23.3.17

Resenha: Talvez Um Dia - Colleen Hoover


A HISTÓRIA

Sydney teve o que pode ser descrito como o pior aniversário da história. No dia em que completa 22 anos, ela descobre que seu namorado a está traindo com sua melhor amiga e colega de apartamento. E é assim, após socar a cara da ex-melhor amiga e arrumar suas coisas, que Sydney se vê sozinha e sem rumo debaixo de um temporal. Sem trabalho e sem ter para onde ir, especialmente porque esqueceu sua bolsa, com todos os seus documentos e dinheiro, na casa da amiga traíra, Sydney acaba aceitando quando uma garota estranha a aborda no meio da rua e a leva até o seu apartamento, aparentemente a pedido de Ridge, um belo músico, mas um completo estranho, que Sydney conheceu completamente por acaso.

“Isso pode soar um pouco cruel, mas essa garota não faz ideia de como necessito dela. Agora que tenho certeza que encontrei minha musa, preciso me esforçar para que não escape de mim.” Ridge, pág. 35

Há algumas semanas, Ridge descobriu, por acaso, que a bela garota que sempre o observava tocar da varanda de um prédio vizinho, era também uma compositora nata. Sua intenção, depois da descoberta, era convencê-la a escrever junto dele para a banda de seu irmão, o que ficou mais fácil quando ela terminou com o namorado e saiu de seu apartamento. Ridge, assim, faz um acordo com Sydney: ela pode morar pelo tempo que quiser em seu apartamento (que ele divide também com o melhor amigo, Warren, e Bridgette, uma amiga de seu irmão), se, em troca, o ajudar a compor músicas. 


Toda a coisa parece muito estranha para Sydney. Em parte, ela se ressente por Ridge já saber que ela estava sendo traída e não ter comentado nada logo que eles começaram a trocar mensagens sobre música, e se surpreende ao descobrir que ele é surdo. Contudo, para não te que recorrer aos pais, que iriam lhe dar um belo de um sermão, ela aceita a morar com três estranhos e ajudar Ridge a compor músicas, já que ele, aparentemente, estava passando por um terrível bloqueio criativo. Mas, a surpresa maior vem quando Sydney percebe o quão rápido se adapta no novo apartamento. 

Apesar de ter que lidar com o mau humor constante de Bridgette e as pegadinhas malucas de Warren, a grande amizade que surge entre Sydney e Ridge parece fazer tudo valer a pena. Eles criam uma conexão incrível, que acaba se refletindo nas músicas belas e intensas que escrevem juntos. Contudo, passar tanto tempo lado a lado, compondo músicas de amor, começa a mexer com os dois. Sydney logo percebe que não são só a beleza como o talento de Ridge a atraem, mas também sua personalidade divertida e positiva, assim como jeito único de ver o mundo e gentileza constante. Também não passa despercebido para Ridge o quanto Sydney é bonita e talentosa, assim como inteligente, curiosa e uma amiga fiel. Seria esse o começo de uma história de amor perfeita… se Ridge já não tivesse uma namorada pela qual ele é completamente apaixonado. Contudo, alguns sentimentos falam mais forte e mesmo que eles não queiram, talvez, um dia, não consigam mais reprimir essa intensa paixão.


A “SÉRIE”

Talvez Um Dia é um romance único e independente, que traz a história de amor de Ridge e Sydney, que começa e termina nesse mesmo livro. Contudo, a autora lançou o conto, que se passa no mesmo universo,“Maybe Not”, que traz o desenrolar do romance de Warren e Bridgette, e “Maggie's Epilogue”, um pequeno epílogo que fala um pouco mais sobre o destino da namorada de Ridge.

A LEITURA: TRAMA E NARRATIVA

Depois de ler e adorar O Lado Feio do Amor, eu estava ansiosa e curiosa por mais obras da Colleen Hoover, e foi assim que acabei com Talvez Um Dia em mãos. Contudo, infelizmente, o livro não atingiu as minhas altas expectativas, deixando a desejar em alguns quesitos. A narrativa da autora, felizmente, não é um deles. Hoover tem uma escrita gostosa e leve, que nos cativa e flui com facilidade. Algo que achei interessante foi a troca constante entre a perspectiva da Sydney e do Ridge na narração em primeira pessoa, o que, além de deixar a história mais dinâmica, nos permite conhecer melhor cada um dos personagens, o que foi especial no caso de Ridge, já que, assim, podemos visualizar e entender melhor como é a vida de uma pessoa surda.

- Leia a resenha de O Lado Feio do Amor, uma das obras mais famosas da Collen Hoover

E falando na surdez do Ridge, ela não foi uma grande surpresa na história (desconfiei de algo do tipo desde o início), mas é parte essencial da trama. Gostei que, em vários momentos, a autora dá espaço para os pormenores de como Ridge (e as pessoas ao seu redor) lidava com a falta de audição, especialmente sendo ele um músico bastante talentoso, que aprendeu a tocar e produzir sons mesmo sem ouvi-los. Acho bem legal quando protagonistas têm algum tipo de deficiência, como em Talvez um Dia, isso deixa a história mais real e mais rica, além de nos ajuda a conhecer outras realidades. E Hoover aborda o assunto muito bem, mostrando como a realidade dessas pessoas é diferente, mas que elas são iguais a todas as outras: com capacidade de serem livres e independentes, assim como de se apaixonarem.


Entretanto, mesmo fugindo de vários clichês e trazendo tema interessantes, como surdez e composição musical (é bem legal acompanhar o processo de escrita de uma canção através de Sydney e Ridge), não consegui ser muito cativada pela trama de Talvez um Dia. A história tem até alguns momentos surpreendentes e várias cenas divertidas, contudo, o conflito principal e a resolução dele me irritou bastante. Talvez um Dia gira em torno do romance de Sydney e Ridge e seria uma história de amor perfeita se Ridge não tivesse uma namorada e, mesmo assim, continuado se envolver com a Sydney. Por um lado, entendo que, talvez, a obra queira mostrar justamente isso: o quanto relacionamentos são complicados e que, não é porque você está apaixonado por uma pessoa, que não pode se interessar em outra. Contudo, a atitude dos protagonistas me irritou bastante.

“Mas será que a vida é tão preto e branco assim? Será que um simples certo e errado pode definir minha situação? Será que os sentimentos de Sydney não importam em meio a tudo isso, apesar da minha lealdade a Maggie? Não parece certo simplesmente deixá-la ir. Mas é injusto com Maggie não deixá-la ir simplesmente.” Ridge, Pág. 261

Sydney, que fora traída semanas antes, não queria se envolver com alguém comprometido, e Ridge, sendo comprometido, não queria trair a mulher que amava… mas em nenhum momento eles lutam de verdade com os seus sentimentos. Mesmo sabendo que estão errados, eles continuam se vendo, fingindo que são amigos, quando na verdade estão completamente apaixonados. E foi difícil cativar com eles e sua atitude, logo, foi difícil gostar do romance deles e torcer por seu final feliz. Para mim, todo o envolvimento do casal soa desconfortável e errado do início ao fim, o que acabou não me fazendo gostar da obra tanto quanto eu imaginava que gostaria.


OS PERSONAGENS

Talvez um Dia traz personagens únicos e marcantes. Apesar de não ter gostado do romance dos protagonistas e, honestamente, ter torcido para que não terminassem juntos, eu adorei Sydney e Ridge separadamente. Ridge nos encanta por ser um músico surdo, mas também por ser um cara gentil, divertido de uma maneira sarcástica e por ver o mundo de uma forma única e bela. Já Sydney me cativou por sua força em ser quem é e por aceitar as pessoas por quem elas são. Contudo, cada um deles têm seus defeitos e problemas: Ridge é controlador e se irrita quando as coisas estão fora do seu controle, enquanto Sydney não consegue cumprir o que diz e acaba se tornando quem não quer ser. Mas, felizmente, ambos acabam evoluindo e amadurecendo ao longo de Talvez um Dia.

Um dos maiores charmes de Talvez um Dia são seus personagens secundários. Bridgette é uma chata do início ao fim, mas já Warren é um amor de pessoa, com suas pegadinhas malucas e honestidade constante. Também gostei bastante da namorada de Ridge, Maggie, que, apesar de seus problemas, é bastante corajosa, enfrentando as dificuldades e fazendo tudo o que quer fazer. Também gostei do irmão de Ridge e gostaria que ele tivesse aparecido em mais momentos durante a história. 

A EDIÇÃO

A edição de Talvez um Dia está perfeita. A tradução está boa, apesar de que senti que as letras das músicas de Ridge e Sydney perderam um pouco da sua beleza quando adaptadas para o português. A diagramação é simples, mas o tamanho e tipo da fonte das letras estão bons. Eu adoro a capa de Talvez Um Dia. Ela é alegre e combina com o livro, já que traz um casal se beijando, mas também um casal com uma partitura de música, o que combina perfeitamente com a história.


CONCLUSÕES FINAIS

Talvez Um Dia não é um livro ruim, mas não foi tão bom quanto eu esperava. Com personagens únicos, essa história nos cativa ao trazer um protagonista surdo e um casal que se aproxima por causa da música. Com momentos divertidos e surpreendentes, a obra só não conseguiu me encantar mais por trazer um romance que aborda traição e personagens que, mesmo sendo um deles comprometido, acabam se envolvendo.

Algo divertido e interessante foi ler sobre as músicas que os protagonistas compuserem e poder ouvi-las depois, na voz de Griffin Peterson, em uma playlist que está disponível gratuitamente na internet. Mesmo não sendo tão apaixonante como O Lado Feio do Amor, Talvez Um Dia não conseguiu me desanimar por completo e ainda quero ler mais obras da Colleen Hoover

QUOTES FAVORITOS

Nunca paro muito para pensar quando estou escrevendo letras de música, porque nunca achei que alguém fosse ler, então o significado por trás das palavras não importava muito. Mas parando para pensar, talvez o fato de eu não ter refletido muito sobre elas seja uma prova de que elas realmente refletem meu sentimento. Para mim, é mais difícil escrever uma música quando é necessário inventar sentimentos por trás delas. Nesse caso, a letra exige muita reflexão, pois os sentimentos não são genuínos.” Sydney, Pág. 90

Uma das coisas que sempre admirei no meu relacionamento com Ridge é que sempre fomos muito honestos e sinceros um com o outro. Sempre consegui dizer exatamente o que pensava, assim como ele.” Sydney, pág. 304


Título: Talvez Um Dia
Título original: Maybe Someday
Série: Maybe
Volume: 1
Autora: Colleen Hoover
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501050311
Ano: 2016
Páginas: 368

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3 comentários:

  1. Oi, Ana. Eu sou apaixonada por esse livro e amei ele! Eu entendo que muita gente fica com um pé atrás em relação ao envolvimento dos personagens, mas eu realmente entendo. Mesmo que você esteja namorado alguém, você não pode controlar os sentimentos dessa pessoa, muito menos o seu. Então não dá para ficar mascarando um sentimento só porque você se sente na obrigação de ficar com aquela pessoa que sempre esteve ali para você, o tempo muda, as pessoas também. É interessante como a autora aborda isso e isso divide muitas opiniões. Particularmente para mim, eu que detesto triângulos amorosos, isso não me incomodou nem um pouco.
    Beijo, Leitora Encantada

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  2. Oi, Ana!!!

    Você tem que ler a série Hopeless da Colleen Hoover! Eu fiquei apaixonada por essa mulher depois desses livros. E quando veio O Lado Feio do Amor, nossa... Fiquei completamente encantada!!! Hahahaha

    Os livros da série Nunca Jamais são muito bons também. Acho que a trilogia de Métrica é a mais fraca porque foram os primeiros livros que ela escreveu.

    Talvez um Dia me encantou pela música. Eu baixei todas as canções e parava de ler para ouvir a música que estavam escrevendo enquanto lia. Isso tornou o livro incrível, na minha opinião.

    Isso porque tenho a mesma opinião que você sobre o romance. Foi bom, mas não tão espetacular quanto outras histórias dela. Mas ainda preciso ler Novembro 9 e Confess (que vai virar série).

    De qualquer forma, eu leio todos os livros dela hoje em dia. Hahahahaha

    Bjs!!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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  3. Oi, esse é mais um livro da Colleen que não tenho vontade de ler kkkkk. Sempre vejo as pessoas elogiando e tal mas as sinopses não me chama atenção. Até agora os únicos que demonstrei interesse foram Novembro 9 (comprei) e Confess...
    Bjs

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