12.4.14

Resenha: Um Perfeito Cavalheiro - Julia Quinn

Título: Um Perfeito Cavalheiro
Título original: An Offer from a Gentleman
Série: Família Bridgerton
Volume: 3
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
ISBN: 978-85-8041-238-3
Ano: 2014
Páginas: 304
Classificação: 5/5 [ótimo] - favorito
Sinopse: Sophie sempre quis ir a um evento da sociedade londrina. Mas esse é um sonho impossível. Apesar de ser filha de um conde, é fruto de uma relação ilegítima e foi relegada ao papel de criada pela madrasta assim que o pai morreu. Uma noite, ela consegue entrar às escondidas no baile de máscaras de Lady Bridgerton. Lá, conhce o charmoso Benedict, filho da anfitriã, e se sente parte da realeza. No mesmo instante, uma faísca se acende entre eles. Infelizmente, o encantamento tem hora para acabar. À meia-noite, Sophie tem que sair correndo da festa e não revela sua identidade a Benedict. No dia seguinte, enquanto ele procura sua dama misteriosa por toda a cidade, Sophie é expulsa de casa pela madrasta e precisa deixar Londres. O destino faz com que os dois só se reencontrem três anos depois, Benedict a salva das garras de um bêbado violento, mas, para decepção de Sophie, não a reconhece nos trajes de criada. No entanto, logo se apaixona por ela de novo. Como é inaceitável que um homem de sua posição se case com uma serviçal, ele lhe propõe que seja sua amante, o que para Sophie é inconcebível. Agora os dois precisarão lutar contra o que sentem um pelo outro ou reconsiderar as próprias crenças para terem a chance de viver um amor de conto de fadas. Nesta deliciosa releitura de Cinderela, Julia Quinn comprova mais uma vez seu talento como escritora romântica.
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De Cinderela para amante 

Sophie Beckett sempre soube que era uma bastarda. Entretanto, seu pai, o conde de Penwood, adotou-a como pupila e criou-a em sua casa com todos os luxos e educação que qualquer outra criança nobre poderia receber. Apesar de nunca ter ouvido uma palavra de carinho do pai ou de ter tido muita atenção dele, Sophie, além de grata pela vida que tinha, era feliz. 

Mas, tudo munda quando o conde se casa. A nova madrasta de Sophie odeia a garota e usa de suas duas filhas, Rosamund e Posy, para atormentá-la. É quando o conde falece, alguns anos depois, que sua viúva finalmente se vê livre para transformar a vida de Sophie um inferno. Sem saber que o pai lhe deixou um dote, a garota perde todas as suas regalias e se transforma em uma criada sem qualquer expectativa de vida além da servidão. A madrasta e suas filhas a tratam quase que como uma escrava e Sophie não tem alternativa além de aceitar os maus tratos. Mesmo depois de Sophie completar 20 anos, idade em que a madrasta para de receber uma renda extra na herança do Conde para manter a menina sob seus cuidados, a garota continua trabalhando para a viúva de seu pai. Sophie não gosta da vida que leva, mas sabe que poderia estar em situação muito pior. 

Rosamund, que se tornou ainda mais irritante e malvada do que quando criança, Posy, que apesar de não maltratar Sophie não faz nada para ajudá-la, e sua mãe vivem frequentando os eventos da sociedade londrina, os quais a Sophie resta apenas imaginar. Entretanto, algumas empregadas antigas do Conde resolvem ser as fadas madrinhas de Sophie por um dia e arquitetam um plano para que ela vá ao baile de máscaras que a família Bridgerton está proporcionando aquela noite. 

Tudo dá certo e Sophie vai para o baile, onde logo na entrada encanta e intriga a todos, mas principalmente um certo Bridgerton. Benedict fica maravilhado com a belíssima dama de prateado, com a qual ele logo arruma um jeito de ficar a sós. Em apenas uma hora e meia, Sophie, sem revelar sua identidade, e Benedict se apaixonam e trocam, além de um beijo, a melhor noite de suas vidas. Mas, com o badalar do relógio a meia-noite, Sophie vai embora, deixando para trás apenas uma luva e um Bridgerton apaixonado. 
“Não seria fácil encontrá-la. Nunca era fácil achar alguém que não queria ser encontrado, e ela deixara mais do que claro que queria manter a identidade em segredo. As pistas que Benedict tinha eram, na melhor das hipóteses, insignificantes. Alguns comentários aleatórios sobre a coluna de Lady Whistledown e... Ele olhou para a luva que ainda segurava na mão direita.” Pág. 58 
Benedict procura pela dama de prateado no dia (e nos seis meses seguintes como sabemos mais tarde), o que faz com a madrasta de Sophie descubra sua aventura e a expulse de casa. Três anos se passam e Benedict e Sophie ainda guardam memórias daquela noite, mas enquanto Sophie sabe que um romance entre os dois só acontecerá em sua mente, Benedict ainda não desistiu de encontrar sua amada. Em uma festa do ex-patrão devasso de Sophie, Benedict a salva do dito cujo, mas não reconhece aquela criada esquelética como a maravilhosa mulher pela qual se apaixonou. Sophie acompanha Benedict até uma de suas propriedades e no caminho o casal fica de baixo de uma chuva torrencial que deixa Benedict doente. Sophie cuida do homem, que, com o gesto, se pega olhando duas vezes para aquela criada de fala refinada, modos educados e temperamento forte. 
“Ela o encarou direto nos olhos. E foi nesse momento que soube. Ele não iria reconhecê-la. Não fazia ideia de quem ela era. Sophie não sabia se ria ou se chorava.” Pág. 87 
Quando Benedict finalmente assume seu desejo por Sophie, ele pede a ela que seja sua amante, garantindo-lhe assim uma vida de luxo e prazer. Entretanto, Sophie não quer ser como sua mãe e não quer que seus filhos passem pelo mesmo que ela, portanto, recusa a proposta. Mas Benedict ainda não está disposto a deixá-la ir e ele continuará insistindo e ela negando. Entretanto, é evidente o sentimento que cresce entre os dois. Será que o desejo é maior que a resistência e os valores de Sophie? E será que Benedict quer apenas o prazer carnal com Sophie? E a dama de prateado, há espaço para ela no meio dessa história? 
“O sangue de fato valia mais o qualquer coisa, sobretudo quando se tratava da família Bridgerton.” Pág. 245 
“Um Perfeito Cavalheiro” é o terceiro livro da série “Familia Bridgerton”. Apesar de ter adorado os volumes anteriores, “O Duque e Eu” (resenha aqui) e “O Visconde Que Me Amava” (resenha aqui), não estava com expectativas muito altas para esse volume. A premissa inicial de uma releitura do famoso conto da Cinderela não me agradou muito, já que Quinn não seria a primeira a tentar reinventar essa história em um romance de época. Entretanto, quando a autora colocou Benedict e Sophie em meio à proposta de um relacionamento ilegítimo, ela acabou distanciando-se de sua premissa inicial e definitivamente me conquistando. 

Quinn tem uma narrativa incrível, leve e divertida, que somada a seus personagens carismáticos já deixa seus livros irresistíveis. Entretanto, o melhor de “Um Perfeito Cavalheiro” é trama. Bem amarrada e elaborada, a história desse volume foi realmente surpreendente e, pelo menos para mim, especial. Enquanto nos dois primeiros volumes da série Quinn nos traz um romance impedido por adversidades colocadas pelo próprio casal, aqui temos um romance impossibilitado pelas diferenças sociais. O relacionamento entre Benedict e Sophie ganha proporções mais reais ainda quando ele propõe que ela seja sua amante, o que acontecia muito na época em que se passa a história. Outro aspecto relevante foi o debate moral por qual nossa protagonista passou. Sophie acreditava piamente que era errado ser amante de Benedict, mas não deixa de ficar em dúvida quando é despertado dentro em si o desejo e também o amor por aquele homem. 

Os personagens de Quinn, como sempre, estão uns amores. A presença dos membros da família Bridgerton são sempre incríveis, com destaque para a matriarca Violet que é uma verdadeira fada madrinha quando se trata dos relacionamentos dos filhos. Apesar de ter sentido falta de uma presença mais marcante dos casais dos livros anteriores, gostei de que os Bridgerton mais novos (que aqui já estão um pouco mais crescidos) tenham aparecido mais nesse livro. Benedict ganhou minha simpatia com “Um Perfeito Cavalheiro”, apesar de não ter conseguido desbancar Anthony de seu posto de Bridgerton (homem) favorito – apesar de que Colin já está chegando quase lá. Algo que gostei bastante foi do personagem ter certo conflito de identidade dentro da própria família, afinal, com sete irmãos, quem não ficaria chateado de ser conhecido como o Nº 2? Mais uma vez Quinn me encantou com sua capacidade de criar personalidades tão distintas em um número tão grande de personagens. Apesar de Benedict ter seu lugarzinho no meu coração, confesso que me irritei quando ele pediu a Sophie que fosse sua amante e continuou insistindo mesmo depois de ser rejeitado por ela. Sério, que tipo de “cavalheiro perfeito” tenta seduzir a mocinha sempre que a vê vulnerável? E falando nela, Sophie me conquistou logo de início por sua determinação. Das heroínas de Quinn ela é minha favorita, já que não é só uma garotinha nobre que se apaixona por um cara que não a quer. Sophie tem valores os quais batalha para manter e, mesmo quando cede a seus desejos, ela não perde a noção de quem é e do que quer. Ela é uma protagonista forte e me cativou do início ao fim do livro. A única personagem que foi mal aproveitada nesse livro foi a Lady Whistledown, cujas Crônicas apenas serviram para nos atualizar das recentes fofocas da sociedade. A língua ferina de Whistledown está desaparecida nesse livro, mas sua falta de energia e entusiasmo com as fofocas fazem até sentido, já que no trecho final a vemos decidida a finalmente viver aventuras e escândalos como os que já narrou. Mal posso esperar para conhecer a identidade da personagem (apesar de que já acho que sei quem é) no próximo livro, já que tudo indica que ela vai se envolver com um Bridgerton. 

A edição de “Um Perfeito Cavalheiro” está excelente. A tradução e diagramação estão ótimas, não encontrei nenhum erro. O tipo da fonte estava bom, apesar de que achei o tamanho um pouco pequeno. As páginas amareladas ajudaram a deixar a minha leitura ainda mais rápida, assim como os capítulos juntinhos. A capa é simplesmente divina, além de combinar com a história e com o estilo das outras capas da série aqui no Brasil. Minha única reclamação é quanto ao título. O original, “An Offer from a Gentleman”, como nos volumes anteriores, pode ser traduzido sem problemas algum. A adaptação de “Uma oferta de um Cavalheiro” (em tradução livre) para “Um Perfeito Cavalheiro” não faz sentido já que, como disse anteriormente, Benedict não foi 100% cavalheiro com Sophie. “Um Perfeito Cavalheiro” cria expectativas erradas, enquanto “Uma oferta de um Cavalheiro” daria a noção correta sobre o que se trata o livro. 

 Outras capas.

“Um Perfeito Cavalheiro” foi uma leitura tão gostosa, surpreendente e divertida que li o livro em apenas seis horas e fiquei desejando por mais. Esse volume conseguiu ser, até agora, o meu favorito da série graças a sua trama mais bem elaborada e menos clichê. Mal posso esperar para mais aventuras e desventuras românticas da família Bridgerton.



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14 comentários:

  1. Não gosto muito de romances de época, mas vc falou do livro com tanto amor que eu acho que daria uma chance, apesar de no momento não querer ler séries longas.

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  2. Ana eu me senti em casa lendo essa resenha, não sei se já estou chata em dizer: mas acho que recriar o mundo de Cinderella tende a cair um pouco na mesmice. Mas você mesmo depois admite que o livro foi o favorito dos três o que dá um certo tom de leia pra ver ou quem disse que não posso estar enganada? HIHIHI SINTO ISSO O TEMPO TODO, NÃO TENTO CRIAR EXPECTATIVAS E ACABO AMANDO O LIVRO DEPOIS! Ainda não li nenhum, mas depois dessa sei que será leitura obrigatória para mim.

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  3. Assim que comecei a ler a sinopse, pensei em Cinderela. Realmente, nos últimos tempos há muitas releituras dos famosos contos de fadas e nem sempre são bons. No entanto, já li sinopse de outros livros dessa série e posso dizer que parece ser muito boa, apesar dos clichês. "Um perfeito cavalheiro" não parece ser a melhor história da série, mas acho que daria sim uma chance à ele.

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  4. Eu não conheço a autora ainda, mas morro de curiosidade, ainda mais quando leio uma resenha como a sua! Pelo que vejo, esta série toda é muito bem quista.
    Bjs, ROse

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  5. Oi, Ana
    Adorei sua resenha. Gosto muito de romance de época e essa série é a minha preferida. Adoro a Julia Quinn. Esse livro me lembra muito um conto de fadas.

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  6. Oi Ana!
    Sou apaixonada por romances de época e gostei bastante dois primeiros dessa série, agora fiquei ainda mais curiosa sobre o terceiro... Acho que o meu preferido já é o Coli e até tenho um palpite sobre com quem ele vai ficar...
    Beijos
    http://sobrelivrosesonhos.blogspot.com.br/

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  7. Ana dos livros de Julia Quinn "Um Perfeito Cavalheiro" é o meu preferido. Amei a forma da escritora contar a história, e fiquei tão apaixonada pelo Benedict que comecei a procurar um pra mim. Adorei ler sua resenha, e os pontos que você levantou, alguns sinceramente tinham passado desapercebido por mim, acho que essa é a beleza da blogsfera, o mesmo livro pode ter vários interpretações.

    Bjks

    Patty Santos - Blog Coração de Tinta
    http://coracaodetinta.blogspot.com.br/

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  8. oie Ana
    estou muito ansiosa para ler esse livro por se tratar de uma releitura de um dos contos que eu gosto muito, e também por trazer o Benedict que amo.
    Adoro o lado humorístico da Julia. Ler seus livros é sempre garantia de diversão e boas risadas.
    bjos
    www.mybooklit.com

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  9. tenho curiosidade em ler os livros da autora (ainda não li nenhum ;$) mas este ai me deixa mais curiosa ainda por ser uma releitura de Cinderela *-* hehe
    já vi tantas resenhas positivas deste livro que estou com muita expectativa. espero gostar e não me decepcionar né hahaha

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  10. Oi Ana!!
    Ainda não li nenhum dos livros dessa série, mas achei o enredo deste volume muito interessante! Adoro releituras de contos e fiquei bem curiosa para saber como terminará essa estória, parece ser um livro cativante! :)
    E já tenho a série na lista na lista de desejados, agora só falta adquirir =)
    Beijos ♥

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  11. Tenho lido muitas resenhas sobre a série e muitos elogios, assim como o seu. Não sou muito fã dos romances atuais, mas talvez eu leia esses. Primeiro, pelo fato de ser histórico. E, segundo, não sei porque, mas quando olho para essas capas me lembro da Jane Austen.

    Quem sabe eu realmente os leia em breve.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de Abril

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  12. a capa é linda , mais o livro nao me deixa muito interessada apesar de nunca ter lido nada do gênero !

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  13. Flor,
    vou ser sincera com vc.. Eu não li sua resenha.. mas tenho um motivo.. eu recebi da arqueiro essa semana e vou le-lo em breve.. logo, fiquei com muitoooooooo medo de ter um spolerzinho no meio.. hehe.. pq eu sou daquele tipo de pessoa q gosta de total suspense.. qt menos eu souber do livro, melhor.. mas eu sei q sua resenha deve ter ficado ótimmmaaaa.. hehe Sorry!
    alias, eu vi q vc elogiou, deu 5 estrelas 1 coração e leu em 6 horasssssssss... Isso muito me agrada, já vou começar a ler sabendo q ele foi visto como um bom livro! :D

    bjinhooos
    Pam
    Meus Livros Preciosos

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  14. Não gosto muito de romances históricos, então eu não leio muitos, não sei porque, o gênero simplesmente não me agrada. Vou indicar essa leitura pra minha mãe, que ama livros assim.
    E-mail: juliamariamoraes2013@gmail.com
    Nome de seguidor: Julia Moraes

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