16.10.17

6 livros distópicos para te fazer repensar o nosso mundo


O mundo sempre nos parece caótico de alguma maneira, mas os últimos tempos têm sido, no mínimo, sombrios. Todos nós acompanhamos, através das redes sociais, principalmente, atentados violentos, nações em conflitos, governos que espiam uns aos outros, presidentes que perpetuam discursos de ódio, pessoas que defendem o racismo, o machismo e a xenofobia e muitas outras atrocidades. É difícil manter as esperanças vendo as pessoas se voltarem umas contra as outras todos os dias e é fácil se sentir impotente diante um mundo que, estranhamente, parece caminhar para uma sociedade cada vez mais preconceituosa e com menos liberdade. 

Mas, o maior perigo, na minha opinião, é não ver todas essas coisas horríveis que estão acontecendo. É se deixar anestesiar, ou simplesmente enganar, e fingir que o mundo está bem, quando não está. Em momentos como esse, felizmente, podemos nos voltar para as artes, especialmente a literatura, não para buscar respostas, mas para encontrar perguntas que nos motivem a buscar soluções melhores para os problemas da nossa sociedade. E, o que não nos falta, são livros que abordam os caminhos mais sombrios que poderíamos tomar, como guias do que "não-fazer".

Pensando nisso, hoje resolvi fazer uma listinha com leituras intensas, mas ricas, daquelas de abrir os nossos olhos para o mundo ao nosso redor. Governos totalitários, jovens delinquentes, manipulação da mídia, experimentos científicos que deram errado e muito mais recheiam essas histórias. Conheçam, então, 6 livros distópicos que, com certeza, te farão repensar o nosso mundo:

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“Poder não é um meio, mas um fim. Não se estabelece uma ditadura para proteger uma revolução. Faz-se a revolução para instalar a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objeto da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder.” - Quote de 1984

Eu já perdi as contas de quantas vezes recomendei 1984 aqui no blog. Contudo, esse clássico vai continuar aparecendo em todas as minhas listas pelo motivo de ser uma obra incrível e intensa, que nos faz refletir bastante. Mesmo não trazendo a melhor e mais fascinante das histórias, 1984 é muito cativante e marcante. O livro nos faz repensar nossos conceitos de liberdade, governo e estruturas de poder, e ainda aborda temas como alienação, manipulação da mídia, obediência e muito mais. Apesar de não estarmos vivendo em uma ditadura totalitária, como os personagens da obra, é impossível não se identificar com alguns elementos e se perguntar coisas como "quem realmente governa o nosso mundo?", "para que e para quem o entretenimento serve?", "para quais desigualdades e injustiças fechamos os nossos olhos todos os dias?". Definitivamente um clássico que merece ser livro!

Sinopse: 1984 não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar para o cenário antevisto em 1984, o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de mobilizá-las pela humanização do mundo.



“- Fazem isso o tempo todo – diz Hayden. - É isso que a lei é: palpites instruídos sobre o que é certo e errado.” - Quote de Fragmentados

Com um ar e protagonistas mais jovens do que 1984, Fragmentados nos apresenta a uma realidade futurística igualmente assustadora. Essa distopia nos obriga a olhar para aspectos brutais da sociedade e da natureza humana, mas também, a perceber o valor de cada vida e de cada ação. Fragmentados retrata um mundo onde adolescentes transgressores são mortos em um processo que divide seus corpos em várias partes e seus órgãos e membros são doados para outras pessoas. Com essa premissa bizarra, mas não muito irreal, o livro nos faz perguntar o quanto vale uma pessoa e como as leis podem trazer tanto ordem quanto caos. A obra também nos faz questionar o avanço da ciência e da tecnologia; e o eterno embate entre ambos e a moral e a ética. Transplantes de órgãos, abortos, fanatismo religioso, perseguição aos diferentes e problemas sociais são outros temas delicados e tratados maravilhosamente bem ao longo de Fragmentados. Definitivamente uma leitura que vai te fazer encarar o nosso mundo de forma bem diferente! 

Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o Sistema que os “fragmentaria”. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos — desde as mãos até o coração — é caçada por um Sistema ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.



“ – Bem, os bons nem sempre são salvos, e este jogo não é exceção.” - Quote de Battle Royale

Battle Royale, um dos meus livros favoritos, consegue levar o tema de 'manipulação das massas' para outro nível. Aqui, o governo totalitário de um país asiático encontrou a maneira "perfeita" para manter a população sobre controle: um jogo sangrento, transmitido pela televisão, no qual jovens da mesma sala têm que matar uns aos outros. Sombrio... e bem realista, não? Claro que nós não matamos ninguém na televisão, mas todos aquelas séries chocantes e jornais sensacionalistas existem por um motivo. Além disso, Battle Royale nos faz pensar sobre como escolhemos ser passivos diante as atrocidades que ocorrem na nossa sociedade, e ainda como o ser humano perde facilmente a sua noção de civilidade, e de certo e errado, quando sua própria sobrevivência entra em jogo. A obra consegue criticar tanto a natureza humana quando governos opressores e alienadores. Tinha que estar nessa listinha, não?

Sinopse: Battle Royale é um thriller de alta octanagem sobre violência juvenil em um mundo distópico, além de ser um dos best-sellers japoneses e mais polêmico entre os romances. Como parte de um programa implacável pelo governo totalitário, os alunos do nono ano são levados para uma pequena ilha isolada e recebem um mapa, comida e várias armas. Forçados a usarem coleiras especiais, que explodem quando eles quebram uma regra, eles devem lutar entre si por três dias até que apenas um "vencedor" sobreviva. O jogo de eliminação se torna a principal atração televisiva de reality shows. Esse clássico japonês é uma alegoria potente do que significa ser jovem e sobreviver no mundo de hoje.



“Aconteceu depressa. Trinta e dois minutos para um mundo morrer e outro começar a nascer.” - Quote de A Passagem

Mais assustador do que um governo totalitário é um mundo apocalíptico, sem regras, onde o humano é a caça, e não o caçador. Em A Passagem, primeiro livro de uma trilogia, uma pesquisa militar secreta dá errado e um perigoso e antigo vírus se espalha pelo planeta, transformando as pessoas em animais sedentos por sangue. Se você já se questionou se há limites para a ciência, A Passagem é uma boa leitura para mostrar que sim, até mesmo a busca pelo conhecimento pode ser corrompida pela sede de poder e acabar machucando as pessoas, em vez de ajudá-las. Ao mesmo tempo que questiona até onde os experimentos científicos podem ir, A Passagem também nos faz repensar sobre a fragilidade da sociedade e da vida humana, e o que exatamente nos faz humanos.

Sinopse: A quebra de segurança em uma instalação secreta do governo norte-americano põe à solta um grupo de condenados à morte usados em um experimento militar. Infectados com um vírus modificado em laboratório que lhes dá incrível força, extraordinária capacidade de regeneração e hipersensibilidade à luz, tiveram os últimos vestígios de humanidade substituídos por um comportamento animalesco e uma insaciável sede de sangue. Depois, o inimaginável: ao escurecer, o caos e a carnificina se instalam, e o nascer do dia seguinte revela um país – talvez um planeta – que nunca mais será o mesmo. Tudo o que resta aos poucos sobreviventes é uma longa luta em uma paisagem marcada pelo medo da escuridão, da morte e de algo ainda pior. Enquanto a humanidade se torna presa do predador criado por ela mesma, o agente Brad Wolgast, do FBI, tenta proteger Amy, uma órfã de 6 anos e a única criança usada no malfadado experimento que deu início ao apocalipse. Mas, para Amy, esse é apenas o começo de uma longa jornada – através de décadas e milhares de quilômetros – até o lugar e o tempo em que deverá pôr fim ao que jamais deveria ter começado.



“Doutora Lysander havia me perguntado muitas vezes por que tenho compulsão em observar e saber tudo, memorizar e mapear todo relacionamento e ponto de vista. Não sei. Talvez eu não goste de me sentir em branco. Há detalhes perdidos que precisam ser organizados.” - Quote de Reiniciados

A ciência também se coloca a serviço de uma agenda macabra em Reiniciados, distopia jovem que lembra um pouco Fragmentados. Mas, nesse livro, os jovens problemáticos são "reiniciados", suas memórias são apagadas e eles ganham uma nova vida e identidade, onde deverão seguir as regras a qualquer custo. Em Reiniciados, mais uma vez vemos um governo opressor tentando lidar com a violência juvenil da maneira errada, sendo que nem precisamos pensar muito para perceber o mesmo também acontece no nosso mundo. Mas, a obra ainda vai além e nos faz pensar sobre a assustadora tendência que temos em patologizar e demonizar todos que fogem às regras, que são diferentes, seja apagando as memórias dessas pessoas, ou entupindo-as de remédios e diagnósticos. Reiniciados nos faz questionar se não há maneiras melhores de lidar com os jovens "problema" e, mais do que isso, nos faz pensar quem exatamente são esses jovens e se eles são problemáticos apenas porque se recusam a obedecer cegamente...

Sinopse: As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?



“- O que é melhor? Ser um bando de índios pintados como vocês ou ser razoável como Ralph? Que é melhor? Ter regras e segui-las ou caçar e matar? O que é melhor? A lei e o salvamento, ou caçar e destruir?” - Quote de O Senhor das Moscas

E para finalizar mais um dos meus livros favoritos, que recomendo sempre que posso. Senhor das Moscas não é exatamente uma distopia, mas tem um cenário bem distópico: uma ilha inabitada, que se torna lar de um grupo de meninos. Sem supervisão de qualquer adulto, ou mesmo chances de voltarem para casa, as crianças rapidamente perdem seus modos civilizados e se tornam uma pequena tribo cheia de conflitos. Enquanto um deles tenta restaurar a ordem, outro se entrega a animalidade, levando os companheiros consigo. Senhor das Moscas é uma leitura tensa e crítica, mas deliciosa. O autor explora a fragilidade da índole humana e do nosso senso de civilização. Como nos deixamos levar facilmente pelo medo, instintos selvagens e a sede de poder, até que eles nos colocam um contra os outros. E, em um mundo como o nosso, cheio de conflitos e ódio gratuito, com pessoas que defendem o retrocesso da liberdade alheia, Senhor das Moscas é uma leitura mais do necessária!

Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, um avião cai numa ilha deserta, e seus únicos sobreviventes são um grupo de meninos em idade escolar. Eles descobrem os encantos desse refúgio tropical e, liderados por Ralph, procuram se organizar enquanto esperam um possível resgate. Mas aos poucos — e por seus próprios desígnios — esses garotos aparentemente inocentes transformam a ilha numa visceral disputa pelo poder, e sua selvageria rasga a fina superfície da civilidade, que mantinham como uma lembrança remota da vida em sociedade. Ao narrar a história de meninos perdidos numa ilha paradisíaca, aos poucos se deixando levar pela barbárie, Golding constrói uma história eletrizante, ao mesmo tempo uma reflexão sobre a natureza do mal e a tênue linha entre o poder e a violência desmedida. Um clássico moderno, Senhor das Moscas retrata de maneira inigualável as áreas de sombra e escuridão da essência do ser humano.

- Leia a resenha e conheça melhor o impactante Senhor das Moscas
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E essa foi a nossa lista de hoje, sobre 6 livros distópicos para te fazer repensar o nosso mundo! O que acharam? Já leram ou ficaram com vontade de ler algum dos livros? E qual distopia te fez refletir e repensar conceitos? Não deixem de comentar aí embaixo!

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2 comentários:

  1. O 1984 tornou-se num dos meus livros preferidos. Nessa lista também acrescentaria o Kallocaína e o Admirável Mundo Novo.

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  2. Adorei a postagem!
    De todos citados, li somente "fragmentados" e é um livro bem intenso. O segundo, "desintegrados", é ainda mais!
    Vou aproveitar e colocar os outros livros na minha wishlist, pois alguns ainda não conhecia.

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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