11.8.13

Aventuras Secretas - Passos vermelhos sobre a neve branca

Oi amores! Como estão?

          Hoje trago para vocês a mais nova coluna do blog: Aventuras Secretas! Para vocês que estão se perguntando sobre o que diabos é essa coluna, deixe-me explicar. Como vocês sabem, eu amo ler e esse vício me levou a outro: escrever! Eu amo escrever! Quando estou escrevendo me sinto completamente livre para viver todas as aventuras secretas que minha mente pode imaginar! E, além do mais, escrever é uma aventura por si só! E é daí que surgiu o nome dessa coluna! Apesar de adorar escrever minhas histórias, não as divido com absolutamente ninguém. Mas, há pouco tempo, senti que estava na hora de compartilhá-las com o mundo! E que lugar melhor para fazer isso do que no meu bloguito lindo, onde há dois anos experimento poder escrever sobre o que quero, sem qualquer tipo de julgamento?! 
          Pois bem, então decidi dividir minhas aventuras com vocês há algum tempinho, mas confesso que só agora realmente tive coragem para o fazer. Acontece que muitas dessas minhas aventuras pelo mundo da escrita são bem sombrias e muito, muito pessoais. Até agora tive vergonha de dividir esse lado meu com as pessoas, mas não posso me esconder para sempre, não é mesmo? Por isso criei essa coluna, para dividir todas essas minhas "Aventuras Secretas" com vocês! Sempre que escrever algum texto ou história bacana daqui para frente, prometo que posto para vocês!
          Então, aqui está a minha primeira Aventura Secreta: "Passos vermelhos sobre a neve branca: uma garota com uma capa de sangue", um pequeno conto de uma das minhas personagens de contos de fada favorita e um pouco de como ela é na minha imaginação! Divirtam-se! ;D

          Ela era muito jovem para ser tão feia. Era muito jovem para andar sozinha em meio à imensidão branca e nevada das Florestas Proibidas. Ela era muito jovem para usar apenas uma capa vermelha para se proteger do frio. Era muito jovem para ser responsável pelos últimos suspiros da avó exilada. Ela era jovem para muitas coisas, mas o mundo era velho demais para ser justo com todos.
          A garota dava seus pequenos e trêmulos passos pela neve com pressa, a cesta pesada em suas mãos cheia de guloseimas que a mãe mandava para a avó. A velha estava em seus últimos dias e a filha queria fazer tudo a seu alcance para que ela partisse com uma boa impressão dela, exceto se aventurar pela neve até a casa isolada da mãe. Por isso mandava a filha mais nova em seu lugar, ela era feia demais para que se importassem com o perigo de percorrer as Florestas Proibidas. Se morresse, fosse devorada por um animal, congelasse ou caísse em um buraco, ninguém procuraria por ela. Ninguém se arriscaria por uma menina tão feia. Sem ela, a avó também morreria de fome ou de frio, mas a mulher estava perto da morte demais para que alguém se importasse. 
          A garota tropeçou, entre um passo pequeno e outro, e ela e a cesta caíram com um baque surdo e duro sobre a neve. Normalmente a queda seria macia, mas nevava nas Florestas Proibidas há tanto tempo quanto elas existiam e há milhares de séculos aquele solo deixara de ser fértil e macio, até a neve naquele lugar parecia ser proibida de ser algo belo, como era em outros lugares. Se em um reino distante a neve parecia flocos de nuvens, aqui elas pareciam pedaços de gelo, que caiam do céu com violência. A garota deixou-se ficar jogada no chão congelado por alguns instantes, o frio da neve contra seu corpo em chamas era algo delicioso. A neve derreteu onde tocou a menina, a pele morena e enrugada dela estava tão quente quanto brasa.
          Quando suas roupas começaram a ficar úmidas pela neve derretida, a garota se levantou. Ela chacoalhou as farpas de gelo da roupa, pegou novamente a pesada cesta e começou a andar. Um lobo solitário uivou no horizonte e todos sabiam que aquilo era um mau presságio. Portas foram trancadas, homens foram para casa e mulheres e crianças protegidas ao redor de fogueiras confortáveis, menos a garota que andava em meio à neve. Ela era feia demais para ser protegida. Por isso desde cedo, o que quer que seja cedo para uma garota tão jovem, ela aprendera a se proteger. Debaixo do vestido surrado, entre suas coxas arredondadas e macias, ela levava uma faca longa e afiada, que abria pequenos cortes em sua carne conforme andava. Mas ela gostava da sensação de algo frio entre suas pernas, de sentir sua pele abrir e o sangue fluir, quente e pegajoso, deixando suas partes molhadas.


          Uma tempestade de neve se aproximou e caiu sem piedade alguma daquela garota que abria espaço entre a nevasca. Mas ela não era a única. Um solitário lobo humano caminhava por ali também, procurando alguma criatura inocente e burra que poderia ter se arriscado naquelas horas geladas. Como era de se esperar, ele não havia encontrado nenhuma e já se preparava para voltar para sua toca suja quando o vislumbre de uma capa entre os flocos de neve lhe chamou atenção. Seguindo aquele corpo pequeno, coberto apenas por uma capa vermelha e um vestido maltrapilho, o homem reanimou a fé em sua raça e em Deus, afinal ele mandara uma criatura inocente e burra para aquele seu filho mais devotado. Mas mal sabia o homem que a criança que encontrara nada tinha de inocente ou burra. Ela era apenas feia, como o homem pode observar quando chegou mais perto.
          Os passos dele podiam estar sendo abafados pela neve, mas a garota sempre sentia quando olhos famintos queimavam sobre seu corpo. Estava acostumada, as duas coisas que mais vira em sua vida, nos olhos das outras pessoas, fora repulsa e luxúria. Além de desespero e muito medo. Ela estava acostumada àqueles sentimentos, eles faziam muito mais sentido que um olhar úmido de amor, que ela vira tantas vezes estampado na cara de sua mãe quando ela olhava para suas belas filhas mais velhas. Enfim, a garota sabia que estava sendo seguida, mas não parou ou virou para trás, sabia muito bem que os olhos que a observavam podiam ser de um cervo perdido ou qualquer outro animal inocente a beira da morte. Na pior das hipóteses poderia ser um lobo faminto. E, de certa forma, ela não estava errada. Mas não tinha medo do que poderia estar por trás de si.
          Mais passos pesados sobre a neve e o homem ficou impaciente. Seu corpo estava começando a ficar gelado por causa de todo aquele vento em seus ouvidos; se não colocasse logo algo quente entre as suas pernas, seus membros pequenos e roliços poderiam cair de frio. Ele se jogou para frente e, oh, a garota realmente não tinha previsto aquilo. Ela caiu sobre o chão duro com o homem em cima dela e sua cesta voou para longe. Ela pôde ouvir a risada de satisfação dele e sentir o hálito pútrido que saia da sua boca de dentes brancos e brilhantes. O corpo pesado dele fazia pressão sobre o dela, limitando sua respiração, e algo duro a cutucava na bunda, por cima do tecido da roupa, como uma faca. 
          A garota sentiu o homem se mexer em cima dela, ele estava tentando puxar seu vestido para cima. Ela se mexeu em baixo dele e ele soltou um gemido prazeroso. Oh, ele não tinha previsto aquela. Apesar de ser uma garota franzina, ela de alguma forma conseguiu se virar mesmo sobre o peso dele, ficando cara a cara com seu agressor, a mesma coisa dura que pressionava suas costas, agora cutucava a região da sua virilha. Ele ficou enojado com a cara feia dela, mas não reclamou ou se afastou quando ela esticou o pescoço e tocou em seus lábios com a pele deformada onde deviam ser os dela. O homem gemeu de novo, a língua quente dela se movimentando como uma cobra dentro de sua boca. Céus, ele mal podia acompanhar seus movimentos ou conter seu desejo. 
          A coisa dele que a cutucava ficou mais dura e latejante quando ele enfiou a mão debaixo do vestido levantado dela. O homem soltou um “oh” de surpresa ao sentir a carne quente, macia e úmida entre as pernas dela. Ele gemeu quando sentiu a mão fria da garota sobre a sua, pressionado ainda mais seus dedos roliços sobre a pele quente dela. Ele subiu com a mão pela perna dela, até que sentiu algo frio, duro e afiado entre os dedos. Oh, ele realmente não previu essa. A mão fria da garota sobre a dele adiantou-se, pegou a faca e separou a mão dele do pulso. O homem pulou para trás e para longe com o susto, a dor se espalhando por seu braço que agora terminava em um toco e seu sangue se espalhando sobre a neve. Ele continuou jogado sobre o chão, chocado demais para fazer qualquer coisa. 
          O homem observou a garota. Ela estava jogada sobre a neve, o vestido levantado até a cintura, uma das mãos enfiada entre as pernas abertas encharcadas em vermelho e um sorriso largo e cheio de luxúria na cara feia. Ela levou a outra mão, a que não segurava a faca encharcada, para o meio das pernas e pressionou um corte que fizera quando cortara a mão dele. Ela gemeu ao segurar sua própria carne macia e latejante. Tirando as mãos do machucado, a garota pegou com as pontas dos dedos a mão decepada dele e a levou a boca. Ela sugou o lugar onde a mão antigamente se encontrava ao pulso e sua pele enrugada ficou manchada de vermelho. Não satisfeita, ela chupou também os dedos roliços sem vida. 
          O homem sentiu suas calças ficarem molhadas e o meio das suas pernas latejar de desejo. A garota jogou a mão decepada fora ao perceber uma mancha úmida se espalhar pelas calças dele e um volume aumentar e latejar debaixo do tecido molhado. Ela engatinhou até o homem, deixando um rastro vermelho na neve, e curvou-se sobre o corpo dele.
          - Deixe-me ver – ela disse, com sua voz de menininha, encostando a faca na bainha das calças fétidas dele – o que está escondendo de mim.
          A garota cortou o tecido com a faca, e colocou a cabeça entre as pernas do homem. Ele gemeu, desesperado, quando sentiu a boca quente e úmida dela sobre sua pele fria, mas gritou quando os dentes afiados dela se fecharam sobre sua carne, seguidos pela a faca mais afiada ainda. O sangue quente e pegajoso, misturado com mais alguma coisa, escorreu pela sua pele e ele realizou seu desejo de ter algo quente entre as pernas.
          Ao terminar, o rosto da garota, assim como seu colo e todo o seu corpo, estava completamente manchado de vermelho e branco. Ela se levantou, amarrando a faca melada e quente novamente entre as pernas. Ela cutucou o machucado, já cicatrizado, que fizera quando decepara a mão do homem, sorrindo para a fina cicatriz rosada sobre a pele morena. Sacudindo a capa suja de sangue, ela seguiu em frente.


          Um lobo solitário caminhava pela nevasca, procurando alguma criatura inocente ou burra que poderia ter se arriscado naquelas horas geladas. Ele caminhava de forma elegante, o pelo preto coberto de farpas de gelo se agitava conforme andava. Suas quatro patas eram silenciosas sobre o solo duro e suas presas coçavam dentro da boca por carne macia e úmida. Com a nevasca, seu faro estava praticamente inibido, mas ele já se acostumara ao clima daquelas florestas, onde apenas os exilados viviam. Nenhum bando, de nenhuma espécie, vivia entre aquelas árvores permanentemente nuas, cujos galhos lembravam espinhos negros gigantes. Contando apenas com seus olhos e com seus ouvidos, ele vagava a procura de uma presa. No ar, podia-se ouvir apenas o farfalhar dos flocos de neve, mas ao ver pequenas pegadas vermelhas sobre o solo predominantemente branco, a besta sabia que estava no caminho certo.
          Seguindo o rastro de passos de sangue, que rapidamente eram cobertos por enormes flocos de neve, o lobo chegou a uma casinha deplorável, que se escondia por entre as árvores. Guiados pelos passos vermelhos, ele foi até a casa e entrou pela porta aberta. O lobo tremeu quando viu, de costas, uma garota de pele morena e enrugada, usando apenas uma capa vermelha, curvando-se sobre um cadáver de cor azulada. A besta gemeu de pavor quando entendeu, mesmo com sua mente pouco evoluída, que a garota não usava uma capa, mas sim que estava coberta de sangue. Seus cabelos grossos e cheios, que outrora tinham sido pretos, mas que agora estavam pintados de um vermelho cor de sangue, formavam uma cascata densa até cabeça até seus calcanhares, lembrando mesmo a textura de um tecido barato e vermelho.
          Ao perceber a presença do lobo, a garota virou-se de lado para observá-lo, um sorriso deformado formando-se em seu rosto sujo de vermelho. Ela colocou a mão, sem ao menos olhar, sobre o cadáver que a muito tempo fora sua avó, e enfiou o dedo pelo buraco onde há muito tempo ficava seu olho direito. Rapidamente ela retirou o dedo de dentro do corpo, levando-o para frente do rosto e observando a larva que se contorcia, espetada em sua unha. Ela retirou os olhos do lobo por dois segundos, apenas para olhar para o verme e para cesta em seus pés. Encarando novamente o lobo, ela se abaixou com elegância e retirou de dentro da cesta uma torta redonda, do tamanho de sua mão. Colocando o verme delicadamente sobre a massa dourada da torta, ela levou o alimento à boca, gemendo de prazer e de olhos fechados enquanto sentia-o derreter em sua boca. Infernos, sua mãe podia ser uma víbora maldita, mas cozinhava como uma deusa. Era uma pena que ela não apreciasse temperos exóticos como a filha.
          A garota comeu como um animal: de forma rápida e barulhenta, aproveitando cada pedaço. Ao terminar, restos de farinha e de recheio de carne manchavam sua cara já suja de sangue. Ela abriu os olhos, focando-os novamente no lobo. Ainda agachada, colocou as duas mãos sobre o chão, imitando a pose do animal. A garota respirava ruidosamente, as costelas se movimentavam loucamente e o nariz de forma bufante. O cabelo vermelho de sangue caiu sobre sua face quando ela esticou a cabeça em direção a besta, com o rosto virado de lado, olhos emocionados e sorriso largo, de dentes sujos. 
          - Olá irmão! – ela exclamou com prazer, com sua voz de menininha, mas o lobo não pôde responder, pois estava paralisado de medo.



          E aí? Gostaram da minha história? Espero que sim! ;D Não deixem de comentar o que acharam!

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15 comentários:

  1. Perfeitoooo..adoreeei,mal posso esperar pelo proximo =D e as fotos?? uma mais linda que a outra =)
    por mim está super aprovada seu conto!!!

    http://livroaoavesso.blogspot.com.br/

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  2. Olá, Ana.
    Está certíssima sobre compartilhas seus escritos no seu blog. =D
    Achei o texto muito bacana, simples e misterioso. Algumas pessoas pensam que para escrever bem é preciso floreios, mas estão enganadas. Basta ter o mínimo de carisma e já conquistará o leitor.

    Parabéns.
    Que venham muitos outros.


    xoxo

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  3. Ainda bem que não são mais secretas. Muito bom o texto e o final então? Faça mais colunas dessa.

    http://blogprefacio.blogspot.com.br/

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  4. Meu deus, que surpresa que tive ao entrar aqui!! Confesso que adorei o banner novo! A fonte, as imagens, a frase, tudo!! Mas sempre me lembrarei daqui com a Marilyn Monroe, rsrs.
    E sobre o conto... Que talento menina!!
    Me surpreendi no final, foi emocionante, e olha que eu não gosto de contos.. rs. Ótima história, ta perfeito. A forma como narrou, como nos passou os sentimentos. Foi magnífico. Já pensou em escrever livros? Se daria muito bem!
    Parabéns!
    Beijos,
    http://addictiononbooks.blogspot.com.br/

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  5. Oi Ana!
    Mademoiselle parabénss pelo conto!
    Uma releitura instigante, envolvente e beeem interessante.
    A coluna é mágica e foi inaugurada em grande estilo.
    As imagens então são maravilhosas!!!!!
    bjss e sucessooooooo

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  6. Gostei da história, fiquei meio que perdido em uma partezinha ou outra, mas depois de ler mais uma vez entendi \õ

    David - Leitor Compulsivo

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  7. Nossa, que texto macabro. rsrs Perigosa essa menina.
    Mas gostei da criatividade.

    Beijos

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  8. adorei!! e essas fotos, super combinaram com a história!
    muito criativa e diferente suas histórias... gosto quando tem bastante sangue assim hahaha

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  9. Gostei,mas fiquei com medo da menininha muita criatividade a sua sério vai ter continuação ou vai ser um conto diferente?

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    1. Oi,

      vai ser um conto diferente. Mas se a criatividade surgir, quem sabe eu não escrevo uma continuação? ;D

      Bjs

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  10. o.O Menina me surpreendi! Assim que comecei a ler imaginava uma versão romântica e leve, ao me deparar com essa chapeuzinho sanguinária quase cai da cadeira ahaha você escreve muitíssimo bem! Estou encantada, o texto é até mórbido mas me encantou d+. Parabéns, espero ler muitos outros contos por aqui :D

    Beijos,
    Jhey
    www.passaporteliterario.com

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  11. Que medo dessa menina!!! Espero não encontrá-la por ai à noite. Brincadeiras à parte, gostei muito de ver um conto seu aqui. Já era hora de partilhar conosco suas histórias, você escreve muito bem: simples, direto e chocante ao mesmo tempo. Parabéns pela iniciativa. Estou orgulhosa de você.
    Deniz.

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  12. Olá!
    Amei o conto. Ficou uma ótima releitura. Eu também gosto muito dessa personagem.
    Escreva mais e publique aqui pra gente, viu?
    Bjss
    sete-viidas.blogspot.com

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  13. Tenso e muito legal, que estranho! Eu não ia querer esbarrar com essa menina nem tão cedo xD
    Ficou legal.

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  14. Assustador!!! Parabéns!!!
    Muito bom, continue escrevendo... Mais releituras de conto de fadas por favor!!!

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