Vidas Secas acompanha a trajetória de Fabiano e sua família, formada pela esposa Sinha Vitória, os filhos identificados apenas como Menino mais novo e Menino mais velho e a cachorrinha Baleia. Em cada um dos 13 capítulos curtos o autor traz uma situação diferente que ilustra a difícil e sofrida vida da família de retirantes no sertão brasileiro. Os capítulos são relativamente independentes, mas compõem, juntos, uma trama completa e rica.
Fabiano e sua família enfrentam a seca, a enchente, a fome, a sede, a morte, a exclusão e a injustiça social, e muitos outros males a eles infringido pelo homem e pela a natureza. A obra tem um tom bastante reflexivo, o narrador em primeira pessoa explora mais o monólogo interior dos personagens, expondo completamente seus pensamentos e desejos. Entretanto, apesar da maior ênfase aos conflitos e percepções internas dos protagonistas, o autor não deixa de construir muito bem o exterior que o cerca. Em uma linguagem simples e fluída, Ramos desenha bem as paisagens áridas do interior do sertão. Durante a leitura, me senti ao lado de Fabiano e sua família, debaixo do sol quente, pisando na terra rachada e respirando o ar seco e empoeirado.
Ao me sentir tão próxima dos personagens, acabei me apegando e adorando cada um deles, além de ter me compadecido com suas dores e fraquezas. Personalidades sofridas, os protagonistas de Vidas Secas representam a gente simples do sertão, mas que mesmo assim apresentam individualidades e complexidades. É interessante acompanhar, por exemplo, a batalha interna entre o moral e o imoral quando Fabiano encontra um Soldado que o humilhara anteriormente. O primeiro instinto do vaqueiro é matá-lo, vingar-se pelo mal anteriormente causado, mas as profundas divagações que se seguem acabam o fazendo mudar de ideia.
Outro momento que me marcou foi desejo de Sinha Vitória por uma cama mais confortável, algo tão simples para nós, mas um luxo inalcançável para ela. Já o Menino mais velho chamou atenção com seu interesse pelas palavras, sua sede por conhecimento, algo que jamais será saciado em uma vida tão miserável como a dele. Mas meu personagem favorito, sem sombra de dúvida, foi a cachorrinha Baleia, uma protagonista tão rica e humana quanto os demais. Assim como o resto da família, Baleia sofre com a seca e com a fome, mas não abandona os donos por nada.
Li Vidas Secas por obrigação, para uma prova de escola, mas acabei amando a obra e me apegando muito aos personagens. O clássico retrata de forma singela, mas honesta, a vida e as personalidades do sertão brasileiro, explorando de maneira bela a situação dos retirantes que fogem da seca.
Uma leitura ágil e gostosa, apesar das temáticas fortes e críticas, Vidas Secas deveria ser lido por todo brasileiro. A obra me lembrou bastante O Quinze, de Rachel de Queiroz, leitura que não me agradou muito. Apesar de ambos retratarem a dura vida dos retirantes, Queiroz tem uma linguagem e abordagem um tanto bruta, O Quinze me incomodou e foi uma leitura sofrida, da qual não aproveitei muita coisa. Já a maneira como Ramos traz sua história e temática é igualmente impactante, apesar de ser infinitamente mais cativante e quase que poética.
Vidas Secas consegue fazer florescer beleza e delicadeza na terra rachada e na gente sofrida do sertão, mas sem deixar de transmitir sua mensagem e crítica. Foi amor a primeira leitura! Estou apaixonada por Vidas Secas e por Graciliano Ramos, além de curiosa por outras obras do autor.
A edição da obra que li é uma bem antiga, da biblioteca da minha escola. Apesar das páginas já amareladas pelo tempo, o exemplar estava em bom estado de conservação e, mesmo com a grafia antiga de certas palavras, não tive dificuldades com a linguagem, especialmente por causa da escrita simples é fluída do autor.
As quarenta páginas iniciais dessa edição contém um texto/análise de Álvaro Lins sobre Vidas Secas que, sabiamente, decidi ignorar. Acho que não teria chegado nem na metade dessa “introdução” e acabaria abandonando o livro sem lê-lo. Detesto edições que trazem algo assim, gosto de encontrar o início da história logo nas primeiras páginas. A capa é bem sem gracinha, apesar da simplicidade dela, assim como os traços secos e minimalistas, retratar bem a simplicidade e escassez da vida dos personagens. Algo que gostei foram algumas ilustrações que encontramos ao longo do livro.
As quarenta páginas iniciais dessa edição contém um texto/análise de Álvaro Lins sobre Vidas Secas que, sabiamente, decidi ignorar. Acho que não teria chegado nem na metade dessa “introdução” e acabaria abandonando o livro sem lê-lo. Detesto edições que trazem algo assim, gosto de encontrar o início da história logo nas primeiras páginas. A capa é bem sem gracinha, apesar da simplicidade dela, assim como os traços secos e minimalistas, retratar bem a simplicidade e escassez da vida dos personagens. Algo que gostei foram algumas ilustrações que encontramos ao longo do livro.
Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Ano: 1970
Páginas: 173
Oooiiiiêê
ResponderExcluirsimplismente fiquei gamado nessa edição da foto, meu Deus que linda rsrsssrr
eu li poucas paginas do livro mas eu vi o filme de 1900 e bolinhas, o filme era preto e branco
mas dá pra ver que tem um foco bem nordeste, a parte mais constrangedora do filme é quando
Baleia chega com uma coisa morta e a dona começa a lamber aquele sangue, kkk
Bjks
Passa Lá No meu blog: http://ospapa-livros.blogspot.com.br/
Olá! Essa edição até que é bonitinha, mas acho que eu preferiria uma atual. Nunca assisti o filme, mas vou procurar! kkkkk A Baleia é uma ótima personagem! E no livro ninguém lambe sangue de nada! kkk Beijos!
ExcluirOi Ana!!
ResponderExcluirÉ tão lindo qdo isso acontece, a obrigação se transformar em amor. Aconteceu comigo com "Macunaíma". Li "Vidas Secas" muito nova, e sofri muito com os personagens, e acabei me apegando a "Baleia". Foi um tremendo choque pra mim, acho que o primeiro livro que me fez sofrer com os personagens. Eu gostei muito dessa edição, apesar de antiga é muito bonita. A resenha está maravilhosa, e podemos sentir o quanto você se apaixonou.
Beijos
http://www.aculpaedosleitores.com/
Olá Bia! É mesmo ótimo quando lemos algo por obrigação, mas acabamos nos apaixonando pela história! Eu tinha que ler Macunaíma também, mas não passei da página vinte! kkk Achei a narrativa difícil e trama louca demais para mim! hahaha Baleia é mesmo um amor e também sofri muito com os personagens! Fico feliz que tenha gostado da minha resenha! Beijos!
ExcluirOlha sinceramente eu não sou muito chegada nesses livros mais clássicos não, porque eu tenho um certo trauma por causa dos livros das escolas que mandavam a gente ler. Eu praticamente dormia e nem conseguia fazer a leitura, mas mesmo assim gostei da maneira como você desenvolveu a sua resenha e me parece ser uma história que hoje quem sabe eu até pegaria pra ler sabe? Eu nào sei. Até porque eu estou interessada em ler A ESCRAVA ISAURA. Eu nunca tinha visto a novela. Agora que estou terminando de acompanhar, eu estou querendo ler, mas tenho lá minhas dúvidas ainda rs
ResponderExcluirMas mesmo assim parabéns pela sua resenha, porque tá muito bem escrita amiga.
SUCESSO sempre viu?
http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/04/resenha-ligacoes.html
Oi Sil! Eu também tinha trauma com livros clássicos por causa da escola, mas obras como essa, que leio por obrigação e acabo amando, aos poucos me tem feito mudar de ideia! Eu realmente queria ler mais clássicos, afinal, se não fossem bons, eles não seriam considerados clássicos, não é mesmo? rs Eu também tenho curiosidade com a A ESCRAVA ISAURA, nunca vi a novela, mas já ouvi bastante o nome dela e gostaria de conhecer mesmo a sua história! Leia Vidas Secas depois, quem sabe você não acaba gostando? Obrigada! Fico muito feliz que goste das minhas resenhas! Sucesso para você também! Beijos!
ExcluirOie!
ResponderExcluirQuem nunca ouviu falar desse clássico? Eu nunca li, e passei a ter interesse depois do que meu professor comentou sobre o enredo na nossa sala de aula. Adorei sua resenha e é super legal quando você lê algo por obrigação e acaba gostando, pelo menos sabe que valeu a pena ^^
Bjs!
Tô te seguindo ;)
Jhonatan | Leitura Silenciosa
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Olá!
ExcluirConfesso que eu nunca tinha ouvido falar antes da professora pedir para ler! rs #shameonme Mas depois que li, amei! Não deixe de ler também!
Beijos!
gosto muito de Vidas Secas, foi meu livro de estreia com Graciliano. Gostei muito de O quinze tbm, mas não li os dois por causa da escola, foi por vontade própria rsrs
ResponderExcluirBaleia tbm é minha personagem preferida. TT_TT <3
bjs
Oi Val! Também foi meu livro de estreia com o autor e eu adorei! Já O Quinze não me agradou muito... A Baleia é mesmo a grande estrela de Vidas Secas! rs Beijos!
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