30.11.13

Resenha: Abandono - Meg Cabot

Título: Abandono
Título original: Abandon
Série: Trilogia Abandono
Volume: 1
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
ISBN: 978-85-0109-534-3
Ano: 2013
Páginas: 304
Classificação: 5/5 [ótimo]
Sinopse: Pierce tem dezessete anos de idade e sabe o que acontece quando morremos. É assim que ela conheceu John Hayden, o misterioso estranho que fez ela voltar a vida normal — ao menos a vida que Pierce conhecia antes do acidente — quase inacreditável. Embora ela pense que escapou dele — começando em uma nova escola em um novo lugar — confirma-se que ela estava errada. Ele a encontra. O que John quer dela? Pierce acha que sabe… também acha que ele não é um anjo da guarda, e seu mundo sombrio não é exatamente o céu. Mas ela não consegue ficar longe dele, especialmente porque ele está sempre lá quando ela menos espera, exatamente quando ela mais precisa. Mas se ela deixa cair qualquer coisa, ela pode se ver no lugar que ela mais teme. E quando Pierce descobre uma verdade chocante, sabe de onde John a salvou: o submundo.

Muito bom, mas por que a Meg economizou no seu pozinho mágico?

“O que aconteceu comigo não foi um mito. (...) Você acha que Perséfone ficou em apuros? Vou dizer quem está em apuros: eu. Bem maiores do que os dela. (...) Na verdade, Perséfone teve sorte, pois sua mãe veio salvá-la. Ninguém veio me salvar.” (Pág. 6) 

Pierce Oliviera tem a vida que muitas garotas desejariam. Mas nem ser filha de um pai muito rico e de uma mãe carinhosa, estudar na melhor escola particular e poder ter tudo o que quer a impedem de tropeçar e cair na piscina ao tentar salvar um passarinho. O animal foi realmente salvo da morte certa, mas não Pierce. A garota de apenas quinze anos teve um fim gelado e solitário no fundo da piscina. Entretanto, aquele não foi realmente o fim. Pierce foi parar em um lugar estranho que não se parece em nada com qualquer vida pós-morte da qual se tenha ouvido falar. Lá, a garota reconhece um adolescente misterioso que conhecera anos antes, após a morte do avô, quando era apenas uma criança. 

“Talvez John fosse como um dos pássaros da mamãe: uma coisa selvagem. Não conseguia evitar ser como era.” (Pág. 100) 

John , como o garoto é chamado, também reconhece Pierce em um segundo instante e a leva, de forma que ela não saberia explicar, para um outro lugar, apesar de que ainda naquele mundo misterioso. John trata Pierce com muito carinho e a presenteia com um colar maravilhoso, um diamante incomum preso em uma corrente de ouro. Mas a garota não é boba e sabe que aquilo terá um preço. Quando finalmente entende que está morta e que estar ali com John significa que ela jamais poderá voltar para casa ou mesmo ir para qualquer que seja o lugar que realmente deveria estar, Pierce não vê alternativa a não ser fugir, já que passar a eternidade presa naquele lugar e com alguém que mal conhece não parece tão atrativo assim.

“Todos querem acreditar que existe alguma coisa – alguma coisa incrível – esperando por eles no outro lado. O Éden. Valhala. O Paraíso. A próxima vida - melhor do que esta, se tiverem sorte. Eu já estive do outro lado. Sei o que existe lá. Não é o paraíso.” (Pág. 19)

Entretanto, os médicos ressuscitam Pierce e antes mesmo de completar sua fuga ela consegue o que queria: voltar para casa. Mas sua vida jamais será a mesma novamente. É de se esperar que qualquer pessoa que morreu e voltou fique com “cicatrizes”, mas Pierce ganhou mais que isso. A garota ganhou um belo colar e um belo cara que sempre aparece quando ela está em apuros - e Pierce se meterá em muitos deles. A separação de seus pais e as muitas terapias de nada ajudam a garota, mas quando ela e mãe decidem se mudar para Isla Huesos, uma pequena ilha onde a família de sua mãe sempre viveu e onde a mulher nasceu e cresceu, Pierce decide que tudo será diferente.

“Aquela agulha de 10 centímetros que enfiaram no meu peito pode até ter feito meu coração funcionar de novo, mas ele ainda está em pedaços.” (Pág. 32)

Entretanto, Pierce sabe que seu recomeço não será tão fácil assim. Ela simplesmente não conseguirá mudar o fato de que não é uma garota qualquer, morrer realmente muda as perspectivas de qualquer pessoa. Mas, seu maior problema tem nome, uma aparência muito atraente e um comportamento muito temperamental. Fora em Isla Huesos que Pierce vira John, quando criança, pela primeira vez. Estar de volta ao lugar apenas reforça a impressão da garota de que existe algo que os conecta, entretanto, ela determinada a ter uma vida normal. Mas será que é possível? Será que Pierce conseguirá ficar longe de John? Será que ela realmente quer? 
“As mãos de John já haviam trabalhado em tarefas pesadas. Eram mãos de um lutador. Mas não apenas de um lutador. E sim de quem matava.” (Pág. 92)
Meg Cabot é minha escritora favorita e esse é o 33º livro que leio dela (sem contar dois de contos em que ela participa). Digam o que quiser, mas amo a autora, suas histórias e personagens divertidos, tramas surpreendentes e de grande diversidade. Meg já escreveu sobre praticamente tudo, sempre com muito romance e diversão, mas tristemente começo a me perguntar se ela não está perdendo o seu jeito. Ou se eu não estou ficando velha demais para seus livros. 

A maioria dos livros de hoje possuem protagonistas adolescentes. Não sei o que explicaria essa explosão de jovens dentro da literatura (talvez um reflexo da nossa sociedade que só valoriza o novo?), mas posso afirmar com certeza de que isso já está ficando cansativo. Meg Cabot escreve, predominantemente, para um público de jovens-adultos, lá fora (e um pouco aqui) conhecido como Young Adults (YA), portanto, a maioria dos protagonistas de seus livros é adolescente. Entretanto, sempre há aquele “algo mais” em suas histórias, um elemento que não posso definir muito bem, mas que dá um toque especial aos livros – é o “pozinho mágico” do título da resenha. E “Abandono” teve muito pouco dele.

Quero deixar claro que o livro é muito bom. A trama bem feita, que dialoga com o mito de Perséfone e Hades (onde ele a rapta e a leva para o Submundo, lá desposando-a e fazendo dela sua rainha), mas sem apenas recriá-lo em outra realidade, é cativante, intrigante e conquista qualquer leitor ávido por mitologia grega (como a pessoinha aqui). Os trechos de “A Divina Comédia” (Dante Alighieri) no início de cada capítulo já conquistam o leitor na primeira página e a narrativa da Meg está, como sempre, maravilhosa, super bem humorada, ágil e apropriada para a protagonista - que é quem nos leva não a parte ruim do livro, mas a parte não tão boa. É impossível não sentir que os personagens de “Abandono”, sem exceção, são apenas mais do mesmo. Pierce é como a maioria das protagonistas dos livros atuais: uma garota incomum; com uma história sombria da qual não é culpada; com um dos pais amoroso e o outro distante; bonita; inteligente; corajosa; independente; sensível; gentil e protagonista de um amor digno de Shakespeare, com ódio, segredos, aventura e rapaz bonito. John é o rapaz atraente, temperamental, com pinta de garoto mau que no fundo é apenas um apaixonado romântico disposto a fazer de tudo pelo seu amor. O casal lhe parece familiar? Pois eles, com certeza, são como a maioria dos pares românticos que vemos nos livros por aí, inclusive os da Meg. Esse é um detalhe que não chega a estragar a história, mas que incomoda qualquer fã da autora. Cabot não é nenhuma novata na literatura e depois de mais de 60 livros lançados, será que ela não está cansada de escrever, basicamente, os mesmos personagens? Pois eu cansada de lê-los, não só nos livros dela, mas em todas as outras obras. Entretanto, o que realmente faltou foi aquele “algo a mais” da Meg, que sempre foi capaz de ofuscar esse lado clichê de seus personagens. 

“Abandono” pode ter suprido minhas expectativas, mas a Meg, como autora, me decepcionou um pouco. Sei que ela é capaz de muito mais e realmente espero que esse tenha sido um “acidente de percurso” isolado. Na verdade, confio que a autora me surpreenderá no próximo livro, “Submundo”, pelo qual estou louca - Cabot ainda reina no meu posto de escritora favorita e não cairá dele sem lutar! 

Sobre a edição, não tenho nenhuma reclamação. A diagramação e tradução estavam perfeitas. As páginas amareladas ajudam a deixar a leitura do livro (que é muito rápida) ainda mais ágil, assim como o tipo e tamanho (um pouco maior que a de outros livros) da fonte. A capa é simplesmente divina – agradeço a editora por ter deixado a original - e combina com a trama. 

“Falando sério, a expressão "esquecer e perdoar" não faz sentido para mim. Perdoar faz com que paremos de insistir no assunto, o que nem sempre é saudável (é só ver o exemplo dos meus pais). Contudo, se esquecemos, não aprendemos com nossos erros, o que pode ser fatal. Quem sabe isso melhor do que eu? Perdoar? Claro, pai. Mas esquecer? Mesmo que quisesse, não conseguiria, porque tem uma pessoa que não me permite isso.” (Pág. 13)


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17 comentários:

  1. nossa que legal, mais um livro pra minha coleção de livros a ler *---*
    lindo blog flor

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  2. Olá Ana!
    Que pena que a Meg não usou todo seu talento... Mas eu acho que seria impossível um livro dela que não seja perfeito.
    Achei mais uma fã da Meg! rs. Eu sou simplesmente apaixonada por ela.
    Adorei sua resenha! E espero conseguir ler logo o livro, a história para ser maravilhosa :)
    Beijos,
    Ana M.
    http://addictiononbooks.blogspot.com.br/

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  3. Oi Ana!
    Gosto d+ da Meg Cabot por seus livros envolventes, tramas ágeis e leitura fluída. Especialmente qd ela envereda pelo sobrenatural que tem um Q a mais de instigante.
    Minhas expectativas estavam beeeem altas com relação a Abandono, eu tinha esquematizado o enredo no meu subconsciente =D e procurei não ler com base no mito Hades/Perséfone mas como uma releitura, mais do que isso como uma "livre adaptação".
    Então me deixei encantar pelo John, desejei o colar mágico e gostei dos capítulos onde os detalhes iam sendo revelados alinhavando os mistérios.
    Mas espero a "redenção" da Meg em Submundo rsrs
    E em se falando de autoras preferidas pegando a "deixa" de Isla Huesos do livro estou conhecendo a escrita de Maria Dueñas <3
    Bjsss e excelente fds para todos.

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  4. Acho que sou a unica pessoa que ainda nao leu algum livro dessa autora, porem sempre que leio uma resenha dela fico curiosa para poder ler algum livro!


    xx

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  5. Eu gosto muito da Meg, não posso dizer que ela é uma das minhas autoras favoritas, mas está muito proximo. Um livro que amei foi Liberte meu coração, adorei esse livro, foi o primeiro que eu li dela.

    Beijokas da Mylloka
    Blog da Mylloka

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  6. Quee lindo!!
    Adoro quando o livro ganha 5 estrelas suas :)

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  7. Nunca li nada da Mec... Mas sempre quis ler algo dela, talvez eu comece por este... e a capa também é linda!

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  8. Gosto muito de ler os livros da Meg Cabot, mas ultimamente tenho tido poucas oportunidades de ler os livros dela. Gostei muito da resenha e espero compensar minha falha lendo esse livro.

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  9. Nunca li um livro da Meg Cabot. Shame on me! ): Por isso não posso julgá-la, mas é uma pena que tenha te decepcionado. Eu gostei do enredo, embora tenha os clichês de YA, acredito que seja sim uma boa história. Achei a capa linda, embora a história seja mais obscura, achei-a delicada, principalmente por causa dos detalhes nos cantos. Espero que o enredo melhore ao decorrer dos outros livros.

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  10. Peguei o livro emprestado com minha amiga, ainda não pude começar a ler mais estou ansiosa!

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  11. Estou lendo o livro! Estou surtando e amando o livro! Como sempre Meg Cabot mostra que possui talento1

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  12. Adoro os livros da Meg, já li Abandono, e adorei, estou muito ansiosa para ler Inferno

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  13. Adoro as histórias de Meg. Este é o meu preferido. Tem uma história envolvente e apaixonante. Sou apaixonada pela personagem. Beijos.

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  14. Eu simplesmente amo amo a Meg <3 ! Quero muito ler essa nova série dela.
    Beijos

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  15. Amo de paixão os livros de Meg Cabot e fiquei curiosíssima para ter este exemplar em mãos! Acho que o que vc diz "mais do msm" realmente é esta questão da enxurrada de livros com a mesma temática!

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  16. Olá Ana,

    pena que o livro não lhe encantou tanto quanto deveria. Meg Cabot é uma das minhas autoras favoritas, mas entendo bem isso de as histórias se tornarem repetitivas. Mesmo assim, acho que a autora é sempre uma boa pedida para relaxar e se divertir um pouco! Confesso que o ponto que mais me encantou foi justamente a adaptação contemporânea do mito de Persefones e Hades.

    Beijos,
    Lucas
    ondeviveafantasia.blogspot.com

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  17. Estou louca para ler outro livro da Meg Cabot, só li o primeiro da série A Mediadora, mas adorei a escrita dela, e adorei saber que esse fala sobre mitoliga *________* Quero muito

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