Cancioneiro #3 "Versos íntimos"

¡Hola!

Faz um tempinho que não publico o Cancioneiro, né?! Então... ele volta...

E volta em um tom bem obscuro...

Há quem ache que poesia é só para dizer "Te Amo!" ou enumerar os dores do Amor... 

Poesia é Arte... e Arte é representação de Emoções...

Algumas Emoções não podem ser transmitidas com versos "bonitinhos" e cheios de "coraçõezinhos"... Há quem escreva sobre Loucura, Morte, Dor, realmente...

Hoje, trago para vocês Augusto dos Anjos, um poeta brasileiro, pré-modernista, altamente admirado por seus escritos excêntricos e seu belo jogo de palavras. Famoso por abordar temas como dor, horror, morte, inquietação filosófica, uma escrita cientificista, hermetista, uma poética carnavalizada, onde apresenta o "Evangelho da podridão", "verme", "matéria em decomposição", “cloaca”, "escarro", “miséria”, “grito”, “horrenda”, “alegre” e "sangue"... Nossa, é melhor parar de sequenciar essas expressões...

É Augusto dos Anjos não media palavras na hora de expressar os sentimentos mais profundos e grotescos da matéria humana. Ironicamente, seu nome nada tem haver com seus escritos... Sabe quando se lê algo que te causa sensações estranhas, mas quanto mais se lê, mais se quer saber?! Pois assim é o poeta...

Foi tachado, em sua época, como o poeta do “mau gosto”, por seu vocabulário nada sutil. Nunca deixou de lado o pessimismo, e utilizava, também, de suas poesias para criticar as atitudes da raça humana...Tem sua escrita próxima à do famoso escritor americano Allan Poe (meu preferido, claro)...

Foi difícil encontrar um poema não muito “nojento”, por assim dizer, de Augusto dos anjos... Escolhi “Versos Íntimos”, que traz um título belo e uma temática que, se pararmos para pensar, realmente, o poeta tem total razão.

Por que tanta indiferença entre as pessoas, tanta discriminação, arrogância, avareza, se no fim, todos vamos participar da mesma decomposição? Em quem confiar? Para quem se entregar? Todos temos dois lados, duas personalidades contidas por trás de nossas máscaras... e todos temos! Não há como negar, fingir, se fazer modesto...

Versos Íntimos 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável 

Enterro de tua última quimera. 

Somente a Ingratidão - esta pantera - 

Foi tua companheira inseparável! 

Acostuma-te à lama que te espera! 

O Homem, que, nesta terra miserável, 

Mora, entre feras, sente inevitável 

Necessidade de também ser fera. 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro! 

O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 

A mão que afaga é a mesma que apedreja. 

Se a alguém causa inda pena a tua chaga, 

Apedreja essa mão vil que te afaga, 

Escarra nessa boca que te beija!

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Augusto dos Anjos (20 de abril de 1884 —12 de novembro de 1914). Um poeta de difícil classificação nas escolas literárias. Por sua sonoridade poética é classificado como Simbolista. Seus poemas tem ritmos, parecem dançar aos nossos olhos. Como aborda o cientificismo, alguns o classificam como Realista/Naturalista. Por seu esmero e cuidado na métrica, pode, também, ser considerado Parnasiano. Mas, por sua inovação em todos os aspectos, prefiro dizer que é pré-modernista.

Enfim, Augusto dos anjos é um tudo... dentro de um poema...

Seus poemas podem ser encontrados no livro “Eu e outros poemas”, em algumas edições também é possível encontra-lo como “Eu e outras poesias”...

¡Hasta, porque hoy há sido demasiado grotesco!

En lo próximo cancioneiro vamos hablar de Amor, Pasión... las cosas que hacen mover el mundo y que mucho nos encantan y enamoran...