¿Como están?
Hoje apresento Álvares de Azevedo. Conhecidíssimo de nossas aulas de literatura quando estudamos o Romantismo no Brasil. Álvares e suas famosas Lira dos vinte anos e Noite na Taverna.

Nosso eu lírico tem consciência de que a mulher que ama não é perfeita. Continua apaixonado, porém, é um amor concreto, tocável...
Os versos que seguem possuem um ritmo que, se pudermos ouvir, ao invés de ler, conseguimos ter um movimento juntamente com as palavras pronunciadas (adoro poemas assim). Vamos descobrindo a mulher amada juntamente com o homem apaixonado. O homem que a ama tal como ela é. Perfeita na sua imperfeição... "É ela! É ela!"... ele diz ao adentrar seus aposentos simplórios... Nada de deusa. Apenas um Homem... Apenas uma Mulher...
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou — é ela!...
Eu a vi... minha fada aérea e pura,
A minha lavadeira na janela!
Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas...
Eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...
Oh! De certo ... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores!...
São versos dela... que amanhã decerto
Ela me enviará cheios de flores...
Trem de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! é ela! — repeti tremendo,
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!
Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim mais bela... eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!
É ela! é ela! meu amor, minh’alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou — é ela!
¡Hasta!
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Álvares de Azevedo (12/09/1831 - 25/04/1952), escritor da segunda geração romântica. Contista, dramaturgo, ensaísta e, claro, um grande poeta.
Oie!
ResponderExcluirAdoro os poemas de Álvares de Azevedo... Gostei da escolha, por favor, poste mais poemas dele se puder :)
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Ahhh *_* eu amo ver poesias em blog, adoro ver que pessoas se interessam por poesia.
ResponderExcluirEu adoro a poesia do Álvares de Azevedo. Amo toda a poesia romântica e ultra-romântica. Parabéns pelo post!
Eu até gostei de estudar sobre o romantismo na escola por causa da estoria mas não curto muito versos românticos
ResponderExcluirbjos
Poesia eu não curto muito, mas não deixam de ser bonitas *-*
ResponderExcluirBjokas
Flávia - Livros e Chocolate
Sensacional, não sou muito adepto a poesias.
ResponderExcluirMas acho super legais ;D
Sou suspeita de falar do Alvares de Azevedo... Leio A Lira dos Vinte Anos tanto, que já sei muito dos poemas hahaha.
ResponderExcluir*-*
Adorei o post!
Bjs.
Eu sou uma romântica (mas não daquelas melosas) eu gosto do romance mais realista e deve ser por isso que amava ler Álvares de Azevedo, Mário Quintana e Vinícius de Morais na minha época de Ensino Médio :)
ResponderExcluirFoi bom reler algo do Álvares de Azevedo
Post sensacional
Bjs
Me lembrei do tempo de escola que eu tinha que ler Álvares de Azevedo por obrigação.. Agora eu leio por prazer..
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