos depois, Izzy encontrou um jeito de seguir em frente, ao lado de Lil, apesar de que as duas nunca foram as mesmas depois daquele inverno. Agora adolescentes, líderes de torcidas bonitas e populares, Izzy e Lil planejam o futuro e celebram o presente e seus últimos dias de escola. Mas, como é inverno e o aniversário de Izzy se aproxima, as lembranças da tragédia de antes voltam a tona. De novo, até a neve parece errada, como se previsse que algo terrível vai acontecer. E Izzy não consegue ignorar os sinais, especialmente quando percebe que, talvez, eles apontem para o fato de sua vida está cheia de lacunas e segredos sombrios desde aquele inverno fatídico há dez anos.
A LEITURA
A sinopse de É Inverno, assim como o meu fascínio pela estação, me deixou curiosa pela leitura do livro. E ele começa nos apresentado a vida de Izzy, uma menina apaixonada pela neve e pelos melhores amigos. Contudo, tudo na vida da garota muda após uma grande tragédia. Essa reviravolta logo no início de É Inverno me surpreendeu bastante. Apesar de, por causa do pesadelo de Lil, a protagonista já esperar que algo ruim acontecesse, esse “algo” foi bastante inusitado e deu uma carga bastante emocional a história. A tristeza, dor e confusão que passam a dominar a vida da personagens é contagiante e deixa o leitor preso a trama, além de bastante tocado e reflexivo. E, ao mesmo tempo em que lida com emoções tão profundas, nós também somos intrigados por mais um mistério. Lil afirma que a tragédia ainda não acabou e passamos o restante do livro tentando desvendar o que mais a história guarda.
Entretanto, a segunda grande surpresa/reviravolta do final de É Inverno não foi tão surpreendente assim. Ao longo da leitura, a autora deixa pistas do que vai acontecer e eu consegui prever tudo bem antes. Mas, mesmo que esperada, a reviravolta do final é tocante e mantém a nossa curiosidade de continuar lendo para descobrir o que Izzy vai fazer agora que já desvendou esse grande mistério. No geral, a trama de É Inverno não é inusitada, acompanhamos muitas cenas clichês, típicas de romances adolescentes inspirados em filmes jovens norte-americanos, como Izzy na escola, provocando líderes de torcida malvada e depois se tornando uma delas; indo a festas e bailes de formatura, etc. Contudo, a trama extrapola os conflitos jovens comuns e ganha uma outra profundidade, abordando temas como luto, perda, uso de drogas, amizade, amor, esperança, medo do futuro e mais. Se pudesse definir em uma frase, diria que É Inverno é uma história sobre crescimento e amadurecimento, mas principalmente sobre perceber que o momento presente deve ser aproveitado ao máximo, pois nunca sabemos o que o futuro nos aguarda.
Com um conteúdo tão sensível, com pitadas de mistério e tensão, a leitura de É Inverno nos faz refletir um pouco, além de nos emocionar. O livro ainda tem, de bônus, todo esse clima de inverno, frio e neve que é fascinante para quem, como eu, adora a estação e vive em um lugar que é quente o ano todo. A leitura é rápida porque, apesar de abordar temas pesados, a história em si não é complexa, assim como a narrativa. Mas, diferente da trama, que conseguiu me cativar apesar dos clichês, a escrita de É Inverno deixou bastante a desejar. O livro é narrado através da perspectiva de Izzy, e assim nos permite entrar melhor no mundo e na cabeça da personagem.
Contudo, a escrita da autora é bastante repetitiva, algo que me incomodou durante a leitura, porque eu ficava trocando os termos e palavras repetidas na minha cabeça, pensando em como as frases poderiam ter sido melhor construídas - o que acabava me distraindo da história e me fazendo voltar e ter que reler os capítulos. Sem falar que, durante a primeira parte, a linguagem da narrativa não condiz com a idade da narradora. Mas, além de palavras complexas demais para uma criança de oito anos, a narrativa ainda traz reflexões profundas sobre a vida, a morte, dor e tristeza cujo nível de maturidade é incompatível com a idade da Izzy - o que fez toda essa parte da história soar inverossímil. Felizmente, na segunda parte de É Inverno, com a Izzy já adolescente, a narrativa parece mais adequada a sua idade, apesar de continuar sendo repetitiva.
OS PERSONAGENS
É Inverno conta com poucos personagens, que apesar de não tão profundos, são bastante cativantes. Destaque, claro, para a protagonista Izzy. É impossível não gostar da personalidade alegre da garota, e admirar o quanto ela é fiel aos amigos. Ao longo do livro, sofremos juntos com Izzy e, durante as reviravoltas da história, torcemos por ela. A protagonista tem uma jornada interessante de amadurecimento ao longo de É Inverno, descobrindo verdade sobre a vida e sobre si mesma que faz com que o leitor reflita bastante. Quanto aos secundários, minha favorita foi a Lil, fiquei curiosa para saber mais sobre seus pesadelos que se tornam realidade.
“Lil tinha pesadelos, e aquilo a deixava muito abalada, porque sempre que ela os tinha, algo na vida real também acontecia. Era muito estranho e assustador.” pág. 44
A EDIÇÃO
É Inverno tem uma boa edição. Não há erros no texto e a diagramação é simples, sem qualquer detalhe. Contudo, o livro tem um bom tipo e tamanho de fonte, e um espaçamento maior que o comum entre as linhas. Particularmente, gosto do texto mais espaçado como em É Inverno, acho mais confortável para a leitura e não passa a sensação de que as palavras estão espremidas na página. E falando nas folhas, elas são de um bom material, não muito grosso, mas resistente, e cor de creme. Eu adoro a capa de É Inverno. O floco de neve e a floresta coberta por um manto branco combinam perfeitamente com a história. Sem falar que a capa é gelada, como todo o livro, mas, graças aos tons delicados de azul usados, também passa um ar de inocência e sensibilidade presentes na trama.
CONCLUSÕES FINAIS
Com uma trama que fala sobre amadurecimento e autodescoberta, amor, amizade, esperança, medo, tristeza e luto, É Inverno é uma obra que nos faz refletir e nos emociona durante a leitura. Entretanto, apesar de cativante, a história não é muito marcante, com muitos clichês, além de que uma das duas grandes reviravoltas da história previsível. É fácil gostar dos personagens de É Inverno, especialmente a protagonista que enfrenta tantas dificuldades e nos passa lições valorosas sobre aproveitar o presente ao lado das pessoas que gostamos.
Já a narrativa do livro deixa a desejar, com uma linguagem que, na primeira parte da obra, não condiz com a idade da narradora e que é bastante repetitiva. É Inverno, no geral, não é um livro ruim, mas deixa a desejar em alguns quesitos. A leitura é rápida e, enquanto está ocorrendo, tocante, mas não marca o leitor de forma especial. A autora, entretanto, mostra uma rara habilidade de tratar de temas pesados e conflitos humanos de forma sensível e que cativa. Mesmo tendo alcançado apenas duas de cinco estrelas comigo, eu, com certeza, daria uma chance para outra obra da Cecília Mouta. E, tendo em vista que a maioria das resenhas que vi sobre É Inverno são bastante positivas, recomendo que cada leitor encare a obra e tire sua própria opinião.
Já a narrativa do livro deixa a desejar, com uma linguagem que, na primeira parte da obra, não condiz com a idade da narradora e que é bastante repetitiva. É Inverno, no geral, não é um livro ruim, mas deixa a desejar em alguns quesitos. A leitura é rápida e, enquanto está ocorrendo, tocante, mas não marca o leitor de forma especial. A autora, entretanto, mostra uma rara habilidade de tratar de temas pesados e conflitos humanos de forma sensível e que cativa. Mesmo tendo alcançado apenas duas de cinco estrelas comigo, eu, com certeza, daria uma chance para outra obra da Cecília Mouta. E, tendo em vista que a maioria das resenhas que vi sobre É Inverno são bastante positivas, recomendo que cada leitor encare a obra e tire sua própria opinião.
QUOTES FAVORITOS
“No fundo, por mais que eu não pudesse ver claramente a situação, eu estava com esperança. Eu realmente tinha esperanças. É triste como a esperança era ilusória. É triste cair na realidade com a força de uma bomba que explode quando toca o solo.” pág. 61
“A verdade é que não importa se vivemos 8 ou 80 anos. A vida sempre será curta, porque sempre haverá sonhos a serem realizados, e não teremos tempo para eles.” pág. 104
“Como faria para viver sem um pedaço de mim eu ainda não sabia, teria que me adaptar. Por um bom tempo, meu coração teria que aprender a bater sem motivos bons, teria que bater apenas para me manter viva” pág. 127/8
Título: É Inverno
Autora: Cecília Mouta
Editora: Chiado
ISBN: 9789897746475
Ano: 2017
Páginas: 346
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