4.11.14

Resenha: Invisível - David Levithan e Andrea Cremer


Stephen nasceu amaldiçoado: ninguém é capaz de vê-lo, inclusive ele mesmo. Sua vida teria sido uma completa tragédia se não fosse por sua mãe, uma mulher amorosa e dedicada que sempre esteve ao lado do filho, ao contrário do pai, que não aguentou a pressão de ter um filho invisível e abandonou a família há muito tempo atrás.

Stephen sempre tentou saber mais porque nascera daquele jeito, mas sua mãe se recusava a lhe dar qualquer resposta e levou seu segredo para o túmulo. Quase um ano depois do falecimento da mãe, Stephen vive uma vida solitária, vagando invisível entre as pessoas, quando um milagre acontece. Stephen esbarra com uma garota que acabara de se mudar para seu prédio e que, incrivelmente, consegue vê-lo.


Elizabeth
, seu irmão Laurie e a mãe foram para Nova York em busca de um recomeço. A vida dos três desmoronou quando todos na sua antiga cidade, inclusive o pai deles, se mostraram extremamente intolerantes ao fato de Laurie ser gay. Elizabeth estava animada com a mudança, especialmente por causa do irmão, mas não sabia o que era ser feliz há muito tempo. Até que seu caminho se cruza com o do estranho vizinho.

Stephen e Elizabeth ficam próximos rapidamente e não havia nada que poderia deixá-los menos felizes e apaixonados. Bom, Elizabeth pensava assim, mas Stephen sabia que sempre haveria uma barreira entre eles: a invisibilidade dele. É quando conhece Laurie que Stephen revela a Elizabeth seu maior segredo. Nenhum dos três entende porque só Elizabeth consegue ver Stephen, então resolvem buscar respostas. Para isso, Stephen terá que encarar seu passado, o que inclui o pai, e seus medos, assim como Elizabeth, que descobrirá algo inimaginável sobre si. Para quebrar a maldição, Stephen, Elizabeth e Laurie entrarão de cabeça em um mundo mágico e recheado de perigos que jamais pensariam existir. 
Sou amaldiçoado. Me amar é sua maldição.” Stephen sobre Elizabeth – Pág. 270
Invisível foi uma surpresa incrível. Tinha boas expectativas para o livro, mas não esperava algo muito grandioso após me decepcionar com o final de Will & Will (resenha aqui), que também conta com a autoria de David Levithan. A trama de Invisível me chamou muita atenção pelo protagonista ser fisicamente, e não metaforicamente, invisível. Entretanto, esperava uma obra fundamentalmente filosófica, por isso me surpreendi bastante quando Invisível se aprofundou mais na ficção e nos levou ao mundo mágico dos conjuradores .

Falou de conjuradores eu lembro logo da série Beautiful Creatures, mas não só por ambos trazerem o universo desses seres mágicos. Como a história de Lena e Ethan, de quem Stephen e Elizabeth seriam amigos caso eles se conhecessem, Invisível também tem uma trama cativante, singela e irresistível. Entretanto, ao contrário de Lena e Ethan, felizmente, Stephen e Elizabeth são menos melosos, apesar de ser um casal muito fofo, e são extremamente destemidos. Em vez de ficarem reclamando sobre os problemas que o destino colocou no caminho dos dois, eles vão lá e resolvem as coisas, sem medo de se sacrificarem pelo outro.


Ainda falando dos personagens, amei Stephen e Elizabeth. Ele é um rapaz fofo e um amante incondicional, e ela é uma garota forte, decidida e, às vezes, impulsiva. Os dois são bastante melancólicos, mas, como casal, acabam conseguindo um equilíbrio emocional e perdendo a posição pessimista diante a vida. Entretanto, meu personagem favorito foi de longe Laurie. Apesar de o personagem ter sido construído em cima do típico estereótipo gay, Laurie em muitos momentos foi a força do casal protagonista, além da descontração do livro. O personagem conferiu muitos momentos divertidos à trama, suavizando bastante a história de ar bastante melancólico. Como Laurie, os outros personagens secundários também têm personalidades bem definidas e papel na trama. Adorei Millie, uma rastreadora que ajuda nossos protagonistas.

Apesar de ser carregado de ficção, Invisível também consegue ser uma obra poética e filosófica. O livro fala, claro, sobre ser “invisível”, não ser notado e viver a parte do mundo onde a maioria das pessoas vive. A obra também fala sobre autodescoberta, aceitação, amizade e amor em todas as suas formas, mas, o mais importante, sobre como não devemos aceitar as adversidades da vida como algo imutável e sim lutar pelo o que queremos e quem queremos e jamais nos fechar para o mundo e para as pessoas, pois elas podem nos surpreender. Foi preciso Elizabeth acontecer para que Stephen despertasse e pensasse: “Ei, eu não preciso viver miserável e sozinho apenas porque nasci diferente”. Mas ele não foi o único que acordou para algo. Ao se envolver com Stephen, Elizabeth acabou descobrindo que não era a pessoa que pensava ser e teve que aprender aceitar e viver sendo essa nova pessoa, mesmo que para isso tivesse que assumir grandes responsabilidades. Foi incrível ver essa evolução dos personagens ao longo do livro. 


Apesar de ter um tom bem melancólico, Invisível não é uma obra triste e sim uma história encantadora e fofa, que além de divertir, nos faz pensar. Gostei bastante dos caminhos que a trama tomou, que em sua maioria foram inesperados, mas que vez ou outra não conseguiram me surpreender. Também gostei bastante da narrativa em primeira pessoa divida entre Stephen e Elizabeth, o que permite ao leitor uma visão mais ampla da história e dos personagens e também uma leitura menos cansativa.

Invisível foi uma surpresa tão boa que li o livro em dois dias. Muito cativante, a obra me conquistou profundamente e me deixou curiosa por mais obras dos dois autores. Recomendo o livro para quem procura um romance rápido e cativante, e que além de questionamentos e mensagens legais, traga também uma trama carregada de magia e amor.


Quanto a edição, tenho apenas uma reclamação. A tradução e diagramação simples estavam perfeitas. As páginas creme ajudaram a deixar a leitura mais rápida e o tipo e tamanho da fonte estavam bons. Gosto da capa do livro, que é poética como a obra, mas que não traz muito dela e que é muito simples. Gosto muito mais da capa original e da versão dinamarquesa (abaixo) que seguem a mesma ideia. As duas capas tem o ar mais jovial e dinâmico da obra.


Título: Invisível
Título original: Invisibility
Autores: David Levithan e Andrea Cremer
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501403223
Ano: 2014
Páginas: 322
Classificação: 5/5 [ótimo]
*Esse livro foi uma cortesia da Editora Galera Record

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12 comentários:

  1. Olá Ana, tudo bem?

    Eu já li um livro do David e achei sensacional, por isso estou desejando Invisível loucamente. Espero conseguir lê-lo ainda esse ano. Beijos!

    PS: Bela resenha, como sempre.

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  2. ainda não li o livro, mas estou morrendo de curiosidade para ler ele. parece ser uma história triste mesmo, mas acho que o romance dará um ar melhorzinho para a trama
    realmente, as outras capas fazem bem mais jus a trama!
    preciso ler logo! *---*

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  3. A escrita do David Levithan é bem legal!
    Acabei de ler Todo dia dele também e gostei bastante. O que tenho percebido é que ele gosta mesmo de estórias que fogem do normal :)
    beijoss
    Sublimar-me

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  4. Estou doida pra ler esse livro, parece ser ótimo, gostei muito de Todo dia e Will & Will, e essa resenha me deixou ainda mais ansiosa pra conferi essa história encantadora e fofa.

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  5. Olá, Ana.
    Tenho muita vontade de ler esse livro, principalmente por causa do enredo incomum. Não me lembro de ler nenhum livro onde o personagem fosse invisível. Outro fator que me impulsiona é querer conhecer a escrita do autor.
    Gostei do que você falou dos protagonistas; acho que irei gostar deles.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de novembro

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  6. Ana!
    Tão bom quando uma obra nos surpreende para melhor.
    Escuto muito falar o Leviathan e algumas opiniões são bem controversas, como a sua mesmo antes, por ter lido outro livro que não era o que esperava.
    Fico feliz em saber que a magia está presente no livro e foi levado para o lado da ficção/fantasia, atrai mais, né?
    E quando os protagonistas são fofos, nos sentimos envolvidos.
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Estou fascinada por essa história, Stephen, Elizabeth e Laurie, me despertaram um interesse por sua aventura em busca de respostas, me senti atraída pelo mundo mágico e cheio de perigos. Parabéns pela resenha, conseguiu me deixar ansiosa para me aventurar nessa história, que nos passa uma mensagem, de que devemos lutar por quem queremos.

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  8. Oi Ana, não li o livro, na verdade, não estou muito interessada em ler, mas concordo contigo em relação a capa, apesar de não saber exatamente a referência, mas analisando apenas a estética.
    Bjs Rose.

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  9. Essa David sempre se superando. Estou acabando de ler "Todo Dia" e estou gostando muito do seu jeito de escrita. Gostei da resenha de "Invisível", e gostei mais quando vc disse que era uma história encantadora. Além disso a capa é bem legal.

    Até,
    Rodolfo

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  10. Sou louca pra ler esse livro, o fato do Stephen ser fisicamente invisível me chamou muito a atenção. Também achei legal o Lauriel fazer tanto parte da história, normalmente a coisa fica toda centrada no casal principal. As outras capas são mais bonitas mesmo, a versão brasileira tem sentido mas é simples até demais.

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  11. É muito bom quando tem resenhas sobre os livros do David. Coitados dos leitores que desfrutam das resenhas e acabam desejando os livros dele.
    Achei a capa do livro Brasileiro, nada haver com a história, é muito simples. Como você gostei mais das capas internacionais.

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  12. Quero muito ler achei muito legal um tema sobrenatural totalmente novo e diferente de tudo que tem por ai,gostei muito do personagem principal Stephen e sempre pensei na invisibilidade com algo que pudesse ser mudado mas com Stephen vemos uma historia completamente diferente!!!

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