18.6.17

Resenha: A Rainha de Tearling - Erika Johansen


A HISTÓRIA

Há muita coisa que Kelsea não sabe. Criada em uma cabana isolada, tudo o que a jovem conhece do mundo vem dos muitos livros que ela leu ou do misterioso casal que a criou. Kelsea não faz ideia, por exemplo, de quem é seu pai, de porque ela não pode tirar a joia que sua mãe lhe deu antes de escondê-la do mundo ou como o resto do país vive. Contudo, a garota cresceu sabendo de uma coisa: um dia viriam a sua procura e exigiriam que ela ocupasse seu lugar de direito como a Rainha de Tearling, o modesto e conturbado reino onde ela nasceu, viveu e que está destinada a governar. 

Contudo, apesar de que, quando criança, sonhava em conhecer seu castelo e usar longos e belos vestidos, agora, aos dezenove anos, Kelsea sabe que seu destino como monarca não será cercado de luxos e alegrias. Desde a morte da sua mãe, seu tio reina de forma fútil e todo o país teme entrar em guerra novamente com o reino vizinho, Mortmesne, governado pela misteriosa e sanguinária Rainha Vermelha. O dia chega e os temores de Kelsea se concretizam. A Guarda da Rainha vem buscá-la, um grupo de soldados reais que não esconde seu desprezo pela princesa perdida, mesmo tendo jurado morrer por ela se necessário, os Guardas não acreditam que será aquela garota a mudar a triste realidade de Tearling. 


E já na jornada para Nova Londres, a capital de Tearling, Kelsea percebe que seu futuro será sombrio e perigoso. Mercenários, a mando de seu tio, estão tentando matá-la a qualquer custo. Para completar, Kelsea se choca com a triste realidade de seu reino, marcado pela pobreza e a injustiça, e se decepciona ainda mais quando descobre que sua mãe fora uma bela, amada e fútil rainha, que sacrificou seu reino para ter uma vida de prazeres e luxo. É por isso que um lado de Kelsea deseja apenas voltar para a cabana onde cresceu e passar seus dias enfiada em livros. Contudo, a pesada e misteriosa joia em seu pescoço, prova de que ela é a herdeira legítima, não só a lembra de que seu dever é governar, mas faz a garota acreditar que é sua missão de vida fazer o melhor que puder pelo seu reino.

“— Minha vida e aquele trono são uma coisa só — respondeu Kelsea com a voz rouca.” Pág. 143

Mesmo não estando nem um pouco preparada para tal, Kelsea decide que se, de qualquer maneira, ela morrerá, cedo ou tarde, por causa do trono, é sua obrigação dedicar a sua vida, seja ela curta ou longa, pelo seu reino. E são muitos aqueles que estão torcendo contra ela. Mercenários, salteadores, membros da igreja, nobres e até mesmo seu próprio tio não hesitarão em tentar matá-la e tomar o poder. Mas após uma vida de preparação, Kelsea se esforça para fazer jogadas inteligentes e não se deixar enganar nem por aqueles que conspiram contra ela, nem pelos luxos que o poder podem oferecer. Contudo, será que Kelsea conseguirá viver o suficiente para colocar a coroa em sua cabeça e ser a rainha firme, mas justa que quer ser? Ou o fardo é grande demais para a garota?


A SÉRIE

A Rainha de Tearling é o primeiro volume da série de mesmo nome, de Erika Johansen, que, até o momento conta com três volumes e boatos de que será adaptado para o cinema com ninguém menos que Emma Watson no papel da protagonista. Uma mistura de fantasia, ficção científica e distopia para jovens adultos, a saga conta a história de Kelsea, a jovem rainha do reino de Tearling, que precisa lutar pela própria vida e lidar com perigosos inimigos, especialmente a misteriosos Rainha Vermelha, governante de um país vizinho, para tornar seu país justo e próspero novamente.

“— Era uma vez um reino chamado Tearling. O nome veio do fundador William Tear, um utopista que sonhou com uma terra de abundância para todos.” Pág. 74


A LEITURA

Eu estava curiosa para ler A Rainha de Tearling. Contudo, sem grandes expectativas, pois nunca tinha ouvido falar do livro ou da autora. Portanto, podem imaginar a minha surpresa em ser cativada logo nas primeiras páginas do livro. Erika Johansen tem uma narrativa em terceira pessoa fluída e envolvente. Com diálogos inteligentes e detalhes na medida certa, a escrita da autora é também carregada de uma pitada de mistério e magia, que nos deixam fascinados por cada palavra e sedentos para saber o que vem a seguir.

“— Um dia você vai entender — afirmou Carlin, apertando a mão da menina com força. — Vai entender por que tudo isso foi necessário. Cuidado com o passado, Kelsea. Reine com sabedoria.” Pág. 18

A autora também precisa ser elogiada pelo mundo que criou. Tearling e os reinos vizinhos estão em um universo que, de alguma forma, se liga ao nosso, mas sem perder seu ar fantástico e intrigante. Nessas novas terras, encontramos uma mistura de pós-apocalipse distópico com reinos medievais, que acaba nos enveredando por uma trama de disputas pelo trono que em muito me lembraram o seriado de TV, Game of Thrones. Apesar de bem menos sanguinária que George R. R. Martin, Erika Johansen é igualmente criativa e, mesmo esta sendo uma história voltada para jovens, não deixa de lado cenas mais pesadas, como de assassinatos e tráficos de escravos, o que se acaba sendo positivo, já que, em meio a fantasia, a obra consegue ser também realista e crítica. 

Ao mesmo tempo em que nos mostra o lado sujo e corrupto do poder, com governantes fúteis e cruéis, A Rainha de Tearling também nos leva para um universo de joias mágicas e heroínas dispostas a fazer o bem. Apesar de, como já comentei, ter algumas cenas mais tensas e realistas, A Rainha de Tearling é, acima de tudo, uma obra de fantasia mágica e viciante. A trama foi muito bem construída, envolta em segredos e mistérios que nos deixam curiosos, ao mesmo tempo em que entrega momentos de luta, fuga e perseguição, que deixa o leitor com o coração na mão. A Rainha de Tearling ainda tem alguns momentos de drama, como Kelsea descobrindo quem sua mãe era de verdade e percebendo que, como bem diz o ditado, “pesada é a cabeça que usa a coroa”. 


OS PERSONAGENS

Apesar de ter uma narrativa envolvente e uma trama surpreendente, o grande charme de A Rainha de Tearling é sua protagonista. Kelsea é, ao mesmo tempo, única e uma garota como outra qualquer. É fácil se identificar com suas inseguranças quanto a seu corpo e a seu propósito de vida, seu medo de não ser o suficiente, sua atração por um homem misterioso, entre outras coisas mais. Contudo, também é fácil admirar a força da garota, sua paixão pelos livros, sua vontade de fazer o bem e de liderar seu povo para tempos melhores. Kelsea é forte, inteligente, esforçada e desafiadora, o tipo de mocinha empoderada que nos cativa e nos inspira a ser nós mesmas garotas e mulheres melhores, mesmo sem joias mágicas, no nosso próprio mundo.

“— Você é jovem e corajosa, Alteza. É uma qualidade desejável em uma guerreira, mas não em uma rainha.” Pág. 53

A Rainha de Tearling tem outros personagens muito interessantes, como Clava, o misterioso e dedicado chefe da Guarda da Rainha, disposto a morrer por Kelsea e também de ajudá-la a se tornar uma boa governante, e Pen, o jovem Guarda que foi o primeiro a acreditar na força e coragem da protagonista. A Rainha Vermelha também foi uma das personagens que mais chamou a minha atenção. Uma vilã de primeira, ela é má, sanguinária e dotada de poderes mágicos e fatais. Contudo, o mistério sobre sua origem me faz imaginar se não há algo, um vilão ainda pior, que tornou a mulher quem ela é. Contudo, meu personagem secundário favorito foi o igualmente misterioso Fetch, um famoso salteador, que está mais do que interessado no poder de Kelsea, mas que ainda não sabemos se está ajudando a garota, protegendo-a ou usando-a para conseguir o que quer. Prevejo muitas faíscas ainda entre ele e a jovem rainha de Tearling (já que é o meu maior shipp do livro!). 


A EDIÇÃO

A Rainha de Tearling tem uma simples, mas boa edição. A tradução do livro está perfeita e o texto sem qualquer tipo de erro. A diagramação é simples, sem qualquer detalhe, e apesar de gostar sempre de livros com folhas amareladas, achei o tamanho da fonte desse um pouco pequeno. Amei o mapa de Tearling e seus reinos vizinhos no início do livro, assim como a capa de A Rainha de Tearling, que é simples, mas bonita, e combina bastante com o livro.

CONCLUSÕES FINAIS

A Rainha de Tearling é o começo do que promete ser a minha nova série jovem queridinha. Com um mundo que se assemelha a um reino medieval pós-apocalíptico, essa obra mistura bem distopia e fantasia, com uma trama recheada de mistérios e batalhas, envolvendo disputas por trono dignas de Game of Thrones. Com pitadas ainda de magia, A Rainha de Tearling proporciona uma leitura fascinante e viciante, com uma narrativa envolvente e muito, muito surpreendente e emocionante. O livro ainda nos entrega uma mocinha empoderada e inspiradora, que nos conquista com sua força e determinação em fazer o bem. Estou simplesmente apaixonada por A Rainha de Tearling, recomendando-o para todos que gostem de histórias do gênero e torcendo para que o próximo volume seja lançado o mais rápido possível! 


QUOTES FAVORITOS

Kelsea experimentou dizer a palavra outra vez, embora a sensação fosse a de estar com a boca cheia de terra: rainha. Uma palavra agourenta, pressagiando um futuro sombrio.” Pág. 12

"Kelsea era a princesa coroada de Tearling e estava fazendo dezenove anos, a idade em que os monarcas de Tearling ascendiam ao trono desde a época de Jonathan Tear. Se fosse preciso, a Guarda da Rainha iria arrastá-la para a Fortaleza contra sua vontade e a amarraria ao trono, onde permaneceria sentada, em meio a veludo e seda, até ser assassinada.” Pág. 13

Carlin dizia que história era tudo, pois era da natureza do homem repetir os mesmos erros.” Pág. 14

— Quem é você?
— Sou a morte agonizante de Tearling. Perdoe nossos modos.” Pág. 59


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1 comentários:

  1. Olá!
    Conheço esse livro a pouco tempo, mas ainda estou ensaiando para ler hahahaha
    Estou com muitos livros na fila e confesso que temas como dessa história eu acabo demorando muito para ler.
    Adorei dia resenha e suas fotos 🙂
    Beijos!

    Books & Impressions

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