13.3.13

Resenha: A Filha da Minha Mãe e Eu - Maria Fernanda Guerreiro

Título: A Filha da Minha Mãe e Eu
Autora: Maria Fernanda Guerreiro
Editora: Novo Conceito
Ano: 2012
Páginas: 272
Classificação: 5/5 [ótimo]
Sinopse: Sensível e tão real a ponto de fazer você se sentir parte da família, A filha da minha mãe e eu conta a história do difícil relacionamento entre Helena e sua filha, Mariana. A história começa quando Mariana descobre que está grávida e se dá conta de que, antes de se tornar mãe, é preciso rever seu papel como filha, tentar compreender o de Helena e, principalmente, perdoar a ambas. Inicia-se, então, uma revisão do passado – processo doloroso, mas imensamente revelador, pautado por situações comoventes, personagens complexos e pequenas verdades que contêm a história de cada um.

 

A primeira coisa que Mariana pensou quando descobriu que estava grávida é que, antes de ser mãe, ela precisava entender e rever seu papel de filha. Desde a infância a garota teve uma difícil relação com a mãe Helena, uma mulher rígida que também teve uma infância nada fácil. 

A mãe de Helena traia o marido, o que acabou causando a prisão dele e fazendo com que seus filhos fossem morar com estranhos. Anos depois, já crescida, mas ainda muito jovem, Helena conhece Tito, seu futuro marido e pai de Mariana e Gustavo. O mau relacionamento com a mãe refletiu no mau relacionamento de Helena com a filha Mariana, o que sempre foi reforçado pela impressão que a menina tinha de que a mãe gostava mais do irmão mais velho. 

Mesmo tendo claramente ciúme da relação do irmão com a mãe, Marina tinha um bom relacionamento com Gustavo e, principalmente, com o pai Tito. O grande carinho entre pai e filha, assim como o grande carinho entre mãe e filho, acabou causando em Marina e Helena um círculo vicioso e infinito de afastamento, de modo que as duas sempre acabavam brigando ou magoando uma a outra. 
“Com o tempo, percebi que se minha mãe era a melhor do mundo, às vezes, era a pior também.” (Pág. 14)
Apesar dos altos e baixos, Marina sabia que a mãe a amava e as duas chegaram a se aproximar em alguns momentos, mas nunca superaram as mágoas do passado. Então por isso que, ao descobrir sua gravidez, Marina percebe que é preciso por um fim nisso, o que a fará reviver toda a sua vida mais uma vez, passando por todas as lembranças, das felizes as tristes. 
“Passei boa parte da minha vida alternando entre querer ser igual a minha mãe ou ser tudo o que ela não era. Mas, o curioso é que, em ambos os casos, a referência era a mesma.” (Pág. 203)
Mas Marina não relembra e analisa apenas a sua vida, mas a de toda a sua família, afinal, ela não foi a única que passou por momentos difíceis. Refazendo toda a trajetória de uma família, acabamos por presenciar todos os tipos de situações, todas muito reais, a qual uma família pode ser submetida. Brigas, segredos, traições, divórcios, perseguições, drogas e até mesmo abortos estão presentes na história, além de uma diversidade de sentimentos que vão da alegria a tristeza, do ódio ao amor. Conforme vemos todos os personagens crescerem e amadurecerem ao longo da trama, também somos expostos a uma bela lição de todos os tipos de amor: entre irmãos, entre amantes, entre todos os membros de uma família e, principalmente, entre pais e filhos.
“E foi assim, entre tantos desencontros, que descobri que existiam duas Marianas: a filha da minha mãe e eu.” (Pág. 29) 
“A Filha da Minha Mãe e Eu” é um livro para qual tinha boas expectativas, mas que acabou me surpreendendo. Já sabia que tinha em mãos uma história bela, mas esperava uma trama bem dramática, e, apesar de ser emocionante, o livro não tem nada de dramático ou mesmo entediante. A história não é leve, por causa de seu conteúdo, mas flui com uma facilidade impressionante. 

A escrita em primeira pessoa da autora é simples, condizente com o perfil da protagonista/narradora, mas super bem feita. Um detalhe que me chamou a atenção foi que, mesmo a Marina sendo a narradora e a protagonista, ela também conta as histórias dos outros personagens, como quando seu pai e sua mãe se conheceram, como se estivesse lá, detalhando até mesmo os sentimentos e pensamentos dos outros personagens. Pode parecer meio estranho um narrador personagem agindo como um narrador observador em algumas situações, mas como já disse, achei o toque bem interessante e, até mesmo, inovador. Apesar de ter gostado desse detalhe na escrita da Guerreiro, senti falta de descrições mais completas e, em alguns momentos, de que ela deixasse claro quando tal acontecimento ocorreu. 


Quanto à trama, a autora foi bem realista, explorando situações e personagens reais, mas todos bem amarrados e planejados. Todos os acontecimentos, assim como todos os personagens, tem uma importância para a trama em geral. Todos os personagens tiveram uma personalidade, importância e história própria, gostei do modo como a autora entrelaçou a história deles com a principal, a da Marina. Falando nela, a garota foi minha personagem preferida. Marina é uma personagem aparentemente simples, mas de uma complexidade emocional que praticamente a torna real para o leitor. O mais interessante na personagem é que ela não é apenas uma adolescente amargurada, com o velho drama de “mamãe me odeia”. Pelo contrário, Marina tem consciência do quanto a mãe a ama, e do quanto ela ama a mãe, mas o que não impede suas dúvidas e mal relacionamento com Helena. Além de uma personagem convincente, envolvente e emocionante, me identifique com Marina, afinal, quem nunca teve problemas e um relacionamento um pouco conturbado com os pais? 

A editora fez um excelente trabalho com o livro. A revisão e diagramação estavam perfeitas, não encontrei um erro sequer. Isso sem falar da capa, que além de linda, combina perfeitamente com a história. 

“A Filha da Minha Mãe e Eu” é, além de um livro envolvente e emocionante, uma boa reflexão para todos nós. Em vez de ficar apenas julgando as atitudes erradas e injustas da mãe, dizendo o quanto ela foi uma má mãe, Marina também julgou a si própria, percebendo o quanto foi uma má filha. Acho que todos nós devemos parar para refletir nossos papéis como parte de uma família de vez enquanto, aprendendo a deixar certas de coisas de lado e, principalmente, a dar valor naqueles que amamos e que nos amam, que estão sempre ao nosso lado, independente da situação. 

Recomendo “A Filha da Minha Mãe e Eu” para todos, principalmente para aqueles que gostam de histórias com um teor mais real, que não deixe de nos emocionar e fazer refletir. O livro me lembrou muito "Preces e Mentiras" (Sherri Wood Emmons), "Precisamos Falar Sobre o Kevin" (Lionel Shriver) e
"Um Ano Inesquecível" (Ronald Anthony), outros belíssimos livros que super recomendo.
“Mesmo sem conseguir ver seu rosto, pude sentir que, naquele instante, nascia na minha mãe o maior sorriso do mundo. Um sorriso que eu nunca veria, mas que eu tinha certeza que existia. Assim como seu amor por mim. E, o meu, por ela.” (Pág. 272)
 

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9 comentários:

  1. Oii Made,
    nossa, você acredita que desde que este livro lançou eu quero lê-lo?
    cheguei até a participar de um booktour dele, mas nunca recebi :(
    quero muito ler ele e os livro que você sitou ser parecidos...
    parece ser um livro bom marcante!

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  2. Olha eu aqui, depois de tantos meses, mas voltei. Bem o livro não faz o meu gênero literário, não sou muito fã de livros assim. Mesmo com a sua resenha ótima, não deu muita vontade de ler. É tudo uma questão de gosta. Tem post novo lá no blog, passa lá. Esperando sua visita.

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  3. Nunca li esse livro e por enquanto ele não chamou tanto a minha atenção :(
    Gostei de sua resenha ><
    Um beijo.
    http://livrodagarota.blogspot.com.br/

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  4. Oiii!
    Faz séculos que tenho esse livro mas nunca peguei para ler. Que bom que ele superou suas expectativas, 5 estrelinhas não é pra qualquer livro. Devia ter lido ele!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  5. Oi flor, eu li esse livro e adorei, e concordo com vc em como é uma boa reflexão...

    beijos mila
    http://www.dailyofbooks.blogspot.com.br/

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  6. Está na minha lista de leitura, já falei antes em outras postagens que eu gosto de um livro com um pezinho na realidade também
    Não vale só ler borboletas néh? Kkkkkk temos que ler algo que nos impacte também
    *------*
    Bjs

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  7. Eu amei a temática desse livro: o relacionamento entre mãe e filha, que por vezes é tão complicado! Espero poder lê-lo em breve! :)

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  8. Ainda não li o meu, mas achei a história desse livro bem fofa. Ah, e a capa dela me lembrou minha mãe Oo

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