A HISTÓRIA
Em 1955, o Hotel da Torre é a grande atração de Londres, pequena cidade no estado estadunidense de Vermont. Com seus 28 quartos sempre lotados, o Hotel é administrado por um jovem casal, suas duas filhas pequenas e um primo da família. As meninas, Sylvie e Rose, além de ajudar nas tarefas de casa e do hotel, entretêm os hóspedes hipnotizando galinhas. Sylvie, a mais velha e bela das duas, é a grande estrela do show. Ela é apaixonada por cinema e sonha em ser uma grande estrela de Hollywood um dia.
“Rose não era descuidada. Pelo contrário, ela se importava demais. Importava-se tanto que às vezes tinha certeza que seu coração explodiria de tanta pressão.” Pág. 38
Já Rose é conhecida por ter uma imaginação fértil demais e, bem, às vezes assustadora. Os pais das meninas afirmam que é normal Rose implicar tanto com Sylvie, que ela apenas quer chamar atenção da irmã mais velha, mas é um fato que Rose é uma criança estranha. Ela anda pelo Hotel com vestidos rasgados, cabelo bagunçado e sua melhor amiga é uma vaca. Mas, quando Rose começa a relembrar obsessivamente as histórias da avó sobre monstros disfarçados de pessoas normais, Sylvie teme que a irmã esteja além da salvação. Mal sabe Sylvie que Rose também se preocupa, e imagina que a irmã está escondendo um terrível segredo.
Em 1989, o Hotel da Torre foi esquecido, os 28 quartos estão caindo aos pedaços. Contudo, ainda moram ali Amy e sua avó, uma senhora assombrada por tempos antigos e o desaparecimento de sua filha mais velha, Sylvie. Piper e Margot, duas irmãs novas na cidade e melhores amigas de Amy, sabem que não devem perguntar sobre a família dela, em especial sua mãe Rose, supostamente uma mulher maluca, com problemas com bebida, que nunca está por perto. É verão, então Amy, Piper e Margot aproveitam o calor e o tempo livre para perambular pelo hotel. Entre brincadeiras bobas, elas trocam segredos e confissões, como o primeiro beijo trocado entre Amy e um colega de escola, Jason, ou a paixonite de Margot por Jason. Contudo, tudo começa a mudar quando as três meninas encontram uma mala antiga na Torre abandonada do hotel, um 29º quarto e a verdade sobre o desaparecimento de Sylvie.
Em 2013, Piper vive na Califórnia há muitos anos, mas nunca se esqueceu do Hotel da Torre, de Amy e daquele verão terrível que destruiu a amizade das três. Por isso, ela se surpreende quando recebe um telefonema da irmã, Margot, dizendo que Amy não só está morta, como matou toda a sua família no antigo Hotel da Torre. E, para piorar, Amy deixou para trás uma foto com um recado para elas, escrito apenas “29 quartos”. Com Margot no final de uma gravidez de risco, Piper decide ir até Londres para ajudá-la a lidar com a morte de Amy. Contudo, Margot quer é que Piper investigue a morte da antiga amiga e como ela está relacionada ao que aconteceu com elas na infância, tudo isso, claro, escondido do marido de Margot, Jason, antigo amante de Amy e um dos primeiros policiais a chegar na cena do crime.
“Somente um monstro poderia ser tão linda, pensou Rose. Somente algo que estivesse tentando se camuflar, enganar todo mundo que é inofensivo.” Pág. 229
A LEITURA
Eu fiquei curiosa para ler A Torre do Terror assim que li a sinopse da obra, já que gosto bastante de suspenses psicológicos. E o livro não só não me decepcionou, como superou as minhas expectativas e me deixou completamente presa a essa história. A Torre do Terror já começa de forma intensa com Amy se preparando para fazer algo terrível (o leitor não sabe exatamente o que) e, em seguida, com Jason encontrando os corpos ensaguentados de Amy e sua família. A partir daí a trama do livro vai sendo costurada entre 1955, 1989 e 2013, conforme acompanhamos a infância de Rose e Sylvie; o último verão de Piper, Margot e Amy, tentando descobrir o que aconteceu com Sylvie; e o presente de Piper e Margot, lidando com a morte de Amy.
Confesso que ficou um pouco cansativo acompanhar a história em três tempos diferentes, sempre que estava prestes a revelar algo grande, a autora mudava para outro momento histórico, passado ou presente, e nos deixava no suspense. Mas, talvez, é justamente por isso que A Torre do Terror tem uma tensão tão intensa e misteriosa que nos deixa bastante vidrados na história. Apesar do grande conflito da trama ser o que aconteceu com Amy e o que esconde o quarto 29 do hotel, o grande atrativo de A Torre do Terror são os conflitos interpessoais dos personagens. Cada um deles parece esconder alguma coisa e o leitor fica preso em meio a teorias de quem é o vilão e quem é o herói da história. A autora criou personagens profundos e que soam reais, todos nos cativam por algum motivo, ao mesmo tempo em que conseguem no faz sentir certo estranhamento e questionar suas atitudes.
A Torre do Terror também se mostra um desafio quanto ao gênero ao qual ele se encaixa. A história já começa com muito sangue, com Amy e sua família morta, e um clima que provoca um arrepio gostoso na espinha. A princípio, fiquei em dúvida se o livro era só um suspense psicológico com pitadas mais sombrias, mas conforme somos envolvidos na obsessão de Rose por sua irmã, que acredita que ela é um monstro, A Torre do Terror começa a ganhar ares de obra de terror/horror. Se há mesmo monstros ou não, só ficamos sabendo no final, que é intenso e chocante. Mesmo após terminar a obra, fiquei com a história e os personagens na cabeça, me perguntando o que teria acontecido depois do encerramento e se a coisa toda poderia ter sido diferente se eles tivessem agido diferente.
Além de me envolver tão profundamente com os protagonistas, A Torre do Terror conseguiu algo que poucas obras conseguem: me deixar tensa e assombrada com a história. Depois de tantos filmes de terror bizarros que já vi, é difícil alguma história que me deixe com medo e, apesar de não ter feito exatamente isso, esse livro conseguiu provocar aquele arrepio na espinha e receio do escuro que só as melhores obras do gênero conseguem! Esse sentimento é, em grande parte, construído pela excelente narrativa em terceira pessoa da autora, que equilibra bem descrições e diálogos, de forma que a história flui de forma rápida e nos permite mergulhar nos cenários sombrios (como o hotel em pleno funcionamento e depois já abandonado) e na cabeça dos personagens.
A EDIÇÃO
A Torre do Terror tem uma boa diagramação, sem grandes detalhes ao longo das páginas, mas a tradução deixou passar algumas frases que, em português, ficaram um pouco confusas – mas nada que atrapalhe a leitura. Eu gostei da adaptação do título, A Torre do Terror passa um ar sombrio e misterioso que está presente na história. Contudo, acho que “A Irmã da Noite” ou “A Irmã Noturna”, traduções literais possíveis do original “The Night Sister”, são mais interessantes e combinam igualmente com a trama. Fico feliz que tenham mantido a capa original. Ela é bonita, e traz elementos importantes da história, como a torre do hotel e uma menina andando em sua direção.
CONCLUSÕES FINAIS
Sombrio e impactante, A Torre do Terror é uma deliciosa e cativante mistura de suspense psicológico com terror. Na história, três tempos históricos diferentes, três gerações da mesma família e um antigo hotel se envolvem em mistérios e pesadelos da vida real. Nos anos de 1950, uma garota tenta descobrir se a irmã é um monstro. Nos anos de 1980, três amigas buscam a verdade sobre a tia desaparecida de uma delas. E, nos anos 2010, duas irmãs adultas tentam lidar com a morte sangrenta e misteriosa da amiga de infância.
Com uma trama que consegue manter o suspense a tensão do início ao fim, deixar o leitor arrepiado durante a leitura e chocado com o final intenso e emocionante, eu amei A Torre do Terror. O livro conseguiu me cativar com sua história beirando ao bizarro, mas que, no final, fala sobre os conflitos pessoais de personagens profundos, suas relações consigo mesmos e com suas famílias. Levantando perguntas como “será que uma pessoa normal pode esconder um monstro dentro de si?” e até mesmo se “podemos evitar relações abusivas e tragédias familiares?”, A Torre do Terror se tornou, definitivamente, um dos melhores livros que li em 2017 e me deixou curiosa para devorar mais obras da autora.
Com uma trama que consegue manter o suspense a tensão do início ao fim, deixar o leitor arrepiado durante a leitura e chocado com o final intenso e emocionante, eu amei A Torre do Terror. O livro conseguiu me cativar com sua história beirando ao bizarro, mas que, no final, fala sobre os conflitos pessoais de personagens profundos, suas relações consigo mesmos e com suas famílias. Levantando perguntas como “será que uma pessoa normal pode esconder um monstro dentro de si?” e até mesmo se “podemos evitar relações abusivas e tragédias familiares?”, A Torre do Terror se tornou, definitivamente, um dos melhores livros que li em 2017 e me deixou curiosa para devorar mais obras da autora.
QUOTES FAVORITOS
“Amy. Onde estaria Amy? A cena no alto da escada quase o fez cair de joelhos. Ele foi obrigado a se apoiar na parede para não cair de joelhos. Nunca tinha visto nada igual. Nunca vira tanto sangue. Um tiro não seria capaz de causar tamanho estrago. Havia rastros vermelhos ensanguentados por todo o corredor.” Pág. 14
“-Acho que é uma história. Como todas as histórias, existem trechos que são verdade e outros que são inventados. Nada é na verdade o que parece ser. Lembre-se disso, Rose.” Pág. 234
Título: A Torre do Terror
Título original: The Night Sister
Autora: Jennifer McMahon
Editora: Record
ISBN: 9788501109736
Ano: 2017
Páginas: 378
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Record
Acredito que eu também acharia cansativo a narrativa em tempos diferentes.
ResponderExcluirPorém devo confessar que fiquei tão presa na sua resenha, achei a história tão envolvente que quero dar uma chance <3
Beijos