Título: Reiniciados
Título original: Slated
Série: Trilogia Reiniciados
Volume: 1
Autora: Teri Terry
Editora: Farol Literário
ISBN: 978-85-62525-72-8
Ano: 2013
Páginas: 432
Classificação: 5/5 [ótimo]
Sinopse: As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?
Teenage Lobotomy*
“- Jamais esqueça quem você é! – ele grita, segura meus ombros com firmeza e me sacode com força.Um manto de terror suprime o mar. A areia. Suas palavras, as contusões no meu braço, a dor em meu peito e pernas. É aqui.” Pág. 8
Crises econômicas, revoltas populares, criminalidade juvenil e terrorismo nos meados de 2020 levaram o governo do Reino Unido a drásticas atitudes. Separar-se da União Europeia e fechar as fronteiras foram algumas delas, assim como proibir os celulares a menores de vinte um anos e reiniciar criminosos menores de dezesseis anos, processo que apaga todas as memórias e traços de personalidade, além de instintos violentos, uma verdadeira lobotomia futurista. Kyla é uma reiniciada. Ela não tem memórias de sua vida antiga, não sabe nem mesmo porque foi reiniciada e nem qual é seu nome verdadeiro, já que o atual foi lhe dado após a cirurgia que a tornou uma reiniciada.
“Estranho. Tudo bem, não tenho muito experiência nisso para embasar este julgamento. Posso ter dezesseis anos, não ser lenta, ou retardada, nem ter sido trancada no armário desde o nascimento – até onde eu saiba -, mas ser transformada numa Reiniciada faz isso com você. Deixa a pessoa vazia de experiências.” Pág. 9
Reiniciados são como bebês e precisam reaprender absolutamente tudo, apesar de evoluírem muito mais rápido que crianças. Kyla já passou por todo esse processo e está prestes a sair do Hospital onde vive desde que foi reiniciada, nove meses antes, três a mais que o normal de outros reiniciados. Kyla não é como os outros, os pesadelos que atormentam suas noites parecem tão reais quanto memórias e ela não está sempre com seus níveis (de felicidade) altos. É importante que os reiniciados estejam sempre felizes, se não, eles desmaiam, tem convulsões e, finalmente, morrem. E Kyla nem sempre consegue se manter feliz, o que combate correndo, organizando coisas mentalmente e, principalmente, desenhando.
“Doutora Lysander havia me perguntado muitas vezes por que tenho compulsão em observar e saber tudo, memorizar e mapear todo relacionamento e ponto de vista. Não sei. Talvez eu não goste de me sentir em branco. Há detalhes perdidos que precisam ser organizados.” Pág. 20
Entretanto, sua médica, a sagaz e fria Doutora Lysander, acha que ela está pronta para ir para sua família, que na verdade são apenas estranhos que a adotaram. Kyla está muito nervosa com a mudança, tem medo da nova família não gostar dela, mas ao mesmo tempo está excitada em ver o mundo do lado de fora do Hospital, um universo ainda completamente novo para a reiniciada.
A família Davis recebe Kyla muito bem, apesar da estranheza natural entre eles. A mãe é excessivamente zelosa, mas rígida de forma quase assustadora. O pai é mais tranquilo, mas distante, e parece estar sempre trabalhando. Kyla se aproxima rapidamente da irmã Amy, uma reiniciada mais velha, extremamente carinhosa e atenciosa.
Aos poucos Kyla começa a se adaptar a nova família e eles a ela. Entretanto, alguns aspectos da sua vida e do mundo ainda confundem a garota. Kyla não entende porque algumas pessoas a odeiam apenas por ser uma reiniciada e porque a maioria delas a trata como uma incapaz, uma criança. Ela sente que há algo estranho em seus pais, como se ainda houvesse coisas que ela não soubesse. Curiosa, observadora e sedenta por aprendizado e experiências, Kyla começa a fazer perguntas cujas respostas pode não conseguir ou não gostar de ouvir. Kyla é definitivamente diferente, até mesmo para uma reiniciada. Seus pesadelos parecem cada vez mais reais, aquela vozinha na sua cabeça está ficando mais forte, seus níveis não se alteram em situações de violência ou medo e, mesmo sendo reiniciada, ela tem impulsos que não devia ter.
“Imaginação, cruel e horrível, ou traços de memórias que eu não deveria ter? Para onde vou em meus sonhos? A intuição me diz que são as duas coisas.” Pág. 355
A nova vida de Kyla é boa e quando surgem sinais claros de que há mais que ela consegue ver, a garota tem de decidir entre permanecer feliz ou saber a verdade. A sensação de estar em observação e em perigo parece constante e toda a sua vida parece estar por um fio, na verdade, toda a sociedade parece uma bomba relógio. O Estado ainda está em guerra contra os terroristas, que podem ser tão violentos quanto o governo pode ser repressivo.
“De todo modo, se eu sou – fui – Lucy, não haveria sentido em contactá-los, haveria? Lucy não está bem, ela está morta. Ela não existe mais. Ela foi Reiniciada.” Pág. 188
Kyla decide, apesar de tudo o que vê de errado e estranho, a seguir sua vida. Pela primeira vez ela está realmente feliz. A garota finalmente começa a entender sua família e a se apegar a ela, além de também a seus amigos, em especial Ben, um garoto reiniciado fofo que ao mesmo tempo a acalma, mas também desperta seu coração. Kyla não está disposta a perder tudo isso ao fazer as perguntas erradas, portanto, as evita, mas as perguntas não parecem dispostas a fazer o mesmo. Será que é possível evitar certas verdades? E será que Kyla realmente não quer sabê-las? Há muito a se perder, mas há certos caminhos que não podem ser evitados. Principalmente se algo ou alguém está nos empurrando em sua direção.
“O que estava me perseguindo? Quem era aquele homem? Jamais se esqueça de quem você é, ele disse. Mas eu me esqueci.” Pág. 143
Sabe aquele livro que você deseja por tanto tempo que, quando finalmente o tem em mãos, acaba enrolando para ler, com medo de se decepcionar? Assim foi com “Reiniciados”. Desde o lançamento do livro que ele estava na minha listinha de desejados, cada comentário positivo que via de outros leitores apenas aumentava minha vontade de lê-lo. Ganhei o livro no meu aniversário, mas levei quatro meses para finalmente tomar coragem e lê-lo. No fim, o meu medo de ser desapontada foi em vão.
“Reiniciados”, primeiro livro da trilogia de mesmo nome, não é aquele tipo de livro para se ler de uma vez. Com um desenvolvimento mais calmo, a história vai te conquistando aos poucos, mas logo na metade já estava apaixonada. O ritmo mais lento da trama acompanha o desenvolvimento da protagonista e narradora, o que deixa a leitura confortável e natural. “Reiniciados” não é forçado em nenhum aspecto, pelo contrário, é muito convincente. Apesar de surpreendente, o livro segue caminhos lógicos (não tem nada pior que histórias sem noção), o que deixa perceptível que a trama foi bem planejada, bem desenvolvida e bem amarrada. O início pode ser um pouco confuso, é verdade, mas as estranhezas do começo logo se transformam em pequenos mistérios que vão sendo revelados ao longo do livro, ao mesmo tempo em que novos são criados. O final foi simplesmente perfeito, com pequenas pontas soltas que me deixaram louca pelo próximo volume. A narração em primeira pessoa de Terry é maravilhosa e condizente com a personalidade e idade de Kyla, parece que é a própria garota quem está escrevendo sua história.
O universo criado pela a autora se encaixa perfeitamente a trama, de um modo que faz sentido. Terry criou uma história única, que mesmo com caraterísticas similares a de outros livros distópicos atuais, não é clichê. Um detalhe que me chamou bastante atenção foi o fato de o livro se passar no Reino Unido, em uma cidadezinha perto de Londres, e não nos Estados Unidos como a maioria das distopias. “Reiniciados” traz o governo repressor e um processo de revolução rebelde em desenvolvimento, mas o livro não trata apenas disso. Eu diria que “Reiniciados” é uma história sobre uma garota descobrindo e tentando entender o mundo ao seu redor, o certo e o errado, ao mesmo tempo em que descobre e tenta entender si mesma. Achei interessante a posição em que a autora colocou Kyla. Nossa protagonista não está nem do lado do governo nem do lado dos rebeldes, ela percebe e entende com clareza que ambos tem seus problemas e defeitos e que nenhum é totalmente bom ou correto. Gostei muito de Kyla, ela se tornou uma das minhas protagonistas favoritas. A garota tem personalidade marcante e cativante, não é do tipo extremamente impulsiva, mas também não é daquelas que fica parada vendo o mundo ruir ao seu redor. Os outros personagens também me conquistaram, todos eles foram surpreendentes, cativantes e convincentes, cada um com seu papel na trama e personalidade própria.
A edição está perfeita. A tradução estava boa, não encontrei nenhum erro, e diagramação é simples, mas satisfatória. Os títulos dos capítulos riscados, como o título do livro, é um detalhe singelo, mas um acréscimo muito positivo para a edição. A capa é simplesmente divina e combina com o livro, imaginei uma Kyla bem parecida com a modelo. Gostei da adaptação do título, “Reiniciados” ficou muito melhor do que “Programados”, a tradução literal do título original, “Slated”.
“Reiniciados” foi uma leitura surpreendente, única e deliciosa, que superou minhas altas expectativas. Recomendo o livro para todos, especialmente para os amantes de distopias. Estou louca pelo próximo volume da trilogia, assim como por outras obras da autora.
“Fracassar não é uma opção.” Pág. 13
*Como comentei, o processo para se reiniciar adolescentes é uma verdadeira lobotomia futurista e durante toda a leitura me lembrei da música Teenage Lobotomy (Lobotomia Adolescente), dos Ramones, apesar da letra da canção não ter absolutamente nada haver com a trama do livro.
Oi Ana, tudo bem?
ResponderExcluirUma amiga minha leu Reiniciados e desde então, morro de vontade de ler o livro. A premissa é incrível e sua resenha só me deixou ainda mais curiosa! E claro, a capa é linda rs
Beijos,
salaodelivros.blogspot.com.br
Não conhecia "Reiniciados"!
ResponderExcluirMe parece interessante, não apenas pela história Kyla, mas por todo o contexto no qual o livro se desenrola. Reino Unido em colapso econômico e social me parece ser um bom pano de fundo para a busca pela identidade da protagonista. Já está na minha lista de leituras futuras, com toda certeza!
Nossa Ana, sua resenha está perfeita!!
ResponderExcluirEu desejo muito este livro e adorei ler sua opinião, são vários pontos positivos que me fazem querer comprar o livro, pena que não posso agora :(
Beijos Mila
http://dailyofbooks.blogspot.com.br/2014/01/filme-menina-que-roubava-livros.html
eu to num vicio com distopias e essa MUITO me atrai!! estou louca pra comprar logo e descobrir tudo desse livro kkkkkkk amei muito a resenha e ja li 1 milhao de resenhas desse livro :'( e nada de eu le-lo :'( o proximo top comentarista poderia ser ele u.u so acho kkkkkkk :D beeeijos
ResponderExcluirJá muitas resenhas e comentários sobre esse livro e sempre que leio fico morrendo de vontade de ler o livro, só que ainda não pude adquiri-lo. Gostei muito da sua resenha. Parabéns.
ResponderExcluirtambém acabo enrolando a leitura quando consigo um livro que quero muito... já li várias resenhas positivas de Reiniciados e a cada uma fico mais ansiosa pela leitura, mas esse eu ainda não tenho, já estou louca para comprar... Amei sua resenha!
ResponderExcluirBeijos!
http://sobrelivrosesonhos.blogspot.com.br/
Oi, Ana! Cara, mandou bem nessa resenha, hein? Gostei muito! Se antes já tinha um leve interesse pelo livro, agora estou este aumentou muito mais.
ResponderExcluirUm beijo!
Doce Sabor dos Livros - Aguardo sua visita!
Ainda não li este livro, mas está na minha lista e espero lê-lo em breve! Amo distopias e a estória deste é muito diferente e inovadora, nunca vi nenhum livro com esse mesmo enredo e pessoas sendo reiniciadas, realmente interessante! Achei a capa linda e, como sei que já tem disponível o próximo livro da série, vou comprar em breve :)
ResponderExcluirbeijos ♥
quemprecisadetvparaverbeyonce.blogspot.com.br
Morro de vontade de ler! Está na minha lista de desejos há tempos! hsahusahu
ResponderExcluirNunca li resenhas negativas, então isso deve mostrar que o livro é realmente bom! ♥
Sou apx por essa capa! rs
Oi Ana!
ResponderExcluirEu amo distopias e já havia visto esse livro por aí, mas não sabia nada sobre ele. Sua resenha está show e me convenceu a colocar Reiniciados na minha singela listinha de desejados, rsrs...
Beijos.
Oi Ana!! Tudo bem??
ResponderExcluirEu já sabia que esse livro era bom. Amei a capa e já vi umas resenhas que me deixou curiosa, agora então fiquei louca pra ler.
Eu gosto de livro assim, que tratem desse ar de mistério, torna a história muito mais viciante e emocionante. Pretendo ler ele em breve!! Estão Reiciciados e Fragmentada na minha lista de desejados!
Beijos.
Oh, Reiniciada? Ainda não li o livro, vi outra resenha sobre mas não me interessei tanto quanto esta resenha, me fez sentir uma vontade enorme de ler o livro, e claro que eu vou querê-lo.
ResponderExcluirOi adorei sua resenha! Da forma como vc narrou me fez se interessar pelo livro....mas vc já leu o livro reverso escrito pelo autor Darlei... se trata de um livro arrebatador...ele coloca em cheque os maiores dogmas religiosos de todos os tempos.....e ainda inverte de forma brutal as teorias cientificas usando dilemas fantásticos; Além de revelar verdades sobre Jesus jamais mencionados na história.....acesse o link da livraria cultura e digite reverso...a capa do livro é linda ela traz o universo de fundo..abraços. www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?
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