Resenha: As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky

Título: As Vantagens de Ser Invisível
Título original: The Perks of Being a Wallflower
Autor: Stephen Chbosky
Editora: Rocco
ISBN: 978-85-325-2233-7
Ano: 2012
Páginas: 224
Classificação: 5/5 [ótimo] - favorito
Sinopse: Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, o livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe - a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela.As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir "infinito" ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário. Íntimas, hilariantes, às vezes devastadoras, as cartas mostram um jovem em confronto com a sua própria história presente e futura, ora como um personagem invisível à espreita por trás das cortinas, ora como o protagonista que tem que assumir seu papel no palco da vida. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.

Também quero ser invisível e infinita...

“Ele é invisível. (...) Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas. E você compreende." (Pág. 48) 

Você provavelmente já conhece essa história. Charlie é um garoto desajustado e solitário, cujo único amigo cometeu suicídio. Suas aflições por causa da morte do amigo se unem as ansiedades de estar em seu primeiro ano do ensino médio. Bill, o professor de inglês de Charlie, aos poucos vai se aproximando do garoto, mas diz a esse que ele precisa “participar” mais. Seguindo o conselho do professor, Charlie vai a um jogo de futebol da escola, onde se aproxima de seu excêntrico colega de classe, o veterano Patrick. Patrick é popular, mas não da maneira convencional. Divertido e assumidamente gay, é ele quem apresenta Charlie a sua meia-irmã Sam, uma garota bonita por quem garoto imediatamente se apaixona. Sam é como Patrick, extrovertida e muito amigável. 

“Seria muito legal ter um amigo novamente. Gostaria disso mais do que de uma namorada.” (Pág. 31) 

Logo Sam, Patrick e Charlie se tornam amigos e esse último se vê levado para um mundo completamente novo de festas, músicas, drogas, amizade, amor e sexo, o qual ele desconhecia. Apesar de parecer um sonho, a nova vida de Charlie é bem real, portanto, não é tão fácil quanto parece. O garoto continua sendo extremamente sensível e acaba absorvendo um pouco da personalidade e dos os problemas de seus mais novos amigos. Charlie ama Sam e Patrick, talvez, mais do que deveria. Em cartas para um amigo misterioso, que não conhece Charlie e vice versa, o garoto relata todas as suas aventuras e desventuras durante esse período ao mesmo tempo perturbado e maravilhoso pelo qual está passando. 

“Só preciso saber que existe alguém que ouve e entende e não tenta dormir com as pessoas, mesmo que tenha oportunidade. Preciso saber que essas pessoas existem.” (Pág. 12) 

“As Vantagens de Ser Invisível” é um livro simples, mas único e encantador. Não falei quase nada sobre a trama pois tenho medo de fazer uma história tão linda, um livro tão bom, parecer bobo. Já esperava muito de “As Vantagens de Ser Invisível”, afinal assisti o filme há algum tempo e já tinha me encantado com a história, mas fui maravilhosamente surpreendida e mais uma vez conquistada. Esse livro se tornou um dos favoritos entre os meus favoritos e confesso que, a cada palavra dessa resenha que escrevo, fico tentada a pegá-lo novamente e relê-lo, do começo ao fim, sem pausas. 

Não sou muito fã da narrativa epistolar (feita através de cartas), mas Chbosky deu um ritmo tão bom e honesto às cartas de Charlie que é impossível não acreditar que é o personagem quem as escreve. Confesso que no início a narrativa foi irritante. O texto era muito simples, pobre e infantil, cheio de frases curtas e conteúdo quase insignificante. Mas conforme Charlie vai se desenvolvendo, sua narrativa o acompanha, o que torna o personagem ainda mais real e cativante, além de reforçar ainda mais a impressão de que é ele mesmo quem escreve tudo aquilo. Além de ter sido um gênio em sua narrativa, Chbosky também soube criar uma trama coerente com seu personagem e com a mensagem que ele queria passar. Charlie passa por acontecimentos comuns à adolescência, mas que são complexos e cheios de significados, o que, novamente, tornou o personagem muito mais real. 

Sempre leio histórias com protagonistas jovens, a maioria deles passa por eventos incomuns e aventuras fantásticas, por isso nem sempre gosto ou me identifico com eles. Mas Charlie é diferente, ele é um garoto como qualquer outro, um jovem como qualquer outro. Me identifiquei com ele em 99% do livro, muitas vezes senti que as palavras, os anseios, dele também eram meus. E isso foi o que mais me cativou no personagem. Diferente dos outros livros, não me senti apenas na pele de Charlie, mas também na minha pele. Eu não sou como Charlie e sim Charlie é como eu, como você, como todos nós. Cativante e real, o garoto é uma tradução da própria juventude, é impossível não amá-lo ou não se identificar com ele. A sensação também é parecida com os outros personagens. Sam e Patrick também ganharam um espaço no meu coração, especialmente Patrick por seu jeito completamente maluco, imprevisível e livre. 

"Então, eu acho que somos o que somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas." (Pág. 221) 

Não sei se vocês conseguem perceber através de minhas palavras, mas foi muito difícil escrever essa resenha. Sabe quando algo te encanta de tal forma que você não tem palavras para descrevê-lo ou sequer para elogiá-lo? É assim com “As Vantagens de Ser Invisível”. Amei tanto esse livro que não consigo transmitir de forma correta e justa tal sentimento. É preciso conhecer, se emocionar e se apaixonar com “As Vantagens de Ser Invisível” para entender do que estou falando. Então, minha mensagem é clara: leia esse livro! Não posso garantir que você gostará, mas pelo menos você conhecerá o que considero um dos clássicos da literatura contemporânea. “As Vantagens de Ser Invisível” é um livro para todos, e sobre todos, que precisa ser lido. Deixe que Charlie entre na sua vida, na sua cabeça e no seu coração, aposto que ele jamais sairá! ;D

Stephen Chbosky também conquistou um lugar no meu coração e estou louca por qualquer outra obra dele - caso vocês tenham conhecimento de alguma, não deixem de me informar! Ele também me encantou na adaptação desse livro, ele não só escreveu o roteiro, mas também dirigiu o filme! Como aconteceu em “Hemlock Grove” livro (resenha aqui) e série, a adaptação de “As Vantagens de Ser Invisível” é um complemento para o livro, ela traz a mesma trama, com diferenças sutis que apenas tornam a história e os personagens melhores! Tudo no filme é perfeito, principalmente os atores; não consegui imaginar os personagens, enquanto lia o livro, com aparência diferente deles. 

Quanto a edição, a editora fez um ótimo trabalho. A tradução e diagramação estavam boas, assim como o tamanho e tipo da fonte. A capa, como o cartaz do filme, é linda e a acho melhor que as outras capas (imagens abaixo). Minha única reclamação é quanto às páginas brancas, que odeio – elas me dão dor de cabeça.

Surpreendente, divertido, encantador, real... são muitos os adjetivos que eu poderia usar para caracterizar “As Vantagens de Ser Invisível”, mas nenhum deles seria bom o suficiente. Já disse, mas sinto a necessidade de repetir o quanto amei o livro. Ele me encantou, me emocionou e me fez refletir; arrisco até a dizer que ele é meu livro favorito entre todos! Por isso, digo novamente: leiam “As Vantagens de Ser Invisível”! LEIAM “As Vantagens de Ser Invisível”! 

"Quando chegamos ao fim do túnel, Sam deu um grito muito divertido, e foi isso. Chegamos ao centro. As luzes nos prédios e todo o resto eram maravilhosos. Sam se sentou e começou a rir. Patrick também riu. Eu comecei a rir. E naquele momento eu seria capaz de jurar que éramos infinitos." (Pág. 49)