Dizem que nada se cria, tudo se copia. Será mesmo? Para um artista, a inspiração para uma nova obra pode vir através de um sonho, de memórias, de uma paisagem, de um som, de absolutamente tudo e qualquer coisa, inclusive outros artistas! Mesmo dentro de criações inusitadas e incríveis podemos encontrar influências e referências a outras obras, o que não significa que o artista copiou outros, e sim que foi inspirado por eles.
É super comum escritores se inspirarem em outros escritores, assim como músicos em outros músicos, mas, às vezes ocorre, intercâmbio ainda maior entre as diferentes artes e, pode acontecer, de uma música inspirar um livro e vice-versa. E é justamente sobre isso que vim falar hoje! Alguns livros marcam gerações inteiras de artistas e ajudam a produzir músicas ainda mais ricas e belas! Se você também se pergunta, às vezes, de onde tal banda ou artista tirou as ideias para alguma música que ama, vai gostar bastante do post de hoje, onde trago 7 músicas (reconhecidamente) inspiradas em obras literárias! Vamos conhecê-las?
Paranoid Android - Radiohead
Vamos ignorar o clipe bizarro e nonsense, e começar falando sobre a o título da música. Paranoid Android é uma uma referência clara ao personagem Marvin, o Andróide Paranóide, o robô deprimido do livro O Guia do Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams. Segundo o vocalista da banda, o título seria uma piada ao estilo do autor britânico e refere-se à canção como sendo sobre "as pessoas mais aborrecidas ao cimo da Terra" e "sobre o caos".
Contudo, a letra também traz a visão pessimista de Marvin sobre o mundo, como podemos perceber pelos trechos "Por favor, você poderia parar com o barulho, estou tentando descansar" e "Com suas opiniões que não servem para absolutamente nada". Particularmente, também acho bem interessante o trecho "Eu posso ser paranoico, mas não um androide", pois, apesar de ser uma máquina, o comportamento melancólico de Marvin era bem humano.
Conheça o livro e leia a resenha da obra aqui.
Sinopse: Considerado um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, O guia do mochileiro das galáxias vem encantando gerações de leitores ao redor do mundo com seu humor afiado. Este é o primeiro título da famosa série escrita por Douglas Adams, que conta as aventuras espaciais do inglês Arthur Dent e de seu amigo Ford Prefect. A dupla escapa da destruição da Terra pegando carona numa nave alienígena, graças aos conhecimentos de Prefect, um E.T. que vivia disfarçado de ator desempregado enquanto fazia pesquisa de campo para a nova edição do Guia do mochileiro das galáxias, o melhor guia de viagens interplanetário. Mestre da sátira, Douglas Adams cria personagens inesquecíveis e situações mirabolantes para debochar da burocracia, dos políticos, da "alta cultura" e de diversas instituições atuais. Seu livro, que trata em última instância da busca do sentido da vida, não só diverte como também faz pensar.
1984 – David Bowie
O falecido Bowie queria, na verdade, fazer uma adaptação teatral do romance 1984 de George Orwell, mas, os detentores dos direitos autorais da obra negaram os direitos. Assim, Bowie lançou, em 1974, o álbum conceitual Diamond Dogs, que tem como plano de fundo a natureza apocalíptica do livro de Orwell.
O material que o artista havia feito antes de ter os direitos negados se transformou nas músicas da segunda metade de Diamond Dogs, o que pode ser claramente percebido nos títulos das canções "1984" e "Big Brother". Somente o trecho "Os tempos não são convincentes, e a mudança não é livre" da música "1984" já deixaria Orwell orgulhoso.
Conheça o livro e leia a resenha da obra aqui:
Sinopse: "1984" não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar para o cenário antevisto em 1984 , o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de mobilizá-las pela humanização do mundo.
Dogs - Pink Floyd
O álbum Animals, da banda inglesa Pink Floyd, é inteiramente dedicado a Revolução dos Bichos, também de George Orwell. O romance, que recria a revolução russa com animais humanizados em uma fazenda, gerou as três longas faixas do disco: "Dogs", "Pigs" e "Sheep". Descobri "Dogs" fazendo esse post e me apaixonei com a canção.
Enquanto o livro de Orwell concentra-se no comunismo, o álbum é uma crítica direta ao capitalismo e, embora ambos defendam os ideais dos socialismo democrático, Animals têm de diferenças com Revolução dos Bichos que a ovelha se rebele e domine os seus opressores. O caráter mais revolucionário fica claro em "Dogs" no trecho "Você precisa ter a confiança das pessoas para quem você mente / Para que quando elas virarem as costas / Você tenha a chance de lhes enfiar a faca".
Conheça o livro:
Enquanto o livro de Orwell concentra-se no comunismo, o álbum é uma crítica direta ao capitalismo e, embora ambos defendam os ideais dos socialismo democrático, Animals têm de diferenças com Revolução dos Bichos que a ovelha se rebele e domine os seus opressores. O caráter mais revolucionário fica claro em "Dogs" no trecho "Você precisa ter a confiança das pessoas para quem você mente / Para que quando elas virarem as costas / Você tenha a chance de lhes enfiar a faca".
Conheça o livro:
Sinopse: Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, "A Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
Who Wrote Holden Caulfield – Green Day
A banda americana Green Day já demonstrou diversas vezes como o livro O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, influenciou suas letras (o Green Day faz referências ao protagonista da obra em cinco dos álbuns da banda). O vocalista, Billie Joe Armostrong, diz ter lido o livro e se identificado com o personagem, pois o considerava um cara rebelde como ele, tanto que fez uma música chamada "Who Wrote Holden Caulfield?" (Quem escreveu Holden Caulfield?, em tradução livre).
Nessa música, do álbum Kerplunk!, a inspiração em O Apanhador no Campo de Centeio é perceptível através da letra, que expressa grande melancolia, frustração e nostalgia, sentimentos que atingem o Holden durante toda a obra de Salinger. Billie também se refere de forma clara ao personagem que tanto o inspirou em: "Tem um garoto que obscurece o seu mundo e agora está ficando sem vontade / Não há motivação e a frustração o deixa louco / Ele tenta encarar de frente mas acaba desistindo".
Conheça o livro e leia a resenha da obra aqui:
Sinopse: À espera no centeio (O Apanhador no Campo de Centeio na edição brasileira) narra um fim-de-semana na vida de Holden Caulfield, jovem de 16 anos vindo de uma família abastada de Nova York. Holden, estudante de um reputado internato para rapazes, volta para casa mais cedo no inverno depois de ter recebido más notas em quase todas as matérias e ter sido expulso. No regresso a casa, decide fazer um périplo adiando assim o confronto com a família. Holden vai refletindo sobre a sua curta vida, repassa sua peculiar visão de mundo e tenta definir alguma diretriz para seu futuro. Antes de enfrentar os pais, procura algumas pessoas importantes para si (um professor, uma antiga namorada, a sua irmãzinha) e tenta explicar-lhes a confusão que passa pela sua cabeça. Foi este livro que criou a cultura-jovem, pois na época em que foi escrito, a adolescência era apenas considerada uma passagem entre a juventude e a fase adulta, que não tinha importância. Mas esse livro mostrou o valor da adolescência, mostrando como os adolescentes pensam.
Catcher In The Rye - Guns N' Roses
O Apanhador no Campo de Centeio também influenciou a sétima faixa do álbum Chinese Democracy, da banda americana Guns N' Roses. A canção dança entre várias interpretações sem deixar de fazer sentido. A leitura mais óbvia, mas que não deixa de ser correta, é que a música se trata sobre a perda da inocência da adolescência, como uma confissão de Holden Caulfield, protagonista do romance de J.D. Salinger, como podemos perceber claramente pelo trecho "Você levou nossa inocência / Para longe do nosso alcance".
Contudo, todas as alusões feitas a Mark Chapman, em trechos como "Mas cada vez que eu os vejo/ Faz-me desejar ter uma arma" e "Você deu àquele garoto uma arma" pode levar a interpretações mais sobrias, talvez até mesmo de certo entendimento das ações do famoso assassino de John Lennon (que alegou se inspirar no livro para cometer o crime).
A hora da estrela – Pato Fu
E claro que tinha que ter nacionais na nossa lista! No álbum Daqui pro Futuro da banda Pato Fu, encontramos a música “A hora da estrela”, inspirada na obra de mesmo nome, o último livro publicado em vida pela maravilhosa Clarice Lispector. Além do título, as referências ao livro A Hora da Estrela ficam claras na letra da canção, que diz "Ela esta pronta / Pra mudar a sua vida pra sempre" e "Que é de quem nasceu pra brilhar/ Uh, a hora da estrela vai chegar", referências a personagem principal da obra, Macabéa.
Conheça o livro:
Conheça o livro:
Sinopse: A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S.M. (um alter-ego de Clarice Lispector), de um modo que os leitores acompanhem o seu processo de criação. À medida que mostra esta alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia, desprovida de qualquer encanto, incapaz de comunicar-se com os outros, ele conhece um pouco mais sua própria identidade. A descrição do dia-a-dia de Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final com a cartomante estão sempre acompanhados por convites constantes ao leitor para ver com o autor de que matéria é feita a vida de um ser humano.
Admirável Chip Novo - Pitty
Com uma letra fácil de ser cantada, viciante e muito crítica, a música Admirável Chip Novo, do álbum de mesmo nome, é inspirada pelo distopia Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. As referências ao romance, que narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, ficam claras em trechos como "Pane no sistema alguém me desconfigurou / Aonde estão meus olhos de robô? / Eu não sabia, eu não tinha percebido / Eu sempre achei que era vivo" e "Nada é orgânico é tudo programado / E eu achando que tinha me libertado".
A obra de Aldous Huxley também inspirou a música Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho. Conheça o livro:
Muito legal, não é mesmo? Acho super bacana que a literatura tenha inspirada canções tão legais como essa e fiquei imaginando o monte de outras músicas que devem ter sido inspiradas em livros também... E vocês, o que acharam? Conheciam algumas dessas músicas e sabiam que faziam referências a livros? Comentem aí em embaixo me indicando mais músicas inspiradas em obras literárias! Quem sabe até rola um segundo post como esse...
Sinopse: Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime.
Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, "Admirável mundo novo" é um dos livros mais influentes do século 20.
Muito legal, não é mesmo? Acho super bacana que a literatura tenha inspirada canções tão legais como essa e fiquei imaginando o monte de outras músicas que devem ter sido inspiradas em livros também... E vocês, o que acharam? Conheciam algumas dessas músicas e sabiam que faziam referências a livros? Comentem aí em embaixo me indicando mais músicas inspiradas em obras literárias! Quem sabe até rola um segundo post como esse...
Adoro essas músicas inspiradas em livros!
ResponderExcluirAlgumas eu já conhecia aí na lista, mas outras estou indo ouvir já! rsrs
Beijos
http://www.blogleituravirtual.com/
;D Fico feliz que tenha gostado do post! espero que goste das músicas também!
ExcluirUAU! Encontrei este blogue no facebook e conquistou-me! Não sabia disto, e é tão bom descobrir onde vem estas inspirações :))
ResponderExcluirOi Sara, bem-vinda ao blog! Espero que tenha gostado do meu cantinho e quero vê-la mais vezes por aqui! É bem legal mesmo ver de onde vem as inspirações dos artistas!
ExcluirOlá... tudo bem?
ResponderExcluirAchei super legal a ideia da postagem e confesso que não tinha parado pra pensar em algumas músicas inspiradas em livros... confesso que fiquei maravilhada com a música da Pitty, porque adoro essa música e não sabia que ela tinha sido inspirada... vou procurar sobre o livro, porque realmente se eu gosto da letra da música é provável que eu venha gostar do livro... xero!!
http://minhasescriturasdih.blogspot.com.br
;D Que bacana que gostou do post! <3 A música da Pitty é incrível!
ExcluirOi Ana,
ResponderExcluirQue seleção maravilhosa, eu só sabia a da Pitty...mas do Bowie era de se desconfiar haha
Tem Off to the Races da Lana del Rey, é inspirada em Lolita. Apesar que ela também tem uma música com esse nome haha ela adora Lolita, a maioria das músicas e videos tem referências.
tenha uma ótima quarta.
Nana - Obsession Valley
Obrigada! A do Bowie era meio óbvia, mas eu tinha que colocá-la no post! Não conhecia essa música da Lana, vou ouvi-la depois!
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