Título: Ex-Heróis
Título original: Ex-Heroes
Série: Ex-Heróis
Volume: 1
Autor: Peter Clines
Editora: Novo Século
ISBN: 978-85-428-0105-7
Ano: 2013
Páginas: 344
Classificação: 5/5 [ótimo]
Sinopse: Stealth. Gorgon. Regenerator. Cerberus. Zzzap. Mighty Dragon. Eles eram heróis usando suas habilidades sobre-humanas para fazer de Los Angeles uma cidade melhor e mais segura. Até que uma terrível praga mortal se espalhou pelo mundo. Bilhões morreram, e hordas de zumbis levaram toda a civilização à ruína. Um ano depois, Mighty Dragon e seus companheiros são os protetores dos sobreviventes, refugiados em um estúdio de cinema transformado em fortaleza, o Monte. Assustados e traumatizados, os heróis combatem os vorazes exércitos de ex-humanos nos portões, lideram equipes para procurar por suprimentos e lutam para serem verdadeiros símbolos de força e esperança. Porém, os famintos ex-humanos não são as únicas ameaças que os heróis devem enfrentar. Velhos aliados, com poderes e mentes horrivelmente destorcidas pela morte, ocultam-se nas ruínas da cidade. E apenas poucos quilômetros os separam de outro grupo, lentamente acumulando poder e liderado por um inimigo coma habilidade mais aterrorizante de todas.
Os mortos não são os únicos inimigos
O mundo que conhecemos acabou, foi dominado por mortos-vivos comedores de gentes, ex- humanos, ex-vivos, ou simplesmente Ex’s, zumbis sedentos por carne fresca. O terrível vírus que faz com que os mortos se levantem espalhou-se rapidamente por todo o globo, causando danos irreversíveis e destruindo a nossa civilização. De fato, nesse “novo mundo”, não há lugar para muita civilidade ou frescuras: há não ser que você queira ser morto por um Ex e acabar tornando-se parte deles, é preciso esmagar cérebros a todo instante.
“As pessoas podem dizer um monte de coisas negativas sobre o apocalipse, mas não havia como discutir que a qualidade do ar em Los Angeles tinha de fato melhorado.” Pág. 22
O ser humano, sempre com sua capacidade de adaptação, conseguiu sobreviver ao apocalipse zumbi, apesar de que o número de mortos é bem superior ao de vivos. Em Los Angeles, o glamour que pairava pelo ar foi substituído pelo cheiro de morte e carne podre. Apesar da forte batalha que foi travada ali, os mortos ganharam e os vivos foram obrigados a se esconder. O Paramount Studios, também conhecido como o Monte, foi transformado em um centro de resistência, onde sobreviventes vivem com um pouco mais de dignidade e tranquilidade.
“Os guardas acenaram por trás das muralhas do Monte e das torres de observação enquanto eles se embrenhavam no terreno baldio que outrora tinha sido Los Angeles, o destino dos sonhos de dezenas de milhares a cada ano.” Pág. 38
Mas o Monte só é um lugar seguro graças a antigos super-heróis que, felizmente, ainda acreditam no bem que podem fazer para a raça humana. E quando falo de super-heróis, não quero dizer apenas humanos com poderes inacreditáveis. Stealth, Gorgon, Regenerator, Cerberus, Zzzap, e Mighty Dragon eram realmente vigilantes da cidade de Los Angeles antes mesmo dela ser tomada por Ex’s. A vida como eles conheciam pode ter acabado, mas os heróis não deixaram totalmente de lado suas máscaras, roupas coloridas e codinomes, já que ainda estão lutando pelo bem comum e que suas façanhas do passado e de agora não serão esquecidas por aqueles cuja vida foi salva.
“St. George tentou não fitar a mão. – Você não pode se esconder aqui para sempre, Josh.- Claro que posso. O que você acha que todos nós estamos fazendo?” Pág. 31
Mighty Dragon, ou St. George, deixou sua fantasia para trás, mas não sua fama. Um verdadeiro dragão humano (do tipo que solta fogo mesmo e tem uma pele extremamente resistente), ele é, talvez, o mais adorado dos heróis e um dos que mais leva a sério o “papel” de super-heróis de vigiar e proteger. Um homem gentil e extremamente benevolente, George raramente pensa em si mesmo e não deixa com que as circunstâncias distorçam seus valores. Zzzap, ou Barry, é capaz de transformar seu corpo em pura energia, tão brilhante e poderosa como o sol. Ele também é gentil e benevolente e, talvez, o mais poderoso dos heróis. Cerberus não é realmente uma heroína, mas uma máquina capaz de deixar sua criadora tão forte quanto uma. A Dr. Danielle é mulher extremamente inteligente e criou em exoesqueleto de metal praticamente indestrutível que faria o Homem de Ferro parecer uma criancinha dentro de uma fantasia de metal em um combate. Regenerator, ou Josh, tinha a capacidade de cura, até ser mordido por um zumbi e seu poder mal ser capaz de mantê-lo vivo. O acidente de Josh acaba fazendo-se se retrair e se afastar dos outros heróis. Entretanto, ele já era um homem amargo muito antes disso. Gorgon é tão poderoso quando temido, graças a seus olhos “de vampiro”. O cara consegue “sugar” a energia vital das pessoas apenas com o olhar, o que somado a seu jeito nem um pouco delicado faz com que eles não seja exatamente querido. No comando de todos esses heróis está Stealth, a única que ainda insiste em manter sua identidade e verdadeira face em segredo. Uma mulher misteriosa e extremamente inteligente, além de belíssima, ela está sempre um passo à frente, preparada para qualquer coisa. De fato, foi Stealth quem reuniu todos os heróis e tornou e ainda torna a vida no Monte possível e confortável. Entretanto, Stealth pensa apenas no bem maior e não se importa com os sacrifícios que devem ser feitos no caminho. Ela não faz questão alguma de ser gentil e educada e realmente acredita que certos meios justificam o fim.
“Ser um super-herói tinha algumas regalias, mesmo após o Zumbocalipse.” Pág. 115
Mas Stealth, Gorgon, Regenerator, Cerberus, Zzzap, e Mighty Dragon não são os únicos heróis da cidade e sim os únicos que sobreviveram. Assim como o Monte não é o único centro de sobreviventes humanos. Antes de os Ex’s dominaram totalmente LA, diversos outros heróis juntaram-se a Stealth e seu grupo, mas muitos deles acabaram sucumbindo a praga contra a qual lutavam. Se a perspectiva de zumbis com superpoderes não é nem um pouco agradável, imagine a de inimigos que ainda não estão mortos. Mesmo com o mundo ruindo a seu redor, ainda há aqueles humanos que não conseguem conviver com os outros e que têm sede de poder. Os heróis do Monte até agora lutaram apenas com os mortos vivos, mas e se eles não forem os únicos inimigos? Mesmo em uma interminável guerra pela sobrevivência há batalhas pelo poder.
“Soldados, policiais e cidadãos se obrigando a acreditar que os ex's estão apenas infectados com alguma doença curável, apesar de todas as evidências, ao invés de tomar as medidas necessárias. Eles não vão aceitar a verdade. Eles não vão reagir a ela. O surto não será contido. É tarde demais. O mundo, como nós o conhecemos, acabou." Pág. 126/127
História de zumbis e histórias de sobreviventes de algum surto/apocalipse zumbi são bem diferentes e, enquanto gosto da primeira, não sou nem um pouco fã da segunda. Em histórias de zumbis, como no livro “Sangue Quente” (resenha aqui) e seriados “In The Flesh” e “Les Revenants”, temos a perspectiva desses seres, cujo seu estado de morto-vivo é extremamente importante e significativo dentro da trama. Já em histórias de sobreviventes de algum surto/apocalipse zumbi, como esse livros e milhares de outros, assim como filmes e séries, temos a perspectiva de humanos, onde os mortos-vivos são apenas um aspecto da história, algo como cenário ou conflitos secundários.
Entretanto e felizmente, “Ex-heróis”, primeiro volume da série de mesmo nome, conseguiu me conquistar mesmo sendo a história de sobreviventes humanos em um mundo de mortos-vivos lerdos e comedores de carne (o tipo que me entedia) – exceto por um zumbi especial que ficou muito, desculpem a palavra, foda. Também não tenho uma grande empatia com super-heróis, mas nesse livro, ao juntá-los com os zumbis, o autor consegui criar uma história incrível e única. Um dos aspectos mais legais da trama é o caráter despretensioso do livro, como se nem Clines nem os próprios personagens estivessem levando a sua história a sério. O autor conseguiu deixar o livro extremamente leve e divertido, até mesmo nas partes mais tensas, criando assim uma obra gostosa de ler. A trama foi muito bem desenvolvida e amarrada, não existe uma minúscula ponta solta, apesar do início um pouco lento e de só descobrimos o conflito principal de “Ex-heróis” lá para o meio do livro. Mas Clines me conquistou mesmo foi com sua narração, hora em primeira e hora em terceira pessoa, mas sempre sarcástica e cativante. O livro é dividido em capítulos de “Antes” e “Agora” do apocalipse, onde no “Antes” conhecemos mais intimamente os heróis e a evolução do surto zumbi que tomou o planeta. Apesar dessa quebra constante na perspectiva e na linha cronológica da história não ter me incomodado (pelo contrário, adoro quando os autores usam tais recursos), em alguns momentos da trama me vi confusa com o excesso de informações e personagens. O autor também merece uma estrelinha dourada pelo cenário que escolheu. Ok, não é a primeira história de fim do mundo em Los Angeles ou nos EUA, mas definitivamente é a primeira que vejo em Hollywood e, mais especificamente, dentro de um estúdio de cinema. A escolha do cenário foi mesmo uma sacada de mestre, afinal, além de ser diferente e original, se paramos para pensar é perfeita para um acampamento de sobreviventes: é um lugar enorme e cercado por muros altos. Clines também foi bem detalhista ao narrar um pouco do modo de vida nesse mundo pós-surto-zumbi, o que tornou o livro ainda mais convincente.
Todos os personagens são cativantes, até mesmo os vilões, e tem personalidade própria e papel na trama. Entretanto, como já disse, eles são tantos que, durante a maior parte do livro, fiquei voltando páginas para entender quem era quem. Os heróis, claro, ganharam destaque dos demais e os que mais gostei foram Mighty Dragon, Cerberus e Gorgon. Stealth me dividiu, não sei ainda se gosto ou não dela. Se, por um lado, é graças a ela que a maioria deles está vivo, seu lado sempre prático e, muitas vezes, insensível acabou me desgostando. Honestamente não compreendi o porquê dela ser tão fria, mas pode ser, e espero que sim, que isso mude durante os próximos volumes. Mas o que mais me agradou nos personagens heroicos de “Ex-heróis” foi que o autor desconstruiu muitos clichês que normalmente são ligados a esse tipo de personagens. Aqui há muito pouco glamour, beleza e confortos em ser um herói, na verdade, eles têm é muito trabalho e muitas vidas para proteger, além de imensas expectativas sobre eles. Foi interessante ver que nem todos eles são inteiramente bonzinhos ou maus, que eles cometem erros como qualquer um de nós, além de que podem ser ainda mais egoístas e insensatos quando o poder deles lhes sobem a cabeça.
A edição de “Ex-heróis” está perfeita. A tradução e diagramação estão ótimas, adorei as primeiras e últimas páginas negras, assim como os detalhes no início de cada capítulo (fotos no final da resenha). O único erro que encontrei foi no capítulo 15 que foi intitulado como “Antes”, apesar de que ele se passa no momento presente, no “Agora”. O tipo e tamanho das fontes estavam bons, e, como as páginas amareladas, eles ajudaram a deixar a leitura do livro mais leve. Eu gosto da capa, ela combina perfeitamente com a história. A minha única reclamação é que, de perto, a pose do super-herói é desconfortável de olhar. Gosto das outras versões de capa que o livro ganhou (fotos abaixo) lá fora, especialmente da segunda, que combina ainda mais perfeitamente com a trama, além de ter o mesmo ar despretensioso que o livro.
“Ex-heróis” foi uma excelente leitura, ainda melhor do que eu esperava. Estou ansiosa pelos outros volumes da série, assim como por mais obras do Clines, que já provou seu talento como escritor. Recomendo a obra para aqueles que curtem uma história de zumbi mais leve, com os dramas que os mortos-vivos provocam amenizados por muito e refinado bom humor. Quem gosta de super-heróis pode não gostar de vê-los com tão pouco glamour como eles foram apresentados nesse livro, mas acredito que vale a pena ler apenas para perceber que toda a magia de ter poderes vai muito além de usar uma fantasia e ser idolatrado.
Oi Ana!
ResponderExcluirEu adoro filmes de zumbis e filmes de super-heróis... Então quero ver como ficou essa mistura dos dois mundos. Nunca li nada parecido!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Eu adorei o livro Ana, foi uma excelente surpresa, eu que nem era fã de zumbis mudei de opinião na hora.
ResponderExcluirBjos!!
Cida
Moonlight Books
Olá, Ana.
ResponderExcluirBem, eu não curto esse gênero. Então não fiquei interessado no livro.
A capa não me agradou, mas a arte no interior do livro ficou sensacional. Adorei essas últimas fotos que você postou.
Beijos!!!
Participe do concurso cultural, valendo marcadores de páginas:
http://ymaia.blogspot.com.br/2014/03/concurso-cultural-homenageando-ayrton.html
eu até curto histórias de zumbis, não por causa de TWD, porque desde pequena assistia os filmes de Romero, mas depois de TWD digamos que fiquei bem 'seletiva' e volta e meia acabo comparando qq coisa que venha depois com a série/hq/livros. E só por essa capa eu não compraria esses. Achei bem tosco esse vermelho do título... Apesar de ter gostado da parte interna dele...
ResponderExcluirquanto a história, bem.. eu poderia ler algum dia, mas sem colocar mt expectativa... mas de cara, não tive atração pela trama...
bjs, flor...
http://torporniilista.blogspot.com.br/
Oie Ana
ResponderExcluiramo zumbis, isso não é segredo, mas heróis e mortos vivos em uma mesma história pelo visto rende muito pano pra manga.
Gostei ainda mais por se passar em um estúdio de cinema. Com certeza o autor inovou e muito. Não conhecia o livro, mas agora fiquei mega curiosa para ler.
bjos
www.mybooklit.com
Olá Ana!
ResponderExcluirSó tenho pego livros e filmes legais de zumbis, atualmente o tema que está em alta são esses mortos-vivos sugadores de cérebros, cada vez mais contagiantes. Gostei do livro, vou adquiri-lo assim que possível.
Parabéns pela resenha.
Bjos
Ni
Cia do Leitor
Sem dúvidas, muito curioso!
ResponderExcluirNunca li/vi nada sobre zumbis, esse tema não me atrai, mas de super-heróis eu gosto, então tem boas chances de eu ler esse livro :)
A capa do livro é realmente muito bonita, mas a sinopse dele não me convenceu, não chamou a minha atenção como outros livros já chamaram.
ResponderExcluirA-M-O zumbis, qualquer livro/filme/série que os envolva sempre me interessa, mesmo sendo aqueles mais "lerdos". Esse livro parece ser muito bom, quero muito ler :3
ResponderExcluirE-mail: juliamariamoraes2013@gmail.com
Nome de seguidor: Julia Moraes
Realmente estou encantada com esta esta tua resenha, amo este tipo de historia e tua resenha me deixou super animada pois olhei todos os filmes possíveis sobre eles e sou uma apaixonada por zumbis, imagina juntar tudo isto num livro, lista de desejados com toda certeza!!!
ResponderExcluirEspero poder ler em breve!!
Beijos!!
Oi Ana!
ResponderExcluirNunca li nada sobre zumbis, nem assisti filmes sobre esse tipo de personagem, mas gostei da sinopse e da sua resenha. Ainda assim, o livro não entrou para as próximas leituras...
Beijos
http://sobrelivrosesonhos.blogspot.com.br/
Suas resenhas estão ficando cada vez maiores e melhores. Incríveis. Você tem que ensinar a resenhar assim.rs
ResponderExcluirBem, diferente de você, eu gosto de histórias de zumbis. É quase sempre a mesma coisa, mas eu gosto. A morte, ou a proximidade com ela, me deixa angustiado em obras literárias. E eu gosto de livros que me deixem angustiados. Soa meio maluco, né?
Ainda não tinha lido uma resenha tão boa sobre o livro e, sinceramente, me apaixonei. Quero esse livro logo. Parece ser excelente.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista
Achei lindo o livro mais não me interessei muito de fato, mas é uma boa dica, enfim não faz me gênero favorito e não consegui me encantar
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