O Francês que Caiu do Céu é uma coletânea de nove contos curtos - “A Morta Viva”, “O Francês que Caiu do Céu”, “O Segredo de Hércules”, “Tempo”, “Cacoete”, “O Conquistador”, “Decoro pra-lamentar”, “O Vigia Cego”, “Stripper”-, mas impactantes, e que trazem como tema em comum os defeitos da alma humana, a facilidade com que nos corrompemos e a falta de moralidade presente no nosso dia a dia e muito mais. Com personagens diversificados e únicos, todos bem brasileiros, o autor leva o leitor a diferentes cenários e situações, alguns comuns a nossa rotina e outros nem tanto.
Um ou dois contos ganham até mesmo um ar mais fantástico, mas, em geral, as crônicas são recheadas de tanta realidade que chega a incomodar o leitor. Tráfico de drogas, adultério, sexo, dissimulação, corrupção, jogos políticos e ambição são um pouco do que podemos encontrar nas histórias. A narrativa dura, sem qualquer tipo de floreio ou eufemismos, me incomodou no início, mas conforme a leitura se desenvolvia, cheguei a conclusão que a linguagem bruta, que incomoda o leitor, é mais do que natural dentro do contexto criado no livro.
As histórias são envolventes e rápidas e queria que o autor tivesse gastado mais páginas com cada uma delas, a maioria dos desenvolvimentos me soou corrido e insatisfatório. Os diálogos são confusos e encontrei algumas palavras sem acentuação. Entretanto, as tramas tem uma boa dose de um suspense que nos cativa e ficamos o tempo todo tentando descobrir como os personagens irão reagir em seguida e, acreditem, eles sempre nos surpreendem. Todos os contos têm desfechos inteligentes e alguns até mesmo com grandes pitadas de uma ironia cruel também presente no restante das histórias. Minhas crônicas favoritas foram “O Segredo de Hércules” e “Cacoete” e algo que achei interessante é que alguns contos parecem se ligar de alguma forma.
O Francês que Caiu do Céu é aquele tipo de obra que incomoda mesmo, que dá até mesmo certa repulsa no leitor, mas apenas porque esta estabeleceu um acordo com a verdade e está ali para mostrar o âmago da alma humana, que por si só, não é nada bonito. É uma leitura densa, recheada de crítica e difícil de engolir, mas que vale a pena por nos fazer pensar e rever nossas ações.
Título: O Francês que Caiu do Céu
Autor: Wagner Grillo
Editora: Scortecci
ISBN: 9788536639383
Ano: 2014
Páginas: 156
Classificação: 2/5 [regular]
*Esse livro foi uma cortesia do autor
Oi Ana!
ResponderExcluirEu não conhecia o livro, mas pelo título imaginei que fosse uma fantasia kkk
Gosto de contos, mas não fiquei muito interessada, acho que os finais corridos e essa linguagem dura do autor me incomodariam bastante.
Bjs
sobrelivrosesonhos.blogspot.com.br
rs Sim, o título dá essa impressão mesmo! Mas esse livro passa longe de qualquer coisa fantasiosa, ele é bem carregado no quesito "realidade"! Uma pena que você acha que o livro não te agradaria!
ExcluirNunca fui muito de conto, porém de alguns tempos para cá, venho me surpreendendo com contos maravilhosos.
ResponderExcluirsonhoseaventurasdeamor.blogspot.com.br
Eu adoro contos, mas é raro encontrar obras que não sejam romances hoje em dia.
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ResponderExcluirMuito bacana o livro. Li os contos e gostei bastante! Eh uma narrativa critica e reflexiva da condição humano. Doido para ver a resenha e super recomendo! =)
droga, tinha escrito meu comentário e deu erro na página, agora não sei se foi :( hahahaha
ResponderExcluirbom, eu fiquei curiosa pelo livro. não conhecia ele, mas gosto de tramas pesadas assim, sabe? hehe
só que fiquei triste com sua nota ;'(
Trata-se de uma obra que me permitiu prender o riso no ônibus, a caminho da UERJ, onde trabalho, e no regresso ao lar. Você aborda vários aspectos que as pessoas cínica ou medrosamente não comentam, o que acho fantástico. O conto da mulher morta foi demais, por exemplo! Os traficantes se matando fazem parte de nosso dia a dia... E o serviço público?
ResponderExcluirA alma humana realmente não é nada bonita de se ver, ainda mais sem falsos pudores.
ResponderExcluirNo momento não leria o livro.
Bjs, Rose
Para aqueles que declinam tão somente ao nada abstrato da fantasia e utopia, os belíssimos contos arranham as hipocrisias e nos remetem ao subliminar do factual dia a dia.
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