Título: Paperboy
Título original: The Paperboy
Autor: Pete Dexter
Editora: Novo Conceito
ISBN: 978-85-8163-218-6
Ano: 2013
Páginas: 336
Classificação: 1/5 [ruim]
Sinopse: Hillary Van Wetter foi preso pelo homicídio de um xerife sem escrúpulos e está, agora, aguardando no corredor da morte. Enquanto espera pela sentença final, Van Wetter recebe cartas da atraente Charlotte Bless, que está determinada a libertá-lo para que eles possam se casar. Bless tentará provar a inocência de Wetter conquistando o apoio de dois repórteres investigativos de um jornal de Miami: o ambicioso Yardley Acheman e o ingênuo e obsessivo Ward James. As provas contra Wetter são inconsistentes e os escritores estão confiantes de que, se conseguirem expor Wetter como vítima de uma justiça caipira e racista, sua história será aclamada no mundo jornalístico. No entanto, histórias mal contadas e fatos falsificados levarão Jack James, o irmão mais novo de Ward, a fazer uma investigação por conta própria. Uma investigação que dará conta de um mundo que se sustenta sobre mentiras e segredos torpes. Best-seller do The New York Times, Paperboy é um romance gótico sobre a vida aparentemente sossegada das cidades do interior. Um thriller tenso até a última linha, que fala de corrupção e violência, mas que, ao mesmo tempo, promove uma lição de ética.
Jack James é um jovem nadador que, ao ser expulso da faculdade por vandalismo, volta para a cidade natal e começa a trabalhar no jornal de seu pai. W.W., pai de Jack, é um homem rígido, que se importa mais com as aparências e com seu jornal do que com os próprios filhos. Ele coloca Jack para dirigir um dos caminhões de entrega do jornal, o que apenas demonstra ainda mais seu favoritismo pelo outro filho.
Ward James é um jornalista tímido, mas bastante determinado e focado, além de que um pouco inocente. Ele vive em Miami, onde trabalha para um grande jornal ao lado de Yardley Acheman, um jornalista arrogante e bêbado. As personalidades antagônicas de Ward e Acheman os tornam uma dupla brilhante, prodígios na área do jornalismo investigativo. E é a possibilidade de uma grande história e uma reportagem premiada que leva os dois para a cidade natal de Ward.
Alguns anos antes, um xerife fora brutalmente assassinado e Hillary Van Wetter declarado culpado pelo crime. De acordo com a polícia, Van Wetter teria esfaqueado o xerife em um ato de vingança pela morte de seu primo, que fora espancado até a morte pelo próprio xerife. Entretanto, provas cruciais para o caso foram perdidas e o advogado de Van Wetter não parecia ter qualquer real interesse por seu cliente. Portanto, Van Wetter aguarda no corredor da morte, aparentemente, de forma injusta. Pelo menos é o que declara Charlotte Bless, a noiva de Van Wetter, que entra em contato com Ward e Acheman para lhe pedirem ajuda.
Com o auxílio de Bless, uma mulher atraente e estranha que tem obsessão por assassinos, Ward e Acheman se comprometem a trazer a verdade à luz. Mas será que a verdade é mais importante que a história? É o que Jack vai descobrir, já que acompanhará de perto todo o caso, pois fora contrato por seu irmão como motorista (Ward e Acheman perderam a carteira por dirigirem embriagados). A história vai ficando cada vez mais complexa e densa, e os irmãos James se afundando cada vez mais nessa lama. Eles parecem ser os únicos que realmente querem resolver esse mistério e isso cobrará um preço não só deles, mas de todos os envolvidos. Uma história como essa deixa marcas, mas, principalmente, mortos.
“Quando eu passava tempo demais olhando para alguma coisa, os contornos ficavam borrados e eu não conseguia mais enxergar aquela coisa. Uma coisa se transformava em outra.” (Pág. 175)
Eu estaria mentindo se dissesse que “Paperboy” não me surpreendeu. Entretanto, o livro se mostrou uma surpresa amarga, difícil de engolir. Tudo começou com o narrador. Surpreendi-me ao ver Jack James contando a história, afinal, a sinopse deu a entender que ele aparecia apenas mais tarde. Entretanto, estava no início do livro e ainda com boas expectativas, que, felizmente, não foram supridas. Quando me conformei com o narrador, fui pega despreparada por outro detalhe: o livro não tem capítulos. Confesso que no início achei até interessante, pensando que a falta de demarcações de capítulos deixariam a história mais rápida e mais emocionante. Mas me enganei. O livro pode não ter capítulos, mas tem interrupções constantes na narrativa que são, no mínimo, irritantes. O texto fragmentado é visualmente desconfortável e tira o brilho de uma narrativa bem feita, além de deixar o livro muito, muito mais cansativo do que ele já é. É perceptível que o autor sabe contar uma história, seu grande pecado mesmo foi na hora de criá-la.
A trama de “Paperboy” tem uma premissa interessante, mas um desenvolvimento sofrível. A sensação é de que ela não avança e, quando terminei o livro, fiquei completamente indignada, pois parecia que tinha lido 336 páginas de nada. Muita coisa acontece na história, muita coisa mesmo, mas os acontecimentos me pareceram todos descartáveis, completamente sem sentido. Os personagens também me causaram a mesma frustação, a começar pelo tal Hillary Van Wetter e sua família bizarra. Ok, eu gosto de coisas bizarras, mas todos os elementos do livro que pareciam se encaixar nessa definição são forçados (assim como o livro em geral) como se criados simplesmente para chocar o leitor. Eu tentei, arduamente, deixar as altas expectativas que tinha para “Paperboy” de lado e aproveitar a leitura. Mas simplesmente não consegui, me obriguei, literalmente, a ler o livro até o fim. Uma tarefa bem sofrida, se vocês querem saber.
Como disse, não gostei dos Van Wetter. Hillary é, desculpem a palavra, um completo babaca, não estava nem um pouco interessado na possiblidade de Ward e Acheman coseguirem salvá-lo da morte e foi previsível do início ao fim. Acheman foi outro que não me surpreendeu; um cafajeste bebâdo e irritante do início ao fim, perdi as contas do tanto de vezes que queria entrar no livro só para esganá-lo. Bless e Ward foram talvez os únicos personagens que conseguiram me intrigar, apenas porque não consegui me convencer com a enorme inocência e burrice dos dois, fiquei esperando o tempo todo que eles mostrassem seu pior lado, assim como Van Wetter e Acheman, mas, novamente, me decepcionei. Jack, apesar de ser o narrador, é um personagem completamente secundário. Ele foi, talvez, o com mais potencial e o mais desperdiçado entre os outros, já que não faz absolutamente nada: ele simplesmente acompanha a história toda! E irrita o leitor, com seu cinismo, falta de interesse e passividade.
Um ponto positivo que posso destacar nesse livro é a edição da Novo Conceito, que sempre é impecável. A tradução e diagramação estavam perfeitas e foi inteligente da parte deles não traduzir o título, assim como manter a capa igual ao pôster do filme (que não tenho a menor intenção de assistir, vi apenas o trailer e não gostei). O tamanho e fonte das letras estavam bons, mas eles, infelizmente, não conseguiram deixar a leitura menos cansativa, assim como as páginas amareladas. Nem a boa e leve (sempre me surpreendo como a editora consegue fazer livros grossos, mas leves) edição conseguiu me conquistar nesse livro.
Escrevendo essa resenha, me surgiu algo que não tinha pensado antes. A literatura, como qualquer outra arte, não tem a função de ser apenas bela, emocionante, divertida, e etc.; às vezes ela é criada para denunciar, cutucar o leitor bem lá no fundo, onde mais incomoda. Portanto, se o objetivo do autor de “Paperboy” era incomodar, provocar repulsa e ódio pelos seus personagens, levando o leitor a querer matar cada um deles, o cara é um génio. Ele conseguiu me levar quase à loucura, me torturando a cada página. E também me fazer refletir que realmente existem pessoas tão desprezíveis assim no mundo real. Entretanto, nada disso muda o fato de que não gostei do livro e de que não pretendo ler essa ou qualquer outra obra do autor. Recomendo-o apenas para os que realmente estão a fim de lê-lo e que não tem medo de uma leitura sofrida.
“Não existem homens intactos.” (Pág. 333) - Nem qualquer leitor depois desse livro...
P.S.: perdoem-me se essa resenha estiver muito negativa, mas realmente odiei o livro a tal ponto que não consegui fazer uma resenha mais imparcial...
Oi amiga, amei ler sua resenha...
ResponderExcluirNunca tinha lido uma resenha deste livro, nem imaginava um livro sem capítulos..
Isso me surpreendeu, não gostei dos personagens pelo que descreveu..
beijos Mila
esse fato de o livro não ter capítulos me decepcionou um pouco... gosto de livros com vários capítulos, e daqueles curtos de preferencia :P
ResponderExcluireu também vi o trailer e não goste... na verdade até então eu não estava nem interessada em ler o livro, mas sua resenha me deixou um pouco interessada.
apesar de alguns detalhes que me desanimaram um pouco, a história por trás dele me atraiu.
Amiga, eu tinha feito um comentário e agora eu não sei se foi.. :(
ResponderExcluirQqer coisa me fala e comento de novo..
beijos Mila
http://dailyofbooks.blogspot.com.br/
Esse é um livro que ainda quero ler!
ResponderExcluirNão tinha visto nenhuma resenha e a sua foi bastante sincera!
Vou pensar com carinho se devo ler!
Beijos
Rizia - Livroterapias
Estava ansiosa para ler esse livro, só por ter o Zac Efron na capa... Mas depois dessa resenha (que foi a primeira que realmente li do livro), desisti completamente. Confesso que não gosto de livros assim também, e pretendo não desperdiçar a leitura, rs.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Beijos,
http://addictiononbooks.blogspot.com.br/
Oi Ana!
ResponderExcluirMademoiselle Parabéns pela resenha!
Faz um tempo que não consigo me decidir por ler esse livro rs ai não sei acho que ele não me encantou sabe rs mas dp de ler sua resenha, desisti de vez :)
Uma surpresa amarga, um texto fragmentado, cansativo, personagens ruins :/ uma premissa interessante que se perde na narrativa, ai desisti rs
#rimuito com o quote (...) nem leitor depois desse livro.
bjsss
Nossa muuuuuito obrigada pela sua resenha, eu já estava super receosa de ler, agora então.... Sem chance :X
ResponderExcluirMuito obrigada mesmo, você me ajudou a decidir :D
Beijo
Oie Ana
ResponderExcluiressa é a primeira resenha que fala sobre os pontos negativos do livro, e gostei da sua sinceridade.
Eu adoro essas tramas com personagens que nos fazem sentir ódio, raiva, etc. Pelo visto irei gostar muito. Agora quero ler logo.
bj