2.4.17

Resenha: Crave a Marca - Veronica Roth


A HISTÓRIA

Todos no planeta de Thuvhe, assim como na galáxia, crescem ouvindo sobre e sentindo a Corrente, uma força, uma energia misteriosa que dá dons, poderes para as pessoas. Claro que há aqueles que acreditam que a Corrente é só um fenômeno físico não tão impressionante, mas, para a família de Akos, a Corrente é muito mais que isso. A mãe do garoto é uma Oráculo, o que quer dizer que a Corrente deu a ela o poder de ver o futuro. E são pessoas como a mãe de Akos que veem as Fortunas: os destinos de pessoas especiais, como Akos e seus irmãos, os afortunados, aqueles que mudarão a história de alguma maneira.

“A corrente fluía por tudo que era vivo e se exibia no céu em todas as cores.” Pág. 12

Contudo, quando as Fortunas de todos os afortunados são reveladas, caos se espalha pelos galáxia, especialmente em Thuvhe. Esse planeta gelado é habitado por duas nações diferentes: os Thuvhe e os Shotet, inimigos de longa data. E é a pedido do líder dos Shotet, Ryzek Noavek, que Akos e seu irmão são sequestrados e levados para longe de sua família e suas terras. Ryzek Noavek é um líder duro de um povo violento. Criado para ser um ditador sem piedade, ele é atormentado por sua Fortuna: ser derrubado do poder por outro afortunado, algo que ele tentará evitar a qualquer custo. E é por isso que ele sequestra o irmão de Akos, que está destinado a ser um oráculo. 


Enquanto seu irmão sofre nas mãos de Ryzek, que quer conhecer o futuro e mudá-lo custe o que custar, Akos fica nas mãos de soldados Shotet, onde é treinado para ser um lutador e um assassino que ele nunca quis ser. Isso dura por dois longos anos, até que Akos é convocado para servir a família Noavek, como está determinado em sua Fortuna. Contudo, Akos é levado para servir Cyra, a irmã do ditador Noavek, conhecida como o Flagelo de Ryzek. Cyra tem um dom-da-corrente intrigante e assustador: o seu toque causa uma dor tão intensa que pode levar alguém a morte. Usada por seu irmão para castigar aqueles que ameaçam o domínio da família Noavek, Cyra vive em uma espiral de dor e tristeza: seu dom, aquele que machuca os outros, também a machuca profundamente, ao ponto da garota mal conseguir se manter em pé nos dias ruins. 

Contudo, tudo muda quando Ryzek manda Akos ajudar Cyra. O poder de Akos é algo nunca visto: o toque do garoto anula o dom-da-corrente de qualquer pessoa, inclusive de Cyra, que encontra em Akos algum alívio para viver. Mas, passar tanto tempo ao lado do garoto Thuvhe, e sem sentir dor, vai mudar Cyra. Ela começa a perceber que a ditadura cruel do seu irmão foi longe de mais e que rebeldes ameaçam o poder e a vida da sua família. Por causa de Akos, Cyra também percebe que ela, afinal, não é um monstro por completo, e pode usar seu dom para ajudar seu povo. Mas será que a garota terá coragem de ir contra seu próprio irmão e de ariscar seu futuro e o de Akos? Enquanto isso, Akos utiliza-se da proximidade com Cyra para esconder seus esforços de resgatar seu irmão e fugir de volta para o seu povo. Contudo, ele não esperava que Cyra passasse a ser tão importante para ele. Será que chegará o dia que Akos terá que escolher entre sua própria família e a garota?


A SÉRIE

Crave a Marca é o primeiro livro da série de mesmo nome (possivelmente uma duologia), escrita por Veronica Roth, mesma autora de Divergente. Com o segundo livro previsto para 2018, Crave a Marca nos transporta para um universo mágico e futurístico. Nesse sistema solar existe uma poderosa e invisível força, chamada de Corrente, que dá poder, dons, para as pessoas e pode ser utilizada em máquinas, armas, ect. A série de ficção científica conta a história especialmente de Akos e Cyra, jovens das duas nações inimigas do planeta de Thuvhe e que acabam se envolvendo em revoluções e paixões.

A LEITURA DE CRAVE A MARCA: CENÁRIOS, TRAMA E NARRATIVA

Eu não sabia bem o que esperar de Crave a Marca. Claro que já tinha ouvido e lido vários elogios a Veronica Roth, mas, como nunca li os livros de Divergente, não sabia se o estilo da autora iria me agradar ou mesmo se Crave a Marca seria parecido demais com Divergente. E talvez tenha sido por isso, por quase não ter expectativas, que acabei amando esse primeiro livro de Crave a Marca. Eu sou muito fã de ficção científica, e essa obra consegue trazer uma história fascinante e emocionante que mistura naves futurísticas e viagens pela galáxia, com um pouco de magia e com pessoas com poderes, como ver o futuro.

Crave a Marca nos leva a um universo único e mágico, mas que soa bastante cativante e quase real. A autora precisa ser elogiada por criar cenários tão complexos e ricos, com planetas e nações tão diversos, mas belos e únicos a sua maneira. Confesso que, como muita gente, achei o início do livro arrastado e confuso. A autora não para em nenhum momento para explicar o universo que criou em mínimos detalhes – algo bom para mim, mas que sei que pode irritar outros leitores. É difícil, no princípio de Crave a Marca, entender como o mundo de Akos e Cyra, com suas naves espaciais e dons-da-corrente, funciona, mas ao longo da leitura vamos pegando os detalhes e compreendendo melhor o rico e complexo mundo de Roth. Algo que me encantou no pano de fundo de Crave a Marca é que, além de planetas com belas paisagens, o livro narra as mais diversas culturas, assim como seus costumes e conflitos internos e externos, dos povos daquela galáxia, o que permite ao livro ser uma narrativa fantástica, mas com a qual nos identificamos. 


Assim que terminei a leitura de Crave a Marca e fui ver o que o resto do mundo achou, me surpreendi ao perceber que o livro agradou poucas pessoas. Os fãs de Divergente, em especial, pareceram completamente decepcionados. Por um lado, entendo que a narrativa pode ser um pouco confusa no início, com tantos nomes de planetas, pessoas e costumes novos, mas não concordo com o argumento de que a história é parada. Crave a Marca tem poucas cenas de ação, de batalha e luta, mas consegue trazer tensão e mistérios suficientes para nos prender a momentos “mais parados”. Na verdade, eu mesma fiquei tão fascinada com o universo criado pela autora e curiosa para saber o desenrolar da história, que, para mim, a história soou bem movimentada, assim como rápida de ler.

Eu devorei Crave a Marca em dois dias, de tão cativada que fui. O livro tem uma história complexa, mas muito intrigante e rica. A trama é bem amarrada, cheia de mistérios, e toques de romance, que nos instigam a continuar lendo. A história consegue abordar, ao mesmo tempo, os conflitos sociais dos povos do planeta de Thuvhe e sua galáxia, mas também as problemáticas internas de Cyra e Akos. E como não se cativar com um livro que, ao mesmo tempo que fala sobre disputas pelo poder, conflitos de culturas, revoluções, também aborda os vários sentimentos que todas as pessoas têm: o medo do futuro e de ser quem você é, a sede pelo poder, a alegria em conhecer alguém que te entende, o amor por aquela pessoa que está ao seu lado, e muito mais? 

O final, obviamente, deixa várias perguntas e nos faz ficar bem curiosos pelo próximo volume da série. A narrativa da autora é muito boa, ela fluí com rapidez e consegue nos prender a trama. Algo que adorei em Crave a Marca foi a troca de perspectiva: a maioria dos capítulos são narrados em primeira pessoa, pela Cyra, mas, temos muitos momentos em terceira pessoa, com a visão do Akos. Essa troca acabou nos permitindo conhecer melhor não só os personagens e seus conflitos, mas as diferentes visões e opiniões sobre os mesmos acontecimentos. Foi inevitável: eu amei Crave a Marca do início ao fim.


OS PERSONAGENS

Crave a Marca também me cativou com seus personagens muito humanos. Confesso que o grande número de personagens é um pouco confuso no começo, mas todos soam tão únicos e com papel na história, que é difícil imaginar a trama com um menor número deles. Adorei Akos desde o início, seu amor e lealdade a família são cativantes. Também gostei do humor divertido e provocador do personagem, que é um cara gentil e sensível. Ao longo da história, acompanhamos a luta interna de Akos contra a sua identidade e Fortuna, e é um interessante vê-lo crescer e amadurecer, conforme percebe que o mundo é muito mais complicado do que imaginava e que só ele pode decidir quem ele realmente é.

“- Eu não escolhi o sangue que corre em minhas veias – retruquei. - Do mesmo jeito que você não escolheu seu dom, sua fortuna. Você e eu, nós tornamos o que era esperado de nós.” Pág. 102

Cyra também batalha contra a visão que tem de si mesma. Ao longo de Crave a Marca,  a acompanhamos entender que ela só será um monstro se quiser ser e que seu dom pode ser usado tanto para machucar, quanto para ajudar os outros e ela mesma. Apesar de ter adorado o Akos, eu me cativei ainda mais a Cyra. Ela é uma guerreira corajosa e que logo aprende que pode ser sua própria heroína. A autora me fez refletir bastante, através da Cyra, sobre a vida de pessoas com dores crônicas, que, em alguns dias, mal conseguem se manter em pé. E ver a garota aprender a lidar com sua dor e se redescobrir foi fascinante e edificante.

Apesar de, desde o início, torcer pela Cyra e Akos, gostei que a autora tenha se demorado no desenvolvimento da paixão dos dois. Cyra e Akos descobrem um no outro, antes de tudo, amigos leais, que sempre incentivam o outro a ser uma versão melhor de si mesmo. Por serem amigos antes de serem namorados, os dois formaram um casal muito fofo e forte, um dos motivos que me deixou ainda mais ansiosa para o próximo livro – quero ver como o relacionamento deles vai se desenrolar. Dos personagens secundários, preciso comentar sobre Ryzek, cuja crueldade e covardia o tornou aquele vilão que amamos odiar (e que torcemos para morrer logo), e Isae, que só parece na última parte do livro, mas que já me conquistou por ser uma garota forte e decidida.


A EDIÇÃO

A Rocco caprichou na edição de Crave a Marca. No início do livro, há um mapa muito fofo da galáxia onde a história se passa, e, no final, há um guia de pronúncia de alguns nomes que aparecem no livro e um glossário, todos essenciais para me ajudar a compreender melhor o universo criado pela autora. A tradução da obra estava muita boa e não encontrei qualquer erro no texto. Eu só não sou muito fã da capa de Crave a Marca. Ela não é tão bonita pessoalmente e, apesar de o nome do livro fazer muito sentido dentro a história, não entendi a relação da capa com a trama.

CONCLUSÕES FINAIS – CRAVE A MARCA VALE A PENA?

Para amantes de ficção científica, que não se importam com uma narrativa confusa no início, com muitos nomes e lugares novos e estranhos, Crave a Marca mais que vale a pena! O livro se passa em um universo único, mágico e fascinante, e traz personagens humanos e cativantes, que vivem uma história recheada de emoções. Em meio a muitos mistérios, segredos mágicos, disputas entre nações, levantes revolucionários e jornadas de autodescoberta, Crave a Marca me proporcionou uma leitura intrigante, deliciosa e rápida. Eu amei o livro e estou mais do que ansiosa pela continuação!

QUOTE FAVORITO

- A corrente flui através de cada planeta na galáxia, entregando-nos a luz como lembrança de seu poder.” Pág. 20


Título: Crave a Marca
Título original: Carve The Mark
Série: Crave a Marca
Volume: 1
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco
ISBN: 9788579803284
Ano: 2017
Páginas: 480
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Rocco
Compre: Amazon - Submarino

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9 comentários:

  1. Ansiosa pra conhecer melhor o trabalho da Veronica Roth

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  2. Oi, Ana!!
    Tudo bem?

    Gostei da sua resenha, mas considero Crave a Marca mais uma distopia da Veronica Roth.
    Achei a edição muito bonita e gostei da história também, mas não é bem uma ficção científica na minha opinião.

    Mas também fiquei curiosa pela continuação. Espero que ela mantenha o nível.

    Bjs!!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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  3. Essa escritora é maravilhosa, seus livros são encantadores, não vejo a hora de ler esse novo lançamento.

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  4. Ana!
    como sou bem fã da autora e da boa ficção, não posso me furtar de fazer a leitura desse livro, com cenários ambientados em diversos planetas e bem descritos, adoro os detalhes, e, personagens bem delineados com personalidades definidas e que trazem movimentação a toda trama.
    Quero ler.
    Desejo um mês repleto de realizações e uma semana de luz e paz!
    “ Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.” (Maquiavel)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

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  5. Ainda não li nada dela, e não foi por falta de interesse, é pq a lista é enorme, tem muitos que está na prateleira que vou adicionando na lista por ordem de compra, e tem os ebooks, que tem alguns que o apelo para ler é maior… Mas vou me esforçar para passa-los na frente, e esse atual dela tbm… Obrigada pela resenha! 😘😘

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  6. Estou doida pra ler esse livro, gosto muito da escrita da Veronica Roth e curto muito ficção científica, essa resenha me deixou ainda mais curiosa em conferi essa história que parece super interessante.

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  7. Não li ainda o livro!! A história é cheia de detalhes, uma mistura de ficção científica e fantasia!! Os personagens principais tem uma decisão importante pela frente, o que me deixou bastante curiosa para ler o livro!! Veronica Roth, realmente é uma autora que cativa os leitores!! A capa está maravilhosa!!

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