3.7.15

Resenha: As Espiãs do Dia D - Ken Follet


Antes da guerra, a maior ambição de Felicity Clairet era dar aulas de literatura francesa em alguma universidade britânica e ter uma vida tranquila ao lado de seu marido Michel, um sensual professor francês. Entretanto, agora, Flick é uma agente da Executiva de Operações Especiais e arrisca sua vida diariamente cruzando sorrateiramente as fronteiras da França tomada pelos nazistas. Michel é líder de uma das células da Resistência Francesa e Flick é uma das agentes que serve de comunicação entre os rebeldes franceses e o governo britânico. 

O codinome de Leoparda é não é em vão, Flick é uma mulher inteligente e ágil. Então, quando um ataque da Resistência a uma central telefônica nazista de grande importância falha, seu marido é ferido e seu grupo desarticulado, a mulher rapidamente traça um plano arriscado para inutilizar a central. Com uma equipe apenas de mulheres, ela poderia entrar no local disfarçada de faxineira e explodir seus equipamentos de comunicação.


O plano de Flick é inicialmente descartado, mas ela chama a atenção de Paul, um militar americano, que intercede entre seus superiores e consegue as autorizações necessárias. Entretanto, Flick tem apenas nove dias para encontrar mulheres habilidosas e corajosas, que falem francês fluentemente, para formar uma equipe. 

O prazo apertado acaba fazendo com a equipe tenha uma formação duvidosa, afinal uma prisioneira, uma arrombadora de cofres, uma aristocrata teimosa, uma mentirosa compulsiva e um engenheiro alemão vestido de mulher não são exatamente as melhores opções. Entretanto, Flick leva o plano em frente e começa a treinar as garotas para os dias mais perigosos das suas vidas, mas que podem ser definitivos para o futuro da Europa. 

Enquanto isso, Dieter, um importante oficial alemão e um torturador experiente, que estava presente no primeiro ataque a central telefônica, tenta obter mais informações sobre as células da Resistência Francesa e desarticulá-las a qualquer custo. Mas, o principal objetivo, que surge inconscientemente em Dieter, é descobrir mais sobre a agente britânica que não sai da sua mente, uma bela e pequena mulher a que todos chamam de Leoparda. Dieter já atestou sua agilidade e inteligência pessoalmente, mas não deixará que ela escape de suas garras novamente.


Sempre ouvi falar muito bem de Ken Follett, mas só fiquei com vontade de ler algo do autor depois que assisti a uma maravilhosa palestra sua na Bienal do Livro de São Paulo, em 2014. Então, com o relançamento de As Espiãs do Dia D, que já tinha sido publicado no Brasil com o nome de Jackdaws, em 2002, sabia que não poderia perder essa oportunidade de finalmente experimentar algo dele.

Peguei As Espiãs do Dia D com muitas expectativas, altas demais, talvez, mas não fui decepcionada. Apesar de ter sido uma leitura lenta, demorei quase um mês para terminar a obra, As Espiãs do Dia D conseguiu ser ainda melhor do que eu esperava. O que mais me agradou no livro é a força feminina presente na história e nas personagens. Ken Follett já ganhou minha admiração por mostrar a importância das mulheres na Segunda Guerra Mundial, afinal, mesmo que não tenham pegado nas armas ou explodido centrais de telefonia, muitas mulheres arriscaram suas vidas e trabalharam muito durante o conflito.

Como uma amante de história, foi bom ter tido contado com uma perspectiva que os livros escolares não abordam. Ken reproduz com muita segurança a rotina e desafios tanto de agentes britânicos, como alemães, e até mesmo rebeldes franceses. Foi muito legal ver como as pessoas comuns (e não os líderes que estudei em aula) viveram, reagiram e contribuíram durante a guerra.


Um ponto interessante levantado por Follett e que me chamou muita atenção, foi perceber que nem todos os alemães partilhavam do sonho nazista. Dieter, por exemplo, não acreditava em nada na ideologia da superioridade ariana e foi uma prova de que muitos soldados participaram da guerra apenas para alcançar ambições próprias. O personagem também me fez refletir sobre os horrores das guerras e como os conflitos dão espaço para que pessoas soltem seus “monstros” interiores, afinal o próprio Dieter, antes um policial comum, se tornou um torturador eficiente e cruel. E nas palavras do próprio: 
“- Sou um existencialista. A guerra permite que as pessoas sejam aquilo que elas realmente são: os sádicos se tornam torturadores, os psicopatas dão ótimos soldados na linha de frente, os valentões e os fracos de espírito têm a oportunidade de exercer sua natureza até as últimas consequências e as putas... essas nunca têm tanto trabalho.” Pág. 75

Todos os personagens são extremamente bem construídos, cheios de personalidade e papel na trama. No início me confundi com tantos nomes e descrições, mas logo me acostumei ao estilo detalhista de Follett. A Flick é, sem sombra de dúvida, uma excelente protagonista, do jeito que gosto: independente, forte e inteligente. Gostei bastante do modo como o autor conseguiu conciliar os conflitos pessoais da personagem, dando espaço para suas ânsias quanto ao marido (que a traíra) e o casamento, mas também para suas preocupações com o futuro da Inglaterra e com o papel que ela exerceria para o fim do conflito. 

Apesar da leitura lenta, As Espiãs do Dia D é uma obra ágil e recheada de ação e surpresas. O livro daria um excelente filme e fico na torcida para que seja adaptado para as telonas. As Espiãs do Dia D me envolveu completamente e sofri e vibrei ao lado dos personagens, terminei o livro com um sorriso no rosto e o sentimento de missão cumprida. Eu não poderia ter escolhido obra melhor para conhecer o autor e já comecei a virar fã do Follett. Mas posso esperar para ler mais livros dele.

A edição estava perfeita e adorei essa nova capa, que combina bastante com o livro, é bonita e bastante intrigante.


Título: As Espiãs do Dia D
Título original: Jackdaws
Autor: Ken Follet
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580414097
Ano: 2015
Páginas: 448
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Arqueiro

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12 comentários:

  1. Oi *-*
    Adorei a resenha. Confesso que não dava nada pelo livro, vendo de primeira, mas depois da resenha eu adorei!

    Beijos!
    www.naoleia.com

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    1. ;D Fico feliz que tenha gostado! E leia o livro, é muito bom!

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  2. Olá, tudo bem?

    Achei muito convidativo, o fato das mulheres ter um papel forte na trama. Isso com certeza me cativou e incentivou a ler. A capa não me chamou muita atenção, mas a premissa sim.

    Adorei a resenha...

    beijos

    http://www.livrosfilmeseencantos.blogspot.com.br/

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    1. Sim, uma das coisas mais legais do livro é mesmo a participação e força feminina!

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  3. Oi Ana..
    Sempre quis ler algo do autor, mas não pude ver essa palestra na Bienal. Este livro chama muito minha atenção e com certeza que ainda quero muito ler. Depois de sua resenha não tenho dúvidas que ele escreve muito bem. Mais curiosa ainda para ler.


    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  4. Quando se diz baseado em uma história real eu já fico com medo kkkk mesmo que seja o livro mais alegre que possa existir, mas esse livro parece ser um suspense bem instigante pelo que pude perceber com a sua resenha!!!

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    1. Também já fico com medinho, ainda mais se for terror! kkk As Espiãs do dia D é um excelente suspense, vale a pena ler!

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  5. Esse livro com certeza chamou minha atenção!! e a resenha ajudou bastante!!! Ótima resenha!!
    Beijos,
    http://naosouumagarotapopular.blogspot.com.br/

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  6. Olha eu sinceramente nunca fui muito chegada nesses livros históricos sabe?
    Mas depois de ler sua resenha que sinceramente ficou fantástica e muito bem explicadinha, eu gostei bastante da trama. Eu não pensava que o livro abordava uma história assim tão interessante. Eu ainda não li nada desse gênero e quando o livro foi lançado nem tinha chamado minha atenção. Mas agora conhecendo aqui em seu blog o livro e do que se trata me convenceu. Espero poder ter a chance de fazer a leitura assim que o verdinho de novo hehehehe

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/07/resenha-lacos-de-sangue.html

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  7. Olá, Td bem? Acabei de ler as espiãs do dia d e te recomendo ler os últimos dias dos nossos pais, do Joel Dicker. Eu li no início do mês e por coincidência ele fala da mesma Soe que fala desse livro, apenas com mais detalhes. Acredito que vá gostar. Bjo

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  8. E uma ótima história gostei muito desse livro !

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