A HISTÓRIA
Em 1940, Flora é uma jovem nova iorquina, filha dos donos de uma padaria e uma entusiasta da horticultura. Seu sonho é se tornar uma botânica, mas sua realidade é bem distante disso. Seus pais não são mais jovens e precisam dela na padaria, que já viu tempos mais lucrativos. E é por isso que, quando um homem oferece a Flora um trabalho perigoso, mas bem pago, na Inglaterra, ela, após certa relutância, acaba aceitando. Sua missão é se infiltrar na Mansão Livingston, como uma babá, e usar seus conhecimentos sobre plantas para encontrar a Middlebury Pink, o último exemplar de uma bela e rara camélia. Flora não queria se tornar uma ladra de flores, mas acaba na Mansão Livingston e seus enormes e belos jardins de uma maneira ou outra. Ela logo descobre que aquela é uma casa de mistérios.
A morte recente, e estranha, de Lady Anna deixou o seu marido meio maluco, e seus quatro filhos pequenos ainda mais desobedientes e tristes. Apesar da desconfiança no início, as crianças travessas acabam se apegando a Flora, que deixa gradualmente sua missão de encontrar a camélia de lado e tenta deixar a vida dos pequenos, órfãos de mãe e ignorados pelo pai, um pouco mais alegre e livre. Contudo, não será fácil fazer qualquer coisa, seja achar a camélia rara ou descobrir o que diabos aconteceu naquela casa e com a mãe das crianças, com os outros empregados no seu encalço, disposta a manter Flora longe dos segredos da mansão. Tudo se torna ainda mais complicado quando Flora reencontra um jovem gentil que conhecera no navio para a Inglaterra e passa a viver um romance proibido.
Já em 2008, Addison, também novaiorquina, é uma paisagista apaixonada por flores e casada com o amor da sua vida, um escritor inglês fofo (e de família rica). E é justamente o grande número de bens da família de seu marido que traz o passado de Addison de volta para assombrá-la. O homem que arruinou a sua vida, quando eles eram ainda adolescentes, acaba de sair da cadeia e quer sua vingança: se Addison não pagar o que ele exige, o marido da mulher saberá de seu passado sombrio e violento. Addison, que criou esse novo nome e toda uma vida nova para si mesma, fica divida entre perder tudo, sua carreira bem-sucedida e seu grande amor, ou revelar tudo aquilo do qual ela lutou tanto para fugir.
E é fugindo novamente que ela tenta resolver os problemas. Addison aceita ir com o marido para a Inglaterra, visitar a nova mansão que os pais dele compraram e ajudá-lo a bolar seu novo romance. Contudo, sombras seguem Addison onde quer que ela vá. E mesmo na bela mansão, que antes era chamada de Mansão Livingston, com seus jardins de tirar o fôlego, Addison continua sofrendo ameaças do homem que está a extorquindo e agora passa a desconfiar que seu marido sabe de tudo e que vai deixá-la. Para completar, a mulher ainda precisa lidar com a governanta da mansão, uma mulher muito idosa e que claramente quer Addison e seu marido longe da mansão e seus segredos. Mas, aos poucos, Addison acaba descobrindo algumas coisas: supostamente, a mansão esconde em algum lugar não só uma camélia rara, mas também a resposta para assassinatos de décadas atrás, jamais resolvidos.
A LEITURA
Eu estava curiosa para conhecer A Última Camélia. Alguns anos atrás, li e gostei bastante de Neve na Primavera, outra obra da Sarah Jio, e esperava algo semelhante de A Última Camélia. Contudo, esse livro acabou me surpreendo bem mais do que eu esperava. A começar pela leveza da história. Como em Neve na Primavera, A Última Camélia é recheado de mistérios e segredos, contudo, a história tem um ar bem-humorado e muito mais pitadas de romance.
- Leia a resenha e veja fotos do livro Neve na Primavera
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A Última Camélia se divide em dois tempos: 1940 e 2008, e é muito interessante acompanhar, simultaneamente, duas histórias que se passam em épocas tão diferentes, mas que, de alguma forma, estão interligadas entre si. Algo pelo qual a autora precisa ser elogiada é ter conseguido mostrar bem as diferenças tecnológicas, mas especialmente culturais entre 1940 e 2008, exemplificando como muita coisa mudou, mas outras ainda são bem parecidas. Sarah Jio também me conquistou com sua escrita fluída, descritiva nos momentos certos e carregada de bastante tensão. A Última Camélia é narrado em primeira pessoa, mas de forma alternada pela perspectiva de Flora e Addison, o que além de ter deixado a leitura mais dinâmica e intrigante, nos permitiu conhecer mais a fundo as duas protagonistas e todos os diferentes ângulos do grande mistério da obra.
Com o pontapé inicial da busca de Flora por uma camélia rara, A Última Camélia acaba abordando muito mais. A verdadeira trama principal, acredito, é sobre o grande mistério que cerca a Mansão Livingston e sua família, sendo que acompanhamos as investigações em dois tempos diferentes: 1940 e 2008. Contudo, mais do que a misteriosa morte da Lady Anna (a mãe das crianças que Flora cuida), as meninas desaparecidas da vila próxima a mansão e a camélia rara desaparecida, esse livro acaba tratando, de forma leve, mas que não tira a seriedade do tema, sobre machismo e como ele pode acabar com a vida de uma mulher.
Flora, por exemplo, é pressionada e ameaçada por um grande ladrão de flores para encontrar a camélia Middlebury Pink, enquanto Addison é perseguida e extorquida por um homem que a machucou no passado e agora faz o mesmo novamente. E não podemos nos esquecer da trágica história da Lady Anna, que foi enganada e julgada, assim como teve que viver praticamente confinada em sua própria mansão, sempre tendo sua vida e até a sua morte nas mãos de um homem. Todas elas sofrem nas mãos de homens que as usaram das piores formas possíveis, contudo, lutam a sua maneira e acabam descobrindo meios de se libertar. É bom que, por trás de uma história divertida e gostosa de ler, cheia de mistérios e intrigas cujas revelações nos surpreendem bastante, além de alguns momentos de romance, A Última Camélia consiga abordar um tema mais sério e nos fazer refletir sobre ele.
A EDIÇÃO
A edição de A Última Camélia está excelente. A tradução é muito boa e o texto não tem qualquer tipo de erro. A diagramação recebeu detalhes atenciosos, como fontes diferentes que indicam quando era a Flora ou a Addison narrando, assim como o desenho fofo de uma flor dividindo o texto. Eu adoro a capa de A Última Camélia, ela é fofa e, a imagem da mansão, com uma flor em destaque, combina perfeitamente com a história.
CONCLUSÕES FINAIS
Mistério, drama, romance e bom humor. A Última Camélia é uma cativante e surpreendente leitura, que nos prende do início ao fim com seus personagens em busca de respostas e nos chocam com as revelações inesperadas de seus segredos. Um livro intrigante, mas gostoso e rápido de ler, A Última Camélia me lembrou bastante o maravilhoso seriado Downton Abbey com sua mansão inglesa cheia de segredos e dramas. Eu adorei a obra, que, entre mistérios sombrios e tensos, consegue desenvolver uma história leve e também fofa de três mulheres corajosas e poderosas. Divertido, intrigante e ainda crítico, A Última Camélia foi uma leitura incrível e inspiradora – e está mais que recomendada.
Título: A Última Camélia
Título original: The Last Camellia
Autora: Sarah Jio
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581638355
Ano: 2017
Páginas: 320
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Novo Conceito
Compre: Amazon
Oi, Ana!!
ResponderExcluirNão esperava tanta coisa bacana desse livro, mas depois da sua resenha fiquei com muita vontade de lê-lo!
A história parece ser muito boa mesmo e os personagens também. Estou curiosa!! Vou adicionar na minha lista. ;)
http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br
Oi Ana Luiza, muito boa sua resenha, como sempre!
ResponderExcluirFiquei animada pelo livro, li somente "O bangalô" dessa autora, mas achei muito livro e delicado. Com romance e mistério, coisa que tenho reparado que a autora usa muito em seus livros e de forma interessante!
Adoro também quando as histórias são bonitas e ficcionais, mas ao mesmo tempo não fogem da nossa realidade e abordam assuntos sérios.
Vou tentar ler assim que possível!
Beijo
www.blogleituravirtual.com